Capítulo 7 - FILIPE - parte III

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Sozinho no quarto, eu decido pedir perdão a Deus por estar com uma mulher por tanto tempo na cabeça, perdão por sentir meu coração bater mais forte e por estar tão ansioso para vê-la novamente.

Deus, perdoe-me.

Coloco a batina para participar bem cedo da missa do padre Giovanni.

A cidade pode ser pequena, mas a Igreja Matriz São Francisco de Assis, não. Ela fica no centro da cidade de Monte Belo do Sul e tem um estilo neoclássico admirável. O interior da construção é belíssimo, com uma riqueza de detalhes que emana a paz, destoados apenas pelo badalar do sino.

 O interior da construção é belíssimo, com uma riqueza de detalhes que emana a paz, destoados apenas pelo badalar do sino

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A missa estava cheia para um belo domingo de manhã e isso me impressionou

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A missa estava cheia para um belo domingo de manhã e isso me impressionou. Padre Giovanni reza a missa da maneira mais sucinta e preguiçosa possível. Percebo algumas pessoas cochilarem nos bancos e as pessoas que não adormeciam me observavam.

Assim que acaba, padre Giovanni me apresenta a várias pessoas, desde o prefeito até as professoras da cidade. As senhoras de ontem, inclusive Fátima, mãe de Aurora, também estavam ali. No final, com a igreja vazia, sentado no último banco, vejo Pablo.

Vou até ele e, assim que me vê chegando perto, ele sorri.

— Quer dizer que é verdade? — diz, olhando a minha roupa.

Abro um pouco os braços.

— Acho que sim.

Cumprimento-o com um aperto de mão e sento-me ao seu lado.

— Olha o que fez, Filipe! Fez o povo todo vir à igreja.

— A missa não fica cheia assim?

Ele nega com a cabeça.

— Acho que você está fazendo história em Monte Belo.

— Espero que isso seja uma boa coisa.

Com o boné na mão, ele se levanta para ir embora. Meio loiro, ele tinha todos os trejeitos de um típico gauderio.

— Ei, Filipe, acho que temos a mesma idade. Então, se quiser papear, beber um vinho... — ele sussurra quase em meu ouvido a última opção. — Apareça lá no bistrô. Hoje à noite teremos o cantor de volta. Não é como a Aurora, mas quebra o galho.

Certeza de que não seria igual a ela.

— Está tudo bem com vocês? — Não sei por que faço essa pergunta.

— Está. Acho que está. Conversamos ontem e... — Ele respira demoradamente. — Vou mostrar para ela que eu sou o homem da sua vida.

Sua afirmação tão incisiva me faz apenas concordar com a cabeça. Aurora tinha tantas objeções.

— Vim pedir ajuda de Deus. Será que pode me dar uma benção, padre?

Olho para ele quase incrédulo com o pedido.

Pedi tanto a Deus na noite anterior para deixar longe tudo o que me faria perder o foco, que acabei sonhando com Aurora. Eu a via na praça. Era como se revivesse minha primeira noite na cidade. Confesso que acordei sem ar.

Afasto os pensamentos, coloco a mão em sua testa e o abençoo, com todo o amor e respeito que tenho pela Santa Igreja.

Ele agradece e vai embora feliz. Ajoelho-me sobre o genuflexório para rezar até me sentir satisfeito. Rezar até me abster do pecado que me rodeava desde o primeiro momento que cheguei.

E quando eu me recordo dos olhos dela, saio de órbita.

Deus, tenha piedade de mim.

QUE ASSIM SEJA, AMORWhere stories live. Discover now