AI MEU BRAÇO! 🆗

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- Anda logo, Austin... Eu estou apertada!- Murmurei batendo fortemente sobre porta do banheiro. Por azar, o meu está com a encanação furada.

- Só um minuto! - Respondeu.

- Nem mais um segundo! Já tem mais de uma hora que você está aí, Austin! O que tanto faz dentro desse banheiro?

- São higienes matinais, Maryanne, higienes matinais.

- Sinceramente, você mal chegou e já está irritando-me! - Bufei encostado-me sobre a parede.

   Logo, ao desviar sem querer o olhar para o mini cômodo de vassouras, rodos, panos e outros  materiais de limpeza, uma ideia nada gentil, veio-me em mente.
Caminhei em passos largos até a última porta do corredor, onde se localiza o cômodo.
De repente, abrir silenciosamente tal porta.
Entrei e peguei o pote de cera,
cujo produto já fez-me trocar  inúmeras vezes, passos tortos que quase levaram-me de encontro ao piso laminado.
Além da cera, peguei um pano e o rodo.
Voltei com os mesmos atos de antes para perto do banheiro.

   Sem perigos á bordo, joguei cuidadosamente a cera pelos arredores. Passei o rodo já com o pano, pelo chão para enganar.

- Você terá o que merece, Senhor Austin... - Sussurrei.
Em um susto, escutei a maçaneta da porta girar.

Virei-me apressadamente para trás, jogando tudo que estava em minhas mãos atrás do vinhedo.

- O banheiro está livre, Maryanne. Agora pod...- Suas nádegas foram logo de encontro ao chão.

***

- A-Aquilo foi hilário...- A incapacidade de parar de rir era tamanha, que não havia cabimento em meus risos exagerados.

- O que tenho a dizer, Maryanne, é que faltou-lhe respeito. Algo que todos nós, independente de tudo, deveríamos ter. Isso foi um ato vergonhoso para uma adolescente de sua idade, agindo conforme uma criança.- Ele estava com as mãos sobre a cabeça.

- Você queria matá-lo, é isso?- Indagou Karla terminando o curativo.

Ele bateu com a cabeça, mas não foi tão grave. Apenas um corte... com uma profundidade, digamos, amena.
Mas nada como um bom analgésico.

- Não. Claro que não.- Dei um gole em meu suco.- Não sou nenhuma assassina, jamais. Entretanto, a causa de tudo isso foi demora dele no banheiro. Eu precisava usá-lo imediatamente.

- Mas não precisava ser tão rude ao ponto de agir como com uma pessoa com distúrbios, sem ofenças, é claro. Saiba conversar, Maryanne, conversar.- Ela disse. Eu revirei os olhos.- Aliás, não irá perdir-me perdão?

- Não! Poupe-me, Austin! - Olhei-o com desdém.- Raramente arrependo-me das coisas que faço.- Suas mãos foram de encontro a barra de chocolate que estava no bolso do meu short de pijama.

- Ei, devolva-me aqui!- Murmurei.

- Onde arrumou esse chocolate, Maryanne?- Perguntou Karla finalizando o curativo.

- É... bom, achei por aí.- Minha blz saiu quase inaudível.

Austin irá se ver comigo!

- Maryanne, por favor, você não engana-me...- Olhou-me torto.- Bem, vou para o trabalho agora. Entretanto, já disse para não abusar nos doces. Se eu te ver novamente com outra barra dessas, não passará batido, tenha a mera certeza. - Ela disse. Bufei.-
Como hoje é domingo e não tem creche, a responsabilidade de Daniel é de vocês dois. Ele está dormindo. Dêem almoço a ele, depois banho. Se caso ele fazer algo a mais, o troquem. Mais tarde, levem-no para sentir o ar.

   Karla está fazendo estágio de nutrição e trabalha meio período durante a semana no escritório de advocacia de seu tio.
Por isso essa limitação com alguns alimentos.
Ela iniciou o ensino superior tardiamente por conta de... Não sei. Ela nunca disse-me e eu não importo-me, tanto com sua vida quanto com seus parentes quase sempre ausentes.

- AGORA DEVOLVA MEU CHOCOLATE, AUSTIN!- Murmurei com uma frigideira em minhas mãos.
Ele estava do outro lado da bancada.

- Peça-me desculpas!

- Não!- Murmurei.

- Vocês escutaram?- Perguntou Karla.

- Sim, tia.- Segurou-me pelo pulso.- Não se preocupe. Au!- Mordi sua mão.

- Juízo vocês dois, suplico. Estou deixando isso acontecer porque é o seu segundo dia aqui, Austin. Por isso, aproveite. Depois, acabem com essa ladainha e destruam esse chocolate.-  Caminhou até a porta de saída.

- Irá ou não, pedir desculpas?- Ele Indagou.

- Já disse que não!- Respondi.

- Então o que tenho a fazer é simplesmente comer seu chocolate.- Abriu a embalagem.

- Não. Não faça isso! Se não...

- Se não...?

  Apesar de ter mais chocolates escondidos, aquele era especial, porque eu havia pegado-o ligeiramente, sem os olhos da megera da Anne, captarem. Por isso, havia nele um gostinho de vitória.

- Se não você irá pagar caríssimo. E eu não digo isso em questão monetária, não mesmo.- Olhei-o fixamente.

- Tudo bem...- Aproximou-se de mim. Logo, jogou o chocolate dentro de sua boca. De repente, olhou-me com sarcasmo.

- VOCÊ.COMEU.O.MEU. CHOCOLATE!- Gritei pausadamente entre os dentes.
Rapidamente caminhei até ele. Este, correu novamente.

- Volte aqui, Austin! 

- Desculpe-se, aí te darei outro.

- Quantas vezes terei que te dizer que nã...- Escorreguei em algo - AI MEU BRAÇO! - Uma dor espontânea e ardida começou a latejar.

- MARYANNE!- Correu em minha direção.

Desventuras De MaryanneWhere stories live. Discover now