Libertação 2

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Basta um dia para você provar a si mesmo a eficácia deste exer-
cício — uma ferramenta que poderá ser utilizada com grandes
resultados pelo resto de sua vida e que, na verdade, ilustra muitos
dos conceitos fundamentais deste livro. Entre eles, o de que nosso
ego é nosso desejo de estarmos sós, que a experiência de estar
conectado ou em comunhão com alguém ou alguma coisa neutrali-
za o nosso ego. E de que a sinceridade (o foco, o compromisso) é
a chave para nos desapegarmos com sucesso de qualquer coisa.
• Identifique uma linha de pensamento que esteja atormen-
tando-o.
Isso é fácil. Talvez as duas preocupações mais comuns sejam
algo que vive nos incomodando ou alguém com quem discutimos
até em pensamento. A primeira diz respeito ao futuro: um medo
do que pode acontecer. A segunda diz respeito ao passado:
angústia em relação ao comportamento de alguém ou em relação
à maneira como algum acontecimento se desdobrou.
É importante observar que as reações dos outros são o centro
de nossa preocupação. Nossa mente não se prende a situações. Se
fazemos algo realmente tolo enquanto caminhamos, podemos até
rir disso, mas não vira uma idéia fixa — a menos, é claro, que o
erro fique evidente quando retornamos. Nosso ego funciona de
forma repetitiva, aumentando a distância entre nós e os outros:
• Da próxima vez que você notar que está entrando na linha de pensamento que você já identificou, interrompa-a (sim-
plesmente não a complete).
• Na seqüência, pense em qualquer coisa que tenha a ver com
amor ou união.
Pense no seu cachorro, no jardim, no parceiro(a), nos filhos,
nos amigos, num parente carinhoso ou mesmo em Deus. Aben-
çoar, rezar ou mentalizar na pessoa que é objeto de sua preocu-
pação também é uma energia muito forte. Contudo, se os seus
pensamentos estiverem muito perturbados, você não terá forças
para isso — neste caso, identifique o pensamento, interrompa-o
e desvie seu foco para alguma imagem amorosa. Faça isto e você
verá como é fácil desconectar uma linha de pensamento pertur-
badora. Em geral, um pensamento qualquer de união também
resolve a questão.
Acreditamos que não é possível deixar de nos preocupar ou
de emitir julgamentos, como se fosse possível combater essa
intensa atividade mental nos revoltando contra nós mesmos
ou procurando reinterpretar a situação. Para muitas pessoas,
esta é uma abordagem mais delicada e racional do tema, mas,
no fundo, o resultado é o mesmo: introduzimos uma nova in-
terpretação para combater a primeira e assim dividir a nossa
mente.
A verdade é que jamais acreditamos completamente nessa
reinterpretação ("Ele provavelmente não queria ferir meus sen-
timentos; apenas gritam muito com ele no trabalho" ou "Ela tal-
vez não estivesse tentando me tapear, apenas tem medo de não
conseguir fazer o que tem de fazer..."), o que obriga nossas
mentes a intensas idas e vindas, procurando decidir de que lado
examinar a questão.
Enquanto isso, a linha de pensamento ansiosa ou crítica continua. A certa altura, desistimos dela e resolvemos simplesmente
agüentar a perturbação, na esperança de que logo ela terminará.
E assim passamos horas ou dias infelizes. Mas a coisa não acaba
aí. Assim que uma preocupação se esgota, outra assume seu
lugar. Por isso, aprender a deixar para trás os problemas é tão
fundamental para nossa felicidade e paz de espírito.
Uma vez que você já sabe que qualquer pensamento pertur-
bador pode ser dissipado, o problema então se desloca para o
fato de que, daqui a três minutos, uma hora ou um dia, o pensa-
mento obsessivo vai voltar. De onde ele vem? Ora... ele é produ-
to de nossa mente poluída, que daqui para a frente chamarei de
"ego". Seu objetivo é colocar-se à parte, ser diferente e parti-
cular — o ego considera a união uma inimiga mortal.
Pensamentos de preocupação e/ou de agressividade levam à
sensação de isolamento. Quanto mais os buscamos, mais isola-
dos nos sentimos, e assim saciamos o principal objetivo de nosso
ego. Portanto, para abandonar permanentemente um pensamen-
to negativo, temos de estabelecer um objetivo de união e inte-
gridade mental.
• Planeje a resposta para a próxima vez que o seu ego apre-
sentar essa linha de raciocínio.
Sua resposta precisa ser breve e direta. Interrompa o pensa-
mento e inunde de luz a pessoa sobre a qual mantinha fantasias
de vingança... ou pense como o novo gatinho é engraçado. Qual-
quer pensamento que de alguma forma seja amoroso, feliz ou
pacífico é suficiente já que seu ego não quer que você se dedique
a esse sentimento.
• Repita silenciosamente: "Não importa quantas vezes o meu ego
repetir este pensamento, resistirei. Se ele trouxer este pensa-
mento mil vezes, responderei mil e uma vezes como planejei."
Quando o ego perceber que você mentalizará a pessoa na luz
sempre que algum pensamento perturbador surgir, ele mudará a
linha de raciocínio. Ele ainda vai testar a sua sinceridade algumas
vezes, mas vai acabar desistindo, acredite!
Quando percebo que não estou aplicando com firmeza as
etapas mencionadas (identificar o pensamento, interrompê-lo,
pensar num assunto ligado ao sentimento amoroso e de união,
criar um plano para quando o pensamento retornar), tento me
dedicar a um momento de reflexão e, conscientemente, parar
de me torturar, de abalar a minha paz e de me colocar numa
posição de confusão mental em que não faço o bem para aque-
les a quem amo.
Acima de tudo, é preciso considerar as pessoas envolvidas
com delicadeza e compreensão, sem nenhuma censura. Talvez
não se atinja esse distanciamento, especialmente se estivermos
furiosos com elas. A questão que se coloca é a mesma: será que
realmente quero caminhar em direção à paz ou me afastar dela?
Atitude 2: Não se preocupar é arriscado, talvez perigoso
O velho ditado diz que um dia é da caça... e o outro do caça-
dor. Dizer que alguém é feliz e tem sorte é quase o mesmo que
dizer "como o diabo gosta" — e todo mundo sabe o que acon-
tece com aqueles que não estão nem aí para o diabo. A palavra
feliz, às vezes, é usada no lugar de "despreocupado", "louco",
"desprovido de bom senso" ou "irresponsável". Muitas crianças
foram criadas ouvindo esse tema em histórias como a fábula da
cigarra, que passava o verão cantando, e a sábia formiga, que pas-
sava o verão juntando o alimento para o inverno (e, mais tarde,
teve o prazer de recusar ajuda à faminta cigarra, só para mostrar
o quanto estava certa!).
é capaz de uma consciência ampla e firme, no mínimo, porque
está menos distraída. Diante dessa perspectiva, pode-se dizer
que a mente preocupada está desprotegida, dominada pela an-
siedade, enquanto a mente tranqüila pode avaliar a situação de
modo mais rápido e preciso. Por isso mesmo tem mais chances
de impedir um perigo iminente.
Atitude 3: As preocupações são intuitivas ou previsíveis
Neste livro, estamos examinando o que limpa a mente, facili-
ta a concentração e a torna íntegra em relação ao que tira sua paz
e sua tranqüilidade. É pura tolice a idéia de que se deve conviver
com a mente agitada porque isso facilitaria a realização de algu-
ma premonição.
Pode até ser que, em algumas ocasiões, a intuição apareça mis-
turada com a preocupação, mas não há uma maneira confiável de
verificar isso. E é interessante observar que as pessoas preferem
simplesmente ignorar as "premonições" que não se confirma-
ram. Muitos pais tomam decisões com base em preocupações.
Eles endurecem a respeito de determinados comportamentos
porque receiam o que possa acontecer a seus filhos. Embora aqui
e ali algumas previsões se mostrem verdadeiras, em geral esse
tipo de disciplina tem resultados negativos.

Se o objetivo é descobrir que estado mental é mais intui-
tivo, a preocupação deve ser eliminada logo de início,
por ser inconsistente.

Como muita gente já percebeu que os medos não são intui-
tivos, até mesmo essa constatação se tornou motivo de preo-
cupação. Você já deve ter ouvido falar que "são justamente as coisas que não nos preocupam que acontecem"? Tomar essas
palavras ao pé da letra significa que, quanto mais preocupado
você é, menores são suas chances de que as coisas se tornem
realidade. A contrapartida aparece em outro ditado: "Só porque
você tem fobia de voar não quer dizer que seu avião vá cair!" Ou
seja: a preocupação é um jogo em que não há vencedores.

Não Leve a Vida Tão a sérioWhere stories live. Discover now