— Acabei de ter uma ideia! — exclama com animação. — Na verdade, duas ideias.
Ela se vira para o banco traseiro, procurando algo.
Viro-me para ajudá-la.
— O que procura?
No minúsculo espaço entre o banco e a caçamba há tantas coisas que não consigo imaginar o que ela busca.
— Meu violão — responde enquanto enfia a mão no canto direito. — Está aqui. Segure essa caixa... — pede, tirando vários objetos. E, logo, ela puxa o instrumento. — Ah! Sabia que não tinha levado para casa. — Já que estamos aqui, se importa se eu...
— Claro que não.
Na verdade, acho que não seria uma boa ideia para o meu psicológico.
Ela sorri e passa a mão sobre o violão para tirar a poeira. Toca devagar alguns acordes e o afina com cuidado.
— Qual é a outra ideia?
Ela indica com o rosto o vinho entre a gente.
— O vinho?
Ela concorda.
— Podemos beber. Depois te dou outro de presente.
— Ah, não por isso. Mas — ergo a minha mão. — Não trouxe um abridor comigo.
Aurora sorri. Um sorriso arteiro e ajeitando o violão ao lado, se vira para trás novamente.
— Toma. — Ela me entrega o objeto e eu arregalo os olhos. — Não fique com essa cara. As mulheres têm de tudo dentro de um carro.
Ela sorri e volta a colocar o violão na posição correta enquanto eu abro o vinho.
— Alguma sugestão? — pergunta.
— Terei um show particular? — pergunto, fazendo força para puxar a rolha.
— É. Acho que sim.
Abro a garrafa.
— Como vamos... — Eu iria falar que não tinha taças, mas ela pega a garrafa da minha mão e bebe no gargalo um gole e depois, estende para mim.
— Talvez isso nos aqueça um pouco — falo, esfregando as mãos para esquentá-la, antes de pegar e beber um pouco.
— Filipe! Está com frio? Eu estou com o seu casaco. Só não posso tirá-lo agora...
Ela estende a mão e pega a sua blusa que está estendida sobre o painel do carro. Eu havia me secado nela.
— Não! Nem pensar — digo.
— Procurei por um casaco nessa bagunça — indica a parte de trás. — Mas não encontrei. Quem errou de vir de camiseta sem trazer um casaco fui eu. Não é justo você sentir frio.
— Jamais deixaria você sentir frio. Eu aguento.
— A temperatura caiu muito, Filipe. Deve estar uns 10 graus e você está molhado.
Pisco algumas vezes. Não sei o que ela tem em mente.
De repente, ela chega mais perto, encostando a sua perna direita na minha esquerda.
Seus olhos me questionam.
— Precisamos ficar perto — murmura bem próximo. — O vinho vai ajudar. Calor do corpo também ajuda. Tudo bem?
Apenas faço que sim com a cabeça, sem me mover demais diante da sua aproximação.
Seu nariz e bochechas estão rosados por conta do frio. Sua calça e seus cabelos também estavam encharcados. Bebo um grande gole do vinho e ela faz o mesmo.
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QUE ASSIM SEJA, AMOR
RomanceComo pode o mais belo amor ser proibido? Um amor impossível e duas pessoas dispostas a lutar contra o mais profundo dos sentimentos. - OBRA REGISTRADA. Plágio é crime.