Capítulo 3

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Joice! Joice! Filha, acorde! — Raquel sentia um desespero absurdamente sufocante ao olhar a filha ruiva desacordada e com aquele aspecto estranhamente cadavérico e gelado.

Lembrou-se de quando era bem pequena e com medo, no meio da noite, corria para sua cama com os olhos azuis estalados, por conta de algum pesadelo. Ela queria tanto ter falado mais com a filha. Queria tanto ter abraçado mais. Gostaria de ter certeza de que tudo ficaria bem. Mas não podia dizer isso. Não havia garantias quanto ao final daquele pesadelo! Tinha tantos medos para assombrá-la naquele momento. Podia perder tudo o que mais amava. Tirou uma mecha de cabelo desgrenhado que cobria a pele branca da moça. Percebeu que a cor rosada de suas bochechas estava retornando. Suspirou aliviada ao-la abrir os olhos e encará-la de forma intensa, aflita. Abraçá-la era o óbvio! Apertou tanto! Era como se nada mais importasse naquele momento.

Eu morri?

Está tudo bem agora!

Não! — O grito ecoou no corredor. — E a Vivian? Rodrigo!

Sossegue. Está tudo bem agora! — sentia que se a apertasse mais, a sufocaria. Resolveu largá-la devagar.

Mãe? Lembrou-se vagamente de tudo, inclusive da figura do pai. — Eu o vi! Eu o vi. Espere, onde estou?

No hospital, você inalou muita fumaça.

Onde eles estão? Como estão? Eu os salvei?

Estão bem, graças a você que pegou aquele extintor...

A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora