Capítulo 64

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O dragão, que voava rápido, precisava alcançar Montherran antes que o pôr do sol acontecesse. Sabia que o rei havia agendado para a data um torneio e pretendia chegar de supetão para surpreender a todos e pegar aquela que era Filha dos Dois Mundos. Sua missão era raptar a moça e levá-la para sua "toca". Seu retorno era aguardado por Heskan e Medrash, os dois companheiros, de sua mesma espécie. Ainda não havia sido possível libertar todos do cárcere a que foram submetidos por Mandy. Mas sairiam, sua vingança estava próxima. Sua prioridade era a rapidez. Ser ágil e não envolver-se em uma batalha naquela ocasião era o ideal.

Aquelas terras ficaram conhecidas por seus cavaleiros e sua bravura na época da Grande Guerra. Precisava sair de lá com vida. Ao aproximar-se do local de destino, ele percebeu que havia uma grande força mágica emanando daquela direção. Haveria algum Guardião de Portal por perto? Mas os Guardiões há muito haviam se dissipado. O que estaria acontecendo? Foram tantas décadas presos naquela montanha. Ele pôde ver o olhar azul da moça cruzar com seu olhar. Um par ameaçador de olhos o indagava. Não estava preparado para um poder como aquele. Tinha gastado uma fração enorme do que tinha de magia para quebrar o feitiço na noite anterior. A herdeira dos poderes da Rainha Elora estava entre os presentes. Sua conversa foi breve, cheia de ameaças. Não entenderia nunca as escolhas que Mandy havia tomado.

O que levaria um dragão de tamanho poder a fazer algo daquele tipo? Ela havia doado seu próprio coração e agora andava em meio àquelas criaturas inferiores e na forma de uma delas. Era uma desonra! Olhou mais uma vez e percebeu que dar baforadas de fogo não adiantaria, a Guardiã havia reforçado os escudos ao redor de todos! Que poder era aquele? Havia centenas de anos que não via uma dessas emanações de força. Ela o desafiava. Ele não seria tolo de entrar em um confronto direto. Não era o momento, antes precisava libertar seus companheiros e toda a sua linhagem. Não poderia pensar em nada a não ser concluir sua missão. Muito dependia dele.

Avistou o alvo de sua caçada. Concentrou-se para efetuar a magia de transporte. Sentia o vento forte tentando desconcentrar sua mente. Uma rajada de fogo atingiu suas costas. A dor foi intensa. Tinha que ser breve ou ele pereceria. Ainda existiam guerreiros valiosos naquele solo. Conjurou a magia. Uma nuvem negra tomou conta de tudo ao redor e trouxe para suas garras o que veio buscar. Ela havia ficado desacordada no processo. Sentiu que uma flecha vinha em sua direção. Não conseguiu desviar-se dela, pois o vento ao redor parecia guiá-la de forma eficaz. Protegeu a pequena criatura em sua garra. Precisava dela com vida. Apressou-se em voar para longe. Ao afastar-se com dificuldade, ele sentiu o golpe vindo em sua direção. Não era possível desviar-se a tempo. Era o mais forte que já tinha visto um guardião conjurar. Sentia que sua magia de cura não seria suficiente. Precisava voltar antes que aquela ferida aberta roubasse sua vida. Algum de seus amigos realizaria a magia de cura com força suficiente para anular aquele ataque. Mas primeiro precisaria chegar lá. Foi embora o mais rápido que pôde.


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Terceira perspectiva

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A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora