Verena fecha seus olhos e dá sua mão á Igor. Este prepara-se para escrever, papél e caneta á postos.
E eu... apenas espero. E assim que a sessão acabar e Verena estiver inconsciente, eu a levo para sua casa. Como com todos os outros voluntários.
Os dois agora se encontram em um transe e minha curiosidade sempre atiça nessas horas. Tento imaginar o que Igor vê na cabeça das pessoas. Deve ser um lugar bem insano a cabeça de outrém. Com o pouco de memória que tenho, sei que a minha é.
Verena está imóvel, parece uma estátua de cera. Nem parece respirar.
Minha paciência é testada durante essas sessões. Duram de trinta minutos a uma hora, e como não gosto de quebrar promessas, fico ao lado de Verena. Mas uns cinco minutinhos longe não farão diferença. Vou até o pequeno quarto que Igor usa como escritório, onde mantém papéis relacionados ao Lírio.
Como dono, é um bom administrador.
Me impressiona como humanos gostam de papéis e de anotar, ou de assinar isso e carimbar aquilo. Parece infernal essa tal de burocracia.
Ao lado da montanha de documentos, pego algumas revistas de fofocas. É assim que aprendo mais sobre humanos e a cada interação com eles pareço mais normal. Voltando para minha cadeira à mesa onde a sessão continua, começo a folhear uma revista, tentando absorver o máximo de informação possível para quando eu morar nesse mundo.
Aqui... sempre vejo isso: horóscopo. Humanos tem signos e coisas acontecem com eles de acordo com o que está escrito aqui. Fascinante! Eu queria ter um signo. Adoraria saber o que vai acontecer comigo a cada semana. Saber se mudaria algo ou quando vou encontrar minha irmã.
Tempo se passa e Igor começa a escrever algo de olhos fechados. Eu o observo por alguns minutos até que ele para. E isso se repete. De novo. E de novo. E de novo. Não quero me mover muito, o magnetismo a sua volta é força e não quero perturbá-lo.
Paro ne prestar atenção nele e perco a noção do tempo ao ler qual celebridade está vestindo o quê. Moda é divertido pois muitas dessas celebridades aparecem em fotos apenas por estarem bem vestidas. Uma imensidão de cores, tecidos e estilos. Parece tão mais divertido que ficar nua em um estupido lago.
Acho que quando finalmente ficar no mundo humano, é isso que farei. Vou compensar por todo o tempo que fiquei desnuda.
Quero trabalhar, como Igor. E já decidi que vou trabalhar com moda.
ESTÁ A LER
ADARIS
FantasyA cidade de São Paulo está pipocando de gente maluca e para variar, agora tenho duas dessas em meu quarto, tentando me convencer de que posso ajudá-las numa bizarra missão que envolve encontrar uma fada-rainha desaparecida chamada Mabelai para salva...