Duas semanas antes do incidente relatado, um casal me contou que seu filho de nove anos fora brincar com algumas criançasdo outro lado da rua e uma meninazinha de cinco anos, derepente, lhe deu um pontapé. Numa reação, por reflexo, o menino atingiu a boca da menina, fazendo cair um dente de leite quejá estava solto. Quando o pai e a mãe da menina viram a filhachorando, com a boca sangrando e segurando o dente na mão, omenino já havia atravessado a rua. Furioso, o pai foi atrás domenino, levantou-o no ar pela gola e sacudiu-o. Depois arrastou-opara seu lado da rua e gritou com ele durante muitos minutos
para seu lado da rua e gritou com ele durante muitos minutos.O casal me contou que, ao descobrir o que havia acontecido,primeiro examinou cuidadosamente o filho para ver se ele estava bem física e emocionalmente. Depois, o impulso dos dois foiatravessar a rua e devolver o ataque ou, como eles disseram, tentar sentirem-se melhor fazendo o outro sentir-se pior.
É interessante que, em situações que envolvem nossos filhos,quando o desejo de devolver um ataque é examinado em minúcias, vemos que o que nos faz reagir é principalmente indignaçãopela maneira como a criança foi tratada. E não necessariamenteum desejo de melhorar o bem-estar dela. De alguma forma, ospais do menino conseguiram parar e refletir sobre como poderiam realmente ajudar seu filho. Em primeiro lugar, fizeram-nosaber que, embora ele houvesse cometido um erro, o pai da menina cometera outro. Resumindo, disseram que estavam a seulado. Foi preciso mais de uma hora para os três decidirem tranqüilamente o que desejavam fazer. Depois de algum tempo,chegaram a um plano com que todos concordaram.
A família atravessou a rua e tocou a campainha. A mãe abriua porta pronta para uma briga. Eles apenas disseram o quantogostavam da menina, o quanto apreciavam aqueles vizinhos e oquanto lamentavam o incidente. Conforme haviam planejado,não disseram uma palavra sobre o que seu marido fizera. Derepente, a mãe da menina começou a chorar e a pedir desculpaspela maneira como seu marido tratara o menino. Evidentemente, a reação da mãe depois de abrir a porta poderia ter sido completamente diferente. Ela poderia ter recusado as desculpas,poderia ter batido a porta na cara dos vizinhos, poderia tentarprocessá-los ou chamar a polícia.
Os pais do menino uniram suas mentes em torno do amor pelofilho para fazerem o melhor. Conseguiram acalmar o que poderiaevoluir e se transformar numa situação extremamente problemática.
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Não Leve a Vida Tão a sério
Random" Aprender a não levar a vida tão a sério é um dos maiores presentes que você pode se dar e compartilhar com os outros. Quando conseguir, você não se preocupará mais com as pequenas coisas - nem com as grandes." Richard Carlos, autor de Não faça tem...