Ao escutar Shawn falar sobre o meu pai de forma tão precisa fez com que eu gelasse de medo por dentro. O que ele queria com isso? Eu não conseguia pensar no que responder.

- Papa Jauregui vai ficar tão contente quando descobrir que a filhinha dele que ele tanto quis no mundo dos negócios e desonrou a família vindo brincar de Picasso em Yale na verdade gosta de lamber bocetas. – O rapaz alto falou em baixo tom fingindo preocupação totalmente inclinado na mesa com o rosto muito próximo do meu.

Aquelas palavras ríspidas do Shawn cortaram meus ouvidos e ecoaram na minha cabeça me fazendo tremer, mas não era hora de fraquejar. Aquele babaca não poderia sair por aí caçando informações pessoais sobre a minha vida, minha família, ou seja lá de quem fosse e ficar me ameaçando.

Eu não vou cair no jogo desse cara!

- Eu devia te denunciar, sabia? Só não faço isso por pena. Mas é por pena da mama Mendes. Imagina a fofoca que seria lá em West Coast quando soubessem que o filho da dona do maior escritório de advocacia foi denunciado por invasão de privacidade, por ser um stalker retardado e um psicopata em potencial. – Respondi retribuindo o mesmo sorriso irônico e me inclinando pra ficar com o rosto mais perto ainda do dele.

- Você não tem provas de nada disso do que disse, Jauregui. – Shawn disse totalmente sério se afastando.

- E você tem? – Retruquei.

O rapaz mais alto respirou pesado e profundamente sustentando uma cara de raiva, levantou-se bruscamente da cadeira chamando a atenção dos outros clientes e disparou pela última vez.

- Eu vou avisar pela última vez, Jauregui. Saia do caminho e não atrapalhe os meus planos com a Camila, ou então você vai se arrepender.

Flashback off

Eu sabia que o Shawn não estava brincando e não sabia até onde aquele cara poderia chegar com todas aquelas ameaças.

Eu simplesmente não queria mais pensar naquilo e o que acabou acontecendo quando avistei Vero com uma mochila nas costas girando em 360° enquanto admirava a entrada do Pierson.

Antes que ela pudesse perceber a minha presença, a abracei por trás gritando o seu nome. Começamos a nos abraçar e dar aqueles pulinhos juntas. Foi uma cena bastante engraçada, até porque os alunos que passavam pela gente começavam a rir.

- Biscate, que saudades de você! – Vero disse ainda agarrada em mim.

- Nem fala nisso, sua vaca. – Respondi retribuído o carinho.

Após toda aquela melação, a levei até o meu alojamento. Durante o caminho Vero me explicou o motivo da mochila e não da mala. Ela me disse que se chegasse de malas no campus os seguranças a barrariam logo na entrada do campus, já de mochila ela se passaria por aluna facilmente.

Vero sempre foi muito espertinha e eu amava esse jeito dela. Na época de escola a gente sempre acaba se metendo em alguma confusão, mas Vero sempre dava um jeito de reverter a situação e saíamos sempre por cima, ou até mesmo pela tangente sem ninguém perceber.

Vero era a melhor.

[...]

Ficamos conversando sobre as coisas que estavam acontecendo lá em Miami na faculdade de Vero e sobre a exposição que teria hoje mais tarde aqui em Yale. Vero até se animou, coisa que eu achei que não ficaria, já que se tratava de uma exposição, o que não era algo que chamasse sua atenção, mas a minha melhor amiga aparentou querer aproveitar cada minuto dela aqui comigo.

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