Capítulo 33

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No mês que antecedia a data do início da competição, Kilayra treinou com grande afinco. Magda lançou um feitiço de cura sob a ferida aberta e profunda causada pela espada, mas pelo fato da magia empregada ao forjar aquela arma ser superior à dela, era impossível curá-la por completo. Ela apenas amenizou o corte, ele passaria um tempo ainda até que pudesse desaparecer por completo. A princesa teve que usar uma luva por vários dias para que ninguém mais percebesse. O treinador e amigo não lhe contou sobre o proprietário da espada fantástica. Nem mesmo Magda parecia disposta a dizer, por mais que a moça lhe questionasse. Limitava-se ao seu costumeiro: "Você não precisa saber de tudo, basta estar ciente do que lhe compete." Jimmy estava disposto a deixá-la exausta na sequência de treinos que lhe incumbiu, para que conseguisse que ela esquecesse aquela maldita ideia. Como se não a conhecesse o suficiente para saber que não seria esse o resultado obtido. Suas árduas horas de treino só faziam com que ficasse mais convencida de sua vitória certa. Achava-se disposta àquela altura a vencer o próprio Lucas.

— E em sua última lição... Kilayra? Kilayra! — prosseguia o mestre.

– Hã... Eu... Desculpe, me distraí — voltando de seus devaneios sobre ser melhor que o pai nas artes de lutas.

— Está bem, mas escute-me. Deve prestar atenção ou não chegará nem até o final da primeira etapa.

— Eu pensava exatamente na competição. Acha que consigo?

— Fique calma, está bem preparada. Só que ainda lhe falta a última lição.

— Última lição? Pensei que já fosse uma metista...

— E é. Mas metistas são exímios não somente em batalhas, nisto, certamente é uma metista. Mas a primeira e mais difícil batalha que ele deve vencer é a que travamos dentro de nós mesmos, com nosso ego. Você é minha melhor aluna, porém deve compreender que há professores melhores que eu.

— Por que insiste em se colocar abaixo do que merece? Sabe que é um dos melhores, senão o melhor dos professores no Daran. Por isso meu pai o escolheu.

— Aí está seu erro Kilayra. Arrogância. Não sou melhor que os outros.

— Claro que é — insistiu teimosa.

— Provarei o que digo. Se eu sou metista um dia aprendi com alguém, e esse alguém sabia mais que eu, pelo menos na época em que me ensinou.

— E hoje você já ganharia de seu professor.

— Não vê que seu erro está aí? Deve entender que por mais que saibamos, há sempre alguém que sabe um pouco mais. Temos que estar com a mente aberta para percebermos quando podemos aprender com os outros. E ainda entender que nosso objetivo não deve ser buscar sermos melhores que outras pessoas, e sim sermos sempre melhores do que já fomos no passado.

Ela balançou a cabeça afirmando que entendeu. Sua face queimava pela vergonha que sua arrogância causou.

— Superação trata-se de melhorarmos sempre, mas não devemos superar aos outros. Isso não nos tornará mais eficientes. Devemos dar o melhor de nós mesmos por nós mesmos. Sermos melhores do que fomos ontem e piores do que seremos amanhã. Não busque estar acima de ninguém além de você mesma. E tenha as pessoas em um patamar de respeito e observação. Percebe o que te digo, princesa?

— Acho que sim... — refletia.

— Em tudo podemos ser melhor que muitos, mas por quanto tempo? Um dia, dois? Com certeza chegará a hora em que alguém nos superará. Contudo, se buscarmos em nós mesmos essa comparação, notaremos que só haverá progresso. Este uma vez alcançado fica, nos pertence nos completa. Compõe o que somos e nos deixa inteiros. Se conseguirmos ter a mente mais aberta e apenas sejamos sempre bons o bastante, isso basta. Quem é receptivo consegue renovar técnicas, adaptar-se e criar a sua própria maneira, nas artes de batalha e para todo o resto. Resumindo, sua última lição Princesa Kilayra Bremen, é aprender que jamais somos suficientemente bons pra nos considerarmos os melhores, mesmo que os outros nos digam. Sempre devemos estar certos de que enquanto respiramos, há sempre o que aprender. De hoje em diante Princesa Bremen, deixo de ser seu professor. Tornou-se uma metista, a primeira mulher de todo o Daran que completou esse treinamento.

— Mestre Jimmy, quer dizer que não teremos mais aulas?

— Serão apenas treinos.

— Mas acredita que tenho reais chances de vencer?

— O segredo não é quem é o melhor, e sim quem está mais preparado. Num duelo, ganha a melhor estratégia e quem pensa mais rápido. Ganha quem luta achando que numa luta a melhor opção não é vencer o combate, mas competir e dar o melhor de si. Não existem vencedores absolutos, há alguém que vence, naquele dia. O que nos traz segurança é estarmos preparados para as vitórias ou mesmo para as derrotas.

— Acho que começo a entender. O que existe na realidade não é situação de derrota ou de vitória, mas o estado, minha postura diante de cada situação. Isso faz de mim um vencedor. O resultado é consequência.

— Agora tem reais chances de sair vencedora deste torneio, embora duvide que conseguirá permissão para participar.

— Permissão? — Sorriu. — Agradeço por tudo, Jimmy, e por essa aula maravilhosa.

Levantaram-se um de frente para o outro, ficaram em posição de sentido.

— Teron!

— Teron, Mestre!

Sem que desviasse seus pensamentos daquelas palavras, aguardava ansiosa o passar dos dias. Faltavam agora, menos de quatro semanas para o Dia dos Três Sóis. Encontrava-se com Ritshy durante as tardes. Conversavam. Assuntos que a ajudariam seguir com o planejado. A quantidade de inscritos para o torneio era a metade do esperado inicialmente. Uns poucos dispostos a suportar aquele calor. Kilayra tinha acesso a todas as informações sobre os candidatos, mas preferia não saber de nada, objetivando não ser privilegiada. Só não poderia deixar de ouvir o que o povo de comentava. Não criaria expectativas sob nenhum dos seus rivais. Também não seria desleal ao saber fraquezas de oponentes antes do início do torneio. A tarde estava linda, o Campus parecia ainda mais perfumado. A conversa entre Kilayra e Ritshy se prolongava por horas.

— Princesa, acha que o plano de Magda funcionará?

— Precisa funcionar! Preciso disso mais que tudo nessa hora. Fui ver o que ela fez com a pele do rynius, mas não me mostrou. Mandou que só déssemos a cara por lá um dia antes do torneio.

— Você confia nela?

— Claro! Magda provou ser minha amiga muitas vezes ao longo de nossas vidas.

— Como a conheceu?

— É uma longa história.

— Pode contar?

— Um dia... — Sorria pelas lembranças.

***

Dentro da gruta, Monroy sorria. Como se fosse capaz de ouvi-las. Após dar duas mexidas em uma poção, foi até o castiçal que ficava preso à parede e acendeu a vela. Olhou para o canto da mesa cheia de objetos estranhos e pegou em sua mão uma enorme ampulheta, disse algumas palavras que davam a impressão de terem saído emboladas da boca fazendo um som incompreensível e virou-a deixando que a areia caísse na parte inferior, lentamente. Depois saiu da caverna.

***


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 Pessoal, estão gostando?  

E aí, preparados para os próximos capítulos? O torneio e todas as novidades?

A princesa irá encontrar um caminho que a fará feliz?  

Eu tenho muito a agradecer a todos que estão lendo... e também aos que estão comentando o nosso livro!  Espero estar agradando a todos! Então... 

Votinhos... Votinhos... Estrelinhas... comentáriosss... kkkk 

Estou ansiosa!

Espero os votos e os comentários de vocês! Se estão mesmo gostando, indiquem, isso motiva tando essa que vos escreve! :) : P

Meu muito obrigada! E...

Aquele Abraço,

W.F.Endlich


A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoWhere stories live. Discover now