Capítulo 13 - FILIPE - Parte I

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FILIPE


"Por seus frutos os conhecereis.

Porventura colhem-se uvas dos espinheiros,

ou figos dos abrolhos?"

Mateus 7:16


Estou correndo o mais rápido que posso. Não sei se já passei do limite da cidade. Olhando para os lados percebo que fui além do que havia ido nos últimos dias. Apenas parreiras carregadas de cachos de uva estão ao meu redor, mas continuo na tarefa animadora de ir o mais rápido que posso.

Estou agitado. Não dormi quando cheguei. O cochilo tirado dentro do carro foi o suficiente para não me deixar cansado.

Por sorte, o padre Giovanni não havia saído do quarto cedo quando cheguei e não precisei ter que lhe contar todo o contratempo da noite passada. Na certa isso não o deixaria feliz.

Assumi como minha missão divina a tarefa de rezar assim que fiquei sozinho no meu quarto, mas o rosto de Aurora preso na minha cabeça não me permitiu. Todas as vezes que fechava os meus olhos, ela vinha em minha mente como uma canção da música favorita. Ainda conseguia ouvir a música que cantou. Estava difícil desfazer esses pensamentos e, por isso, desisti da reza e me forcei a correr para esvaziar a mente.

A proposta havia sido feita, mas fracassada. A cabeça estava mais cheia do que nunca ao relembrar cada momento e cada conversa que tivemos ontem. Ainda consigo sentir o cheiro dos seus cabelos próximo a mim. Tal lembrança reflete minha motivação enquanto mantenho ainda mais potência na corrida.

Sinto ir até o meu limite. Até que, exausto, eu paro. Sufocado. Eu me apoio nos joelhos, buscando o ar em meus pulmões.

O que está acontecendo comigo?

Permaneço assim por alguns minutos, recuperando a normalidade dos batimentos cardíacos.

Endireito meu corpo completamente e olho para o céu.

— O que você espera de mim? O que quer que eu faça com essas lembranças, senhor?

QUE ASSIM SEJA, AMORWhere stories live. Discover now