Capítulo 7 "Culpado?"

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[ Jessie ]

Olho para o grupo de familiares e faço um sinal que eu mesma tenho que resolver isso. Assentindo aos presentes dou alguns passos a frente e fecho a porta atrás de mim. Agora somo apenas Chris e eu.

- Por diversas vezes eu me calei, Chris. Mas agora eu vou falar tudo que está entalado aqui! -dessa vez nada que ele diga vai me fazer mudar de ideia. Por mais que me doa... -Eu já cansei de tentar manter o nosso relacionamento sozinha. Sou sempre eu quem tem que abrir mão das coisas, sempre eu que passo em cima das minhas mágoas por amor a você, mas agora já chega! Será que uma vez na vida você não consegue deixar de ser egoísta e pensar um pouco nas pessoas que estão ao seu redor? Hoje não se tratava apenas de mim, Chris, mas da nossa família também! Você tem noção da quantidade de planos que eu fiz pra hoje? Aliás, não só pra hoje... Pra vida inteira que eu planejei ter ao seu lado e que VOCÊ, simplesmente, não deu à mínima! O Joe estava certo por não dar crédito a você... -paro de falar para recuperar o fôlego e acabo dando brecha para que ele volte a tentar se explicar.

- Jessie, que porra é essa de Joe? Você foi falar com ele, PRA QUE? – Falou alto com os olhos duros pra mim. – Ele não tem nada a ver com a nossa vida. NADA!

Chris sentiu sua ferida ser tocada com o nome do meu melhor amigo. Mas isso não importa, se ele não liga para os meus sentimentos... Danem-se os dele também. Ele ignorou completamente o que eu disse e só escutou o que quis, como sempre. Estou cansada disso!

- Pelo amor de Deus, Chris, não seja hipócrita! Será que nada do que eu disse foi relevante? Só o fato do meu melhor amigo ser meu confidente é o que importa pra você? -começo a andar de um lado para o outro. -Se você quer saber, ele sim se importa comigo. Mesmo você sendo esse idiota, ele ficou feliz quando contei do nosso casamento, porque pra ele, o que importa é que eu seja feliz, independente de quem esteja ao meu lado. -volto a encará-lo de frente. -Agora olha pra você! Quem você acha que é pra me impor alguma coisa? No dia do nosso noivado você preferiu sair com seus amigos pra se embebedar e me deixar aqui, igual uma palhaça esperando por você, preocupada achando que pudesse ter acontecido algo grave, já que nem pra atender a merda do celular você serve!

- Eu já disse que não tive culpa do atraso, CARAMBA!!! Será que você também não me entende? Que merda, Jessie!? – Gritou.

Christopher nunca gritou comigo. Mesmo em nossas piores discussões, isso nunca ocorreu. Agora meu coração se partiu ainda mais. Minha vontade é de mata-lo então vou pra cima dele com tapas e empurrões. Deus, eu nunca estive tão furiosa! Chris segura meus pulsos e grito com ele. Mas não me solta dele. Abraça-me com toda força... Tenho tanta raiva que sinto nojo do cheiro de álcool que vem de seu hálito e roupas. Eu quero o homem por quem me apaixonei. O homem que me prometeu um futuro.

- Jessie, se acalma e vamos conversar lá dentro. Por favor. – Falou moderado.

- EU NÃO QUERO CONVERSAR. ME SOLTA!- me debato até que ele me permite sair de seus braços. Choro copiosamente ao ver a que ponto chegamos. Ouvindo a gritaria, nossos pais saem lá de dentro e pedem por calma. -Eu estou calma, não se preocupem. -falo olhando para todos os quatro. Voltando a Chris, concluo, entre dentes. - Eu não quero que você se aproxime de mim, nunca mais. Eu aguentei muita coisa de você, mas hoje passou dos limites. Não tenho a menor obrigação de aturar essa humilhação, de ter que ouvir você levantar a voz pra mim. Já chega! Saiba que eu me arrependo amargamente do dia que eu conheci você. -Deus, como doía dizer tudo aquilo. De repente o sonho de viver ao seu lado para todo o sempre, desmoronou. Todos ao meu lado se mantêm em silêncio. Boquiaberto, ele acompanha todos os meus movimentos quando olho para baixo e retiro o anel de noivado do meu dedo. Voltando a olhá-lo, sem ter forças para esboçar uma mínima expressão, decido colocar um ponto final nessa história. -Eu espero que você não machuque mais ninguém, Chris. -com a palma da mão o empurro, esfregando o anel em seu peito. -Quero esquecer que você existe, esquecer! -Saio correndo, descalça, em direção ao meu carro que ali estava estacionado.

Ouço-o gritar meu nome, e ao entrar no veículo posso vislumbrar seu pai o segurando e impedindo que ele venha atrás de mim. Dou partida e saio em alta velocidade, rumo a única pessoa que me faria bem nesse momento... Joe.

Minha visão está turva, no meu estado de nervos, corro o risco de sofrer um acidente a qualquer momento. Felizmente é como se eu tivesse sido guiada; em questão de minutos me vejo em frente a casa de Joe, sã e salva. Aperto a campainha, e aguardo ele abrir. Fazia frio lá fora, e eu abraçava meu próprio corpo. Pouco depois ele aparece. Sinto as comportas se abrirem ainda mais. Ele me olha confuso e preocupado, minha aparência deveria estar deplorável.

- ME ABRAÇA, JOE, POR FAVOR... SÓ ME ABRAÇA... –digo sentindo meu corpo desabar quando ele me pega.


CONTINUA >>>

Mais uma chance - Duologia *Livro 1*Where stories live. Discover now