- AUSTIN, ESPERE-ME! - Gritei.
Ele estava a poucos metros longe de mim, acompanhado por Joyce.
Mas pareceu não escutar a minha voz.- AUSTIN, CARAMBA! - Gritei novamente. Porém, em um tom mais alto. O vi virar-se para trás no mesmo instante.
Corri até eles.- Ah, é você, Mary...- Joyce mostrou-me um sorriso escaldante. Ignorei completamente seu falar.
- O-Onde estava? Fiquei horas te esperando na saída do colégio... Pensei que havia acontecido algo com você.- Minha voz saia falha por conta de minha ofegância.
- Não houve nada. Não se preocupe. É que eu e Joyce tivemos aula de Educação Física no último período e resolvemos sair um pouco mais cedo.
" Eu e Joyce..." Agora ele vai colocar Joyce em tudo?
- Então por que não esperou-me?Você sempre faz isso...
- Porque quero mostrar a cidade a ela.- Eles entreolharam-se.
- Sem mim?- Perguntei. Não saiu nenhuma palavra de seus lábios.- Austin, não iria convidar-me para ir com vocês? - Semicerrei meus olhos.
- Pensei que não gostaria.
- É claro, querem ficar sozinhos, desculpe por minha audácia. - Sorrir torto.- E muito obrigada pela sua generosa resposta, Austin.
- Não entenda-a como uma má resp...- O interrompi.
- E vocês vão neste exato momento?
- Como pôde ver, já estávamos indo.- Manifestou-se Joyce. Olhei-a demoradamente.
- Ah...- Desviei meu olhar para ele. - Mas você disse-me, Austin, no término do intervalo, que ajudaria-me em uma lição assim que chegássemos em casa. Você se esqueceu?
- Sim, eu havia esquecido-me.- Passou a mão em seus fios de cabelo.- Desculpe. Mas eu poderei te ajudar amanhã, eu juro.- Ele acariciou minhas mãos.- Agora não há como.
- Mas é para amanhã, e vai valer alguns pontos... E eu preciso desses pontos, Austin.- Soltei minha mão da sua. - Mas já que você não pode, não há problema algum... - Dei de ombros - Eu dou um jeito. Tentarei fazê-lo sozinha.
- Eu...- Sua fala foi interrompida por Joyce.
- Nós te ajudamos depois que retornarmos, venha com a gente, Mary.
- Não, não... Estou cansada. Além disso, tenho outras coisas mais importantes para fazer, como por exemplo, fazer uma redação sobre amizade para a aula de linguagens. Já estou pesando no enredo... não devemos trocar nossos amigos atuais por aqueles que fizeram parte de nosso passado. É bom, não acham? - Olhei para ele, desapontada. Ele entendeu o meu olhar.
- Mary... - Segurou-me pelo pulso.
- Solte-me, Austin.- Sussurrei.
- Que pena, sua presença seria gratificante.- A ingenuidade exagerada dessa garota está começando a irritar-me.- Ah, e o Cupcake estava delicioso.
- Cupcake? - Perguntei.
- O que estava dentro de um pacote. Você entregou-me no momento em que estávamos no intervalo.
Então era um Cupcake que aquela garota de mechas verdes havia dado-me... Nada mal.
- Que bom.- Sorrir forçadamente. - Fico feliz. Pelo menos para agradar sirvo, para ser agradada é diferente. Agora eu preciso ir. Nos vemos mais tarde, Austin.
- Não aja como uma estúpida e indelicada.
- Eu, estúpida e indelicada? - Perguntei-o. - Pense bem... - Calei-me antes de terminar de dizer. Respirei profundamente.- Não irei trocar palavras vulgares com você neste momento, Austin. Eu estou bem e bem continuarei. Você não irá fazer-me ficar com ódio, um pouco mais do que já estou, mas não irão aumentá-lo...- Sussurrei.- Agora eu irei. Divirtam-se, porque eu também estarei divertindo-me.- Retirei-me lentamente.
Não Olhe para trás, não olhe para trás, não olhe para trás!
Mantive meu olhar fixo para frente. Já que sua prioridade maior é Joyce, que ele a use e abuse.***
- SEU INÚTIL, TENHA RESPEITO PELOS PEDESTRES! - Uma motocicleta havia passado em alta velocidade sobre a rua totalmente inundada, já que o bueiro estava entupido, e molhado-me, ou melhor, terminado de molhar. A chuva acompanhou-me desde a última rua do colégio até em casa. Viemos cantando em meio as outras ruas desertas. O burburinho do vento ajudava a formar o trio.
Meus livros, cadernos e alguns trabalhos, acredito que tenham tornado-se impossíveis de utilizar, verdadeiros lixos, literalmente.
E por ironia e desventura da vida, durante a troca de passos, escorreguei em uma poça de lama, sujando-me ainda mais. Depois dessas controvérsias, quero deitar em minha cama e gritar sufocadamente em meu travesseiro.De repente, apressei os passos e cheguei até a varanda.
- Obrigada, Senhorita Chuva, por acompanhar-me. Sua presença é agradável. No entanto, espero seriamente que eles estejam se divertindo, porque eu não estou! - Murmurei.- Saiba que não é você, mas sim eles, não fique irritada. - Logo, do céu ecoou um estrondo tenebroso.- Preciso entrar agora!
Retirei minha mochila das costas, revirando-a na procura das chaves.
- Onde será que coloquei aquelas chaves? Espere, espere, Maryanne... Merda, não fui eu quem tranquei a porta, mas sim o Austin, aquele imbecil! - Respirei fundo - E agora? Eu não irei ficar aqui, plantada nessa varanda. Ainda mais enxarcada, com frio e fome esperando o aquele cabeça dura terminar de se divertir...
Droga! - Dei um chute sobre a porta. - Sim, Senhorita Chuva, eu poderia entrar pelas janelas... MAS SÃO ALTAS E ESTÁ ESCORREGADIO! Aumentando ainda mais minhas chances de quebrar o nariz... E EU NÃO QUERO QUEBRAR O NARIZ PORQUE ARRUINARIA AINDA MAIS MINHA CARA HORRENDA! - Chutei novamente a porta.No mesmo momento, senti que alguém cutucou-me levemente. Virei-me para trás assustada.
- É... Você não é horrenda, não se preocupe.- Sorriu. - Todavia, me desculpe por te incomodar justo na hora de seu momento de fúria. Mas é que eu sou novo por qui. Mudei-me hoje de manhã e não conheço nada...
Será que você poderia informar-me onde fica o supermercado mais próximo?- Olhei-o demoradamente.
Olhos cinzentos e cílios grandes, sorriso torto, alto, cabelo encaracolado, pele doce de leite, jeito de pessoa inteligente... Como algumas pessoas nascem tão bonitas? E eu já disse que me amarro em garotos inteligentes? É sexy. - É... Se não souber, não tem problema, eu... eu - O interrompi.- Sei, sei sim... - Passei minhas mãos pelos meus olhos. - Perdão, eu... eu estava em outro mundo. Em Nárnia.- Disse irnonicamente.
- Achou que a partir era o guarda-roupas? - Sorriu.
- Bem, por um instante sim. - Desviei meu olhar.- Entretanto, você terá de andar até o fim da rua e virar a direta, e logo numa esquina, na qual andará mais uns cinco metros, avistará um armazém.
- Muito obrigado, me ajudou muito.- Ajeitou os óculos.
- Disponha. Mas posso te perguntar algo? - Ele assentiu. - Você é o novo residente da casa a frente, 36-A?
- Sim, sou eu. Se precisar de ajuda, estou a seu dispor.
Então temos um novo vizinho... Nada mal, coisa que eu nomeio de vida.
- Bem, na verdade... Eu preciso de uma mãozinha...- Olhei-o.
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Desventuras De Maryanne
Teen FictionA vida de Maryanne Campbell Navarro não é nada pacata mas extremamente turbulenta, como a vida de algumas outras adolescentes consideradas rebeldes. Seus problemas começam aos cinco anos de idade e sua vida muda repentinamente aos dezesseis. E nes...