Capítulo 50

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Juntamente a esse torneio, haveriam de formar um Conselho Metista a fim de decidir os cavaleiros aptos a receber esse título naquele ano. Vários meninos treinaram desde a infância nas lutas e artes da guerra, para que quando adultos, após completarem dezoito anos, tivessem a chance de conquistar o título de metista, um guerreiro perfeito. Ser essa espécie de lutador era uma honra que poucos conquistavam. Ela soube que esse título era proibido às mulheres e achou o cúmulo que isso ainda ocorresse nesta época, mas avaliando a vida que todos levavam naquele planeta, Joice chegava ao limiar de entender essa regra. Mas daí a aceitá-la, isso já eram outros quinhentos!

Uma vez a rota arcana criada, Jonas levava sua bagagem e enquanto atravessava, observava o caminho que parecia correr em alta velocidade à sua volta, em um espetáculo de luzes e brilhos. Refletia sobre como havia chegado naquele ponto de sua vida. Estava a poucos dias do início de sua jornada pelo talismã e pela chave de portal, mas ainda não haviam dito nada que pudesse ser concreto a esse respeito. Iria para Montherran e sentia como se algo enorme estivesse para acontecer. Sentia como se essa história de torneio fosse um mero ensaio para o ato final. A travessia se completou. A Comissão que os recepcionaria estavam a postos. Após uma bateria de cumprimentos olhares e abraços, todos estavam acomodados. Joice ainda podia ouvir os barulhos de carruagens e cavalos a aproximarem-se das imediações do palácio. Aquilo era como estar dentro de uma das aventuras de Rômulo, no jogo de RPG. Aquelas sessões e aventuras pareciam-lhe um passado tão longínquo.

Com a chegada de tantas carruagens, Ritshy conseguiu se esquivar dos pais da princesa, após receber a delegação de Montherran e ser presenteada pela rainha Helena com uma linda escultura. Chegar até a gruta de Magda foi um verdadeiro desafio de malabarismo. Não teve tempo de visitar a bruxa depois do encanto. Ainda precisava entender como Ryan poderia vê-la sem que fosse atingido pela magia que a envolvia. Era estranho que apenas ele visse a sua verdadeira imagem. A bruxa parecia ter adivinhado seus pensamentos e enviou-lhe um bilhete para que fosse até sua gruta o mais rápido possível.

— O que quer comigo? — disse na entrada da gruta, quando viu a mulher abaixada próxima de uma poça de água, formada por uma nascente que fluía timidamente dentre as pedras da caverna.

— Kilayra?

— Não, sou a Ritshy — Não se acostumava com a nova amizade.

— Que bom que tenha chegado, garota.

— Também preciso te falar. Acho que o efeito do feitiço possa estar passando. Ou eu tenha iniciado o processo onde ele será desfeito. Existe alguém que pode me ver.

— Estou ouvindo. O que aconteceu?

— Eu e o Ryan percebemos que nos amamos e vamos nos casar — Sua face corava, sabia que todos pensariam no ato de casarem-se como incesto. Mas nunca foram irmãos de fato e direito. Viveu pouco tempo sob os cuidados dos pais do moço e sequer os tratava como tios.

— Beijaram-se? — perguntou ainda remexendo em suas coisas.

Ritshy não entendia porque Magda queria mais explicações a esse respeito. Será que ela gostaria de deixá-la ainda mais constrangida? Mas acreditando que isso fosse importante para a magia, assentiu com a cabeça.

— Sim.

— Já possui então o seu escolhido?

— Meu escolhido? Estou ouvindo... — parafraseando a mulher em tom de zombaria.

— Pensei que fossem irmãos.

— Nada disso, nunca fomos irmãos, está certo que o pai dele cuidou de mim por um tempo, mas fui adotada e sempre me ensinaram que eram meus tios. Eu o amo. Houve um beijo, e daí?

— Daí que sempre me comovo com histórias de amor... — devolveu a piada.

— Você conheceu o pai dele não foi? Mas ele nunca falou muito de você. Eram distantes, não é?

— Nunca fui uma pessoa de muitas amizades, mas uma vez ele me ajudou... Fiquei lhe devendo um favor. Ele era um bom homem... Nada que eu fizesse por eles seria o bastante — a voz dela era pensativa e distante, então a voz de Ritshy chamou-lhe novamente para a realidade.

— Sei disso, eram boas pessoas. Mas prestou atenção quando disse que o Ryan pode me ver. Ele não vê a imagem da princesa. Vê a mim. Será que a magia está enfraquecendo?

— Não creio que seja isso que está acontecendo. Você tem o seu escolhido, agora precisamos que Kilayra encontre o dela.

— Oi? — não estava entendendo bem.

— Te chamei aqui justamente porque terminei de ler o manuscrito. Só existirão duas pessoas imunes ao feitiço.

— Eu e a Kilayra?

— Não, além de vocês. Os que serão imunes ao feitiço serão os homens que amam e que correspondam a esse amor. Então, acredito que a partir do momento que deram o beijo de amor verdadeiro, tenha sido quebrado o poder que o encanto exercia sobre eles.

— O meu escolhido, confere. Mas o de Kilayra? Como assim?

— A Kilayra não quer escolher ninguém! — disse a verdadeira princesa chegando e participando da conversa de forma zombeteira. — O que estão falando sobre mim? Até vocês estão querendo que eu me case? — Riu.

As duas entreolharam-se e apenas deram um sorriso estranho. Sabiam que a princesa não gostaria do rumo daquela conversa.

— Temos novidades. Consegui terminar de ler o manuscrito.

— Ótimo! E o que ele diz? — interessou-se.

— Diz que as duas precisarão estar apaixonadas e serem correspondidas, ou o feitiço não será desfeito na data precisa. E se passar a data, ficarão assim para o restante de seus dias.

— Precisamos amar e ser amadas para quebrar o feitiço? — Se antes de tudo aquilo ela já estava com medo de não encontrar a pessoa certa, sentia-se, agora, completamente desnorteada. Se tivesse que manter sua palavra e escolher alguém após o término do torneio, como poderia casar com qualquer um agora? Além de escolher alguém para cumprir a palavra assumida com o pai, precisava estar apaixonada e ser correspondida para tirar a Ritshy daquela situação. E mais, como Ritshy conseguiria se apaixonar por outro ou conquistar o Ryan em algumas semanas? — Tô ferrada!

— Kilayra! Já te disse pra não usar a língua estranha daquelas pessoas! A propósito, adiantarei que tenho pra vocês duas um presente muito especial.

— Está bem.



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Presentes? 

Adoro presentes! O que será? 


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Aquele Abraço,




A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoWhere stories live. Discover now