Prólogo - FILIPE

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FILIPE

"E sabemos que todas as coisas contribuem

juntamente para o bem daqueles que

amam a Deus, daqueles que são chamados

segundo o seu propósito."

Romanos 8:28

Anos atrás

Aos 9 anos de idade

O suor escorre lentamente pela minha nuca, fazendo cócegas em mim. Poxa, eu não queria estar aqui.

Fecho o caderno de História sem terminar meu dever de casa e olho disfarçado para a cozinha. Talvez mamãe não esteja me vigiando.

Lá fora meus amigos gritam e jogam bola na rua. Até contei junto com a Milena até 30 quando ela começou o pega-pega. Eu queria estar lá!

Devagarzinho, e sentindo uma dorzinha na barriga de tanto nervoso, espio a cozinha. De lá só vem o zum zum da panela de pressão e o cheiro do feijão.

Mamãe não deixaria a panela no fogo para me ver responder questionário sobre o Tratado de Tordesilhas.

A Milena tinha dito que a melhor hora para escapar era essa. Quando as mães estão ocupadas demais com o almoço.

Sem fazer barulho, coloco o lápis dentro do caderno encapado com plástico quadriculado verde, fecho-o e o empurro de lado. Eu estava pronto para pôr em prática o plano infalível da Milena. Se dá certo com ela, vai dar certo comigo!

Olho para a porta da sala e calculo quantos passos eu preciso dar para chegar lá. Serão poucos. Sorte a sala ser minúscula.

Um, dois, três... olho para a porta da cozinha sentindo um calafrio subir pela espinha. Isso estava parecendo um daqueles filmes que passa na TV. Escuto um grito alegre da minha amiga lá na rua. Quatro...

— Filipe! — A voz da minha mãe surge detrás da pequena bancada que separa a sala da cozinha, e isso me faz pular de susto.

Pego no flagra.

Decepcionado, volto a me sentar no sofá.

— O que está fazendo? — Ela ajeita o pano de prato sobre o ombro esquerdo e se senta ao meu lado

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— O que está fazendo? — Ela ajeita o pano de prato sobre o ombro esquerdo e se senta ao meu lado.

— A senhora disse que ia me deixar brincar na rua. Está todo mundo lá fora...

— Disse sim, mas você, mocinho, precisaria terminar todas as suas tarefas. Por acaso já terminou?

Culpado. Eu sei que sou culpado.

QUE ASSIM SEJA, AMORWhere stories live. Discover now