Desventuras De Maryanne

Eu nunca tive culpa

- Bem, deixo claro que, estou aqui por mim e Vini. Ele não pôde vir porque não está em casa nos últimos dias, mas retorna amanhã, e disse que sem dúvida alguma, virá se explicar e desculpar-se igualmente. Visto que, foi ele quem deu-me coragem para dirigir-me até aqui...- Violet disse com a voz trêmula. Eu assentir - Indo ao que realmente importa, nós, Mary... - Ela não conseguia fixar seus olhos nos meus. Suas mãos estavam inquietas, assim como seus pés, que desenhavam círculos no tapete vermelho de veludo. Eu a escutava atentamente depois de uma crise de choro inesperada.- Eu, minha mãe e Vini, forjamos a morte dele, meu pai, para que na verdade, víssemos livres de sua presença. Clay não ajudou e mal sabe de algo, porque sempre amou aquele homem e não iria permitir, apesar de tudo.- Suspirou - Minha mãe conhecia uma amiga, cujo namorado conhecia um cara que conhecia uns outros caras que espancavam qualquer sujeito, seja ele homem ou mulher, crianças ou adolescentes, em troca de dinheiro. E foi isso que aconteceu. Naquela noite, Vini derrubou o bolo, passando discretamente por trás de você. Isso foi o estopim para a suposta morte dele.
Já estava tudo esquematizado... Em sua ida até a confeitaria, onde também estava tudo planado, ou seja, havia outro bolo reserva que minha mãe havia encomendado caso algo acontecesse e aconteceu, esses caras ou melhor dizendo, capangas, não mataram-o, mas somente espancaram-o e levaram-o até algum soltão, no qual ele foi concentizando em nunca mais voltará a Chicago, senão, seria outra vez encurralado, mas desta vez, encurralado para a morte. Não disseram a ele o porquê de sua presença ali, mas sei que ele foi o sagaz e astuto o suficiente para decifrar tudo. Ele percebia que estávamos estranhos, ansiosos e pensativos. Mesmo tentando desfarçar, não havia como não ficarmos. Entretanto, eu via seus olhares fixadores e duvidosos. Eu via suas anotações, suas expressões. Ele estava armando nos matar naquela mesma noite, Mary, pois sabia que éramos naquele momento, uma ameaça para ele. Mas aí, agimos com mais perspicasia.
Durante os dias de seu sepultamento ele esteve dopado. Depois, os capangas levaram-o para um aeroporto, no qual ele foi exportado para algum país do oriente médio. Nunca mais nós o vimos e nunca mais eles nos viu ao sabe onde estamos.

- Por que, Violet, permitiu com que Clay julgasse-me de tal forma, já que seu pai está vivo? Por que deixou com que essa dor de ter tirando uma vida atordoasse-me?

- Porque nos prejudicaria, Mary...- Sussurrou.

- E não prejudicou-me, Violet? Não foi fácil ser julgada e humilhada por todos... Não é fácil ter traumas. Saiba que ainda dói.

- Perdão, eu entendo sua dor, ela não deveria existir, mas cicatrizou minha ferida, de minha mãe e do meu irmão por alguns anos. Sentimos muito, Mary. Não queríamos, mas... mas nós também sentimos dor. Nós também temos traumas. Nós também fomos humilhados. Não fizemos tudo o que fizemos em vão. Todo ato há um motivo, assim como, há uma conseqüência. Não era para você aparecer debaixo daquela mesa, naquela hora. Não era, não era! Mas quando apareceu já era tarde...- Suspirou - Tentamos dizer a ele, a convencê-lo na manhã seguinte após o acidente que você não tinha culpa, mas antes que falássemos, ele já tinha fugido, dizendo a todos que você era uma assassina. Não queríamos, Mary, não queríamos... - Seus olhos queriam derramar lágrimas, mas ela parecia ter insegurança em soltá-las.

- Então qual é o porquê que
levaram-os a fazer isso? Qual o motivo de terem armando isso? O que de tão ruim ele fazia para chegarem a esse ponto?

- Há muitas razões, Mary, muitas... Mas as principais é que doem mais. Uma delas é que fui molestada aos cinco e estrupada desde os seis até o fim dos sete anos de idade, por ele. - Sussurrou. Olhei-a com os olhos arregalados.- Nunca te disse, já que era minha melhor amiga, porque tinha medo e sentia-me constrangida. Na verdade, nunca disse isso a ninguém. Agora somente vocês sabem.- Dylan e eu nos entreolhamos seriamente.