Capítulo 8 - AURORA - Parte II

1.5K 426 44
                                    


Aperto o botão vermelho várias vezes até conseguir desligar.

Merda!

Xingo baixinho algumas vezes antes de jogá-lo contra a parede e alguns segundos depois o celular bipa.

Nova mensagem.

"Pensei que estivesse esquecido de mim."

Feliz em saber que não.

Fica feliz. Feliz, feliz...

É muita felicidade para um homem só.

"Desculpe, meu celular é doido.

Você está pronto para hoje à tarde?"

"sim."

"Às 14 estarei aí."

"Combinado. 😊"

Meu celular pode até ser doido, mas eu sou mais ainda, porque novamente clico na foto do homem. Dessa vez ela abre como deveria ser.

Filipe está de perfil com uma blusa de gola verde escura, óculos escuros ray-ban em uma praia belíssima e com um sorriso sedutor mostrando suas covinhas.

Não existe padre assim! Pelo amor...

Aquele Filipe alto, gato? É! Esse mesmo, Giulia.

Imagino o quanto de mulher esse homem não deve ter em cima dele. Isso o torna ainda mais padre. Ah, torna!

Sorrio sozinha, me sentindo uma idiota.

Inspiro demoradamente controlando meus ânimos proibidos.

Tomo um banho rápido, coloco uma calça jeans clara, uma camiseta do Rolling Stones, deixo o cabelo solto, passo um rímel, um bush rosado e um batonzinho claro. No pé, um All star preto. Olho no espelho do quarto e ajeito o meu pingente de lótus.

Fico feliz com o resultado.

Pego meu celular, bolsa e a chave do Sun e encontro Otto sentado à mesa.

— Vai sair? — pergunta Otto, ajeitando a sua bengala ao lado da mesa, quando me vê arrumada.

— Vou — mostro um sorriso, coloco a bolsa sobre uma mesinha de canto e sento-me à mesa também.

— Eu disse que você...

— Não vou trabalhar, Otto — completo, revirando os olhos, colocando o guardanapo de pano no colo.

Minha mãe e Giulia aparecem trazendo travessas do almoço.

— Pergunte a senhora Fátima o que eu vou fazer, Otto — indico a mamãe com a cabeça.

Ela ajeita tudo na mesa e sorri, juntando as mãos. Quase em uma reza.

— Aurora irá passear com o padre.

Falando assim parecia algo simples e muito angelical. Quase ouço o cântico dos anjos.

Não!

Eu iria passear com um padre lindo. Essa era uma diferença bastante gritante.

Giulia se senta e, sem que minha mãe veja, se abana com a mão.

— Ela achou que as minhas férias ficariam mais interessantes fazendo esse programa de índio.

— Pensei que não se importaria, minha filha — diz minha mãe. Às vezes ela é sonsa. — Você sempre gostou de ajudar as pessoas e o padre é seu amigo.

QUE ASSIM SEJA, AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora