- Mary?
Ondas sonoras de batidas repetitivas sobre a porta ecoaram em meu canal auditivo, tirando-me de meu sono.
- O que é agora, Karla? - Minha voz de sono saiu abafada em meio aos travesseiros.
- Sou eu, Austin.
- Só um instante...- Suspirei. Meus olhos se abriram junto a estranheza e indagações.
Aliás, como eu vim parar em meu quarto?Logo meus passos tortos me guiaram em direção a porta Meus olhos avermelhados e com uma visão turva, imploravam para serem fechados para retornarem ao sono.
- Está trancada...- Sussurrei.- Mas eu nunca tranco a porta.- Bocejei destrancado-a e abrindo.
- Bom dia e desculpe por ter te acordado às onze da manhã.
- Não tenho culpa de não ter despertador, ora. E que mal tem? Adolescente devem dormir em média por dez horas. Ultimamente venho dormindo sete e olhe lá. - Bocejei outra vez.- Entretanto, o que eu estou fazendo em meu quarto? -
Apoie-me sobre a porta para a sonolência não me levar ao chão.- Que eu me lembre passei toda a noite fora. Ou quase toda. Será que...- Interrompeu-me.- Antes que você pense em algo sem sentido, Pedro junto a alguns outros garotos te trouxeram até aqui. No momento estava dormindo. Você parecia exausta.
- E ele não disse nada?
- Só pediu para que eu te desessaje um "bom dia," logo que acordasse.
- Apenas? - Perguntei.
Ele assentiu.- Então me deixe deitar novamente. Jurava que tudo o que aconteceu era um sonho...- Sussurrei - Por que não disse isso quando eu realmente acordasse?- Porque não seria um bom dia.
- Sério, Austin? - Olhei-o. Ele sorriu.
- Não foi somente para isso que me dirigir até aqui.
- Para mais o quê, então?
- Para te questionar. Logo que eles saíram e eu te trouxe para o seu quarto e te levei até a cama, se passaram dois, três minutos e você começou a ter uma crise de choro. Por quê? Tentei te perguntar, mas você somente relutava.
- Não me lembro de ter chorado.- Levantei uma de minhas sobrancelhas.
- Diga, Mary, Por que chorou? - Insistiu.
- Eu já te disse, Austin, não me lembro....- Caminhei até a cama.
- Então onde estava noite passada para voltar dormindo? - Encostou a porta e entrou.
- Sou eu quem te pergunto. Onde você estava noite passada?
Não passou ao trabalho de Karla. Ela me disse. Mentiu para mim, Austin?- Não menti. Eu apenas espairecer.
- Para quê? O que te perturba?
- Não fuja você do assunto.
- Não estou fugindo.
- Então diga o porquê daquele choro em demasia.
- Eu não me lembro. Eu estava muito exausta, o sono me consumia.
- Tem certeza?
- E o que isso mudará em sua vida?
- Eu apenas me preocupo com você, Maryanne. - Fixou seu olhar em mim.- Quando estiver num mar e não houver nenhuma mão para te socorrer, não grite e nem se desespere, você permitiu isso.
- Tudo bem, fique. Eu te digo.
- Então confessa que realmente chorou?
- Nao sei se eu chorei.- Dei de ombros. - Mas caso tenha, como está dizendo, tem sim um porquê. Venha, sente-se aqui. - Ele caminhou em minha direção.
***
- E é isso. Ele irá voltar apenas em três anos. Passamos o restante da noite juntos, ontem. E você, por onde andou?- Perguntei.
- Numa praça, aquela que fomos na última vez em que eu estive por aqui. Estava vazia, como sempre.
- Mas por que espairecer?
- Para encontrar soluções.
- Soluções?
- Sim.- Deu um longo suspiro - Preciso ir agora.- Levantou-se.
- Não.- Segurei em seu braço.- Permaneça. Tenho outra pergunta. - Olhei-o.- Além disso, esse simples "sim" não mataram minhas dúvidas. Conte detalhadamente, assim como eu te disse.
- Irei apenas responder sua nova dúvida. O restante te digo depois.
- Mas eu não deixei para depois.
- Mas eu deixarei porque será melhor para nós dois.
- Desta vez deixo passar, mas só desta vez. Porém, é mesmo verdade o que me disse aquele dia? Está buscando soluções para isso?
- O que eu te disse aquele dia?
- Não se faça de desentendido, Austin! Você sabe muito bem o que é...
- Eu... Eu... Não faço ideia...
- Realmente não se lembra? - Semicerrei os olhos. Ele Assentiu. Percebi em seu olhar que ele não sabe nem o mínimo a respeito da arte de mentir.- Você disse que gostava de mim. É verdade?
- Mas eu gosto de você. Se eu não gostasse não me preocuparia.- Acariciou minhas mãos. Logo caminhou novamente até a porta.
- Não digo a respeito disso.- Caminhei em sua direção.- Refiro-me a...a... Deixe. Não sei por que estou perguntando isso.
- Eu também não. - Sussurrou.- Prepare-se, mas não agora, à noite, para irmos ao colégio. Terá um baile por lá e haverá aula. Por isso não te acordei antes.
- Tampouco se tivesse me acordado eu iria.
- Seria capaz de perder um trabalho? - Ele disse. Eu revirei os olhos.- Entretanto, recebi um e-mail da diretoria, ontem. O evento ocorrerá para comemorar os vinte e cinco anos que o colégio está de pé. Garotas devem ir de vestido.
- Odeio vestidos, então não irei.- Fechei a porta.
- Maryanne, você irá.
Joguei-me sobre a cama.
Aquele "Eu também não" doeu profundamente.
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Desventuras De Maryanne
Teen FictionA vida de Maryanne Campbell Navarro não é nada pacata mas extremamente turbulenta, como a vida de algumas outras adolescentes consideradas rebeldes. Seus problemas começam aos cinco anos de idade e sua vida muda repentinamente aos dezesseis. E nes...