Tom e Ann

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Há poucos anos, Diana, a filha de 21 anos de Tom e Ann, teve
uma convulsão e eles a levaram para a emergência. Exames indi-
caram um tumor no cérebro. Nesse momento, começou o pesa-
delo da busca por segundas e terceiras opiniões, de ausências do
trabalho, de providências para decidir hospital e cirurgião e
todos os outros problemas que uma crise desse tipo envolve.
Não apenas porque eles eram amigos, mas também porque
eram pais amorosos e profundamente espirituais, estávamos
seriamente interessados no que enfrentavam e na maneira como
tratavam da situação. Tom é médico e Ann sua auxiliar no con-
sultório. No início, os dois só conseguiam pensar em descobrir
um tratamento para o tumor. Contudo, depois de alguns dias,
decidiram reexaminar seu objetivo. Em parte, porque percebe-
ram que seu pânico e terror só pioravam o sofrimento de Diana.
Depois, porque fizeram o que chamaram de "um exame piedoso
de seus corações" e resolveram amar Diana com cada fibra de
seu ser, dedicando-se inteiramente à paz e à felicidade da filha.
Embora tenham tomado todas as providências necessárias
para que a filha fosse diagnosticada e tratada corretamente, sua
atenção já não era mais a recuperação de Diana. Eles sabiam que
muitos resultados eram possíveis, entre os quais a morte, diver-
sos graus de incapacitação ou uma completa recuperação. Disse-
ram-me que haviam observado que algumas pessoas só se voltam
para Deus quando estão muito doentes ou quando estão mor-
rendo. Conheceram pessoas que agradeciam por suas deficiên-
cias — por tudo o que haviam aprendido com a experiência. Em
outras palavras, Tom e Ann perceberam que não estavam em
posição de escolher o melhor tratamento para sua filha e, acima
de tudo, que não poderiam controlar os fatos.
É muito difícil explicar esse tipo de situação para alguém que
não passou pela experiência. Pode parecer que a pessoa não está
se importando, mas a verdade é que Tom e Ann não hesitavam
em enfrentar médicos e enfermeiras se achassem que sua filha
não estivesse sendo bem-cuidada ou alguém estivesse come-
tendo um erro.
Qualquer pai ou mãe normal se preocuparia seriamente com
um tumor no cérebro da filha. A luta pela recuperação de Diana
simbolizava seu amor mais do que qualquer outra possível ação.
Isto não significava que a meta de seu coração e o centro de seus
pensamentos alterasse o organismo da filha. Ao contrário, trazia
conforto ao espírito dela.

Recusar-se a fazer do controle a principal meta não sig-
nifica cumprir as tarefas e deveres com indiferença
ou descuido. Se o objetivo é a consciência, todas as coi-
sas devem ser feitas com atenção. Se o objetivo é a inte-
gridade, tudo deve ser feito meticulosamente. Se o objetivo é o amor, tudo deve ser feito com cuidado, atenção
e beleza.

A situação no início era tão apavorante que Tom e Ann
decidiram se concentrar na felicidade de Diana. Gradualmente,
começaram a sentir sua união com a filha e, em pouco tempo,
uma profunda paz que os conduziu pelas semanas de exames e,
enfim, à operação, que foi bem-sucedida. Diana voltou à univer-
sidade e às atividades desportivas.

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