Capítulo 42

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Durante a noite do dia seguinte ela ouviu o sinal, que chamava pela princesa. Fechou a porta do seu quarto e saiu desembestada pela porta secreta, usando o mapa e virando sempre à direita, ela chegou ao final do corredor e seu coração parou no peito. Ryan estava ali, na frente da porta secreta e se apressou em abraçá-la.

— O que foi? – surpresa, quis saber.

— Estamos contentes em saber que ainda se lembra dos velhos amigos e de nossos planos, precisamos continuar com os treinos — Ele queria voltar a passar algumas tardes na companhia da amada jovem.

— Ryan, eu não sei se sou capaz de treiná-los, preciso de mais tempo, posso não me lembrar de tudo o que precisarei.

— Está bem, já estamos muito contentes por sua melhora. Vamos cavalgar um pouco?

— Claro — Ela montou.

Subiram na sela, ele ia atrás, garantindo-lhe a segurança. Os corpos estavam colados. Ela se arrepiava com a proximidade. Ele a abraçou ao segurar as rédeas. Passaram pelo Jardim do Campus e entraram para a floresta parando em uma clareira onde a luz das luas iluminava o local. A noite estava iluminada, uma característica típica daquela época do ano.

— Qual o motivo de me chamar aqui?

— Recebemos seu bilhete. Estou preocupado, Ritshy sumiu desde que aconteceu sua queda.

— A Ritshy? Não se preocupe, eu a mandei até Mercedan — mentiu.

— Sozinha? Mas é perigoso! — não gostando do que de ouviu.

— Não está só. Foi com um grupo de minha confiança. Demorará algum tempo, acredito que retorne após as festividades e o torneio.

— Estranhei que ela não falou nada comigo, ou mesmo se despediu. Saiu no meio da noite e não voltou. Mas se diz que não há perigo...

— Fique tranquilo — sentia-se vitoriosa, afinal ele sentiu sua falta. — Fui eu quem pediu a ela segredo sobre sua missão. Ela teria se despedido se houvesse oportunidade. Mas em breve estará de volta.

— Estamos com um novo plano. É o seguinte...

Após ouvi-lo falar tão apaixonadamente, pôde ver o brilho nos seus olhos que tantas outras vezes observou, seu encanto aumentava. Ele agora a olhava de verdade. Ele a admirava.

Ouviram um barulho. Ele parou de rabiscar no chão e olharam na direção do som. Podia sentir a vibração do seu amor quando ele a tocou no braço, numa tentativa de protegê-la. Era um roedor que saía de uma moita verde. Após sorrirem da cena, ela emitiu sua opinião.

— Não acho que dará certo.

— Por que diz isso?

Estranhamente, sentiu uma diferença na mulher amada. Via alguma coisa que antes não estava presente naqueles olhos. Podia sentir que agora ela o olhava, ela o via. Percebia sua presença. De uma maneira como jamais havia feito antes. Havia aprendido a amar aquela figura ao longo dos anos. Consciente e conformado por ser um amor platônico. Naquele instante, entretanto, percebeu que algo havia mudado na garota. Gostou da mudança. Isso a trouxe para mais perto. Quem sabe um dia Kilayra retribuísse seu amor e então ficaria mais fácil esquecer seu amor proibido? Um amor que o acompanhou desde a infância... Um amor que Ryan manteria em sigilo. Antes, amar a impossível e inatingível criatura sorridente à sua frente.

— Precisamos de mais gente por aqui, caso sejamos presos neste local. Estaremos também mais à frente e soltaremos nossos homens bem ali. Montamos uma equipe aqui, o que garantiria o sucesso da nossa emboscada caso alguém aparecesse por este lado, ou este — ela olhou o jovem e não entendeu o que estava impresso naquele sorriso, naqueles olhos. "Então é assim o olhar de um homem apaixonado?" — pensava e sorria de volta.

— Isso é perfeito! Tão brilhante quanto os planos de Ritshy.

— Isso foi um elogio, suponho?

— Sim, princesa — assentiu com conhecimento de causa e continuou. — Ela é muito perspicaz quando estamos fazendo um planejamento como esse. É capaz de encontrar os menores detalhes que poderiam dar errado. Habilidade muito útil — ele corou pela forma descontraída com a qual falara com a princesa.

— Então agradeço o elogio, mas preciso ir.

— Não se ofendeu com a comparação, não é mesmo?

— Ofender-me? Por que?

—Ritshy é uma moça inteligente, engraçada e uma grande amiga. Ela é perfeita! Sorte do homem para quem ela entregar seu coração. Vou me certificar que seja o melhor sujeito deste mundo para minha irmã.

— Acha mesmo tudo isso dela?

— Posso acompanhá-la até o Campus? – desconversou.

Assentiu em um movimento de cabeça testa-pescoço. Lembrou-se de que precisava voltar pela porta secreta, tendo em vista ter trancado a porta do quarto por dentro. Feliz pelo orgulho que ele sentia dela. Queria ficar mais tempo com ele. Sentia os músculos do braço do rapaz roçando em sua barriga enquanto ele comandava o galope do animal. Ele a trouxe junto ao seu corpo, no mesmo animal com qual intenção? Será que havia algum motivo escondido ou seria mesmo a falta de outro cavalo o motivo para dividirem a sela? Algum tempo depois ela estava cada vez mais envolvida por ele, protegida. Sentia-se amada como nunca antes, causando-lhe uma acalorada sensação nas entranhas. As borboletas! Lembrou-se que circulavam enlouquecidas em seu estômago. Era nítida a impressão de que se abrisse a boca, saltariam furiosas e desembestadas de lá de dentro.


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E o que será que ela aprontará?

Espero os votos e os comentários de vocês!
Aquele Abraço,

W.F.Endlich


A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoWhere stories live. Discover now