Capítulo 1 "Sorry, baby!"

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[ Christopher ]


- Sim... Desta vez tem que dar certo! Ela vai me ouvir e tudo ficará bem. - Suspiro - É... tudo vai ficar bem. - Repeti a mim mesmo sem muita certeza. Respiro fundo ainda dentro do carro, em frente a casa dela. Não tenho coragem pra sair; é ridículo. - Sou um maldito cagão! Jessie me ama. Ela vai entender que os caras me obrigaram a ir e... Eu bebi pouco. E não foi tão divertido assim. - Ah droga! Pra quem estou mentindo. - Bato a mão no volante, encostando a cabeça sobre elas em seguida - Eu sou um merda. O pior namorado do mundo.

Mais uma vez puxo ar para os pulmões impulsionando meu corpo a endireitar no banco. Sou um homem ou um rato? Por favor, não responda! Eu já sei. É noite e desligo os faróis do carro antes de sair e tranca-lo. Finalmente. A luz do quarto dela desliga. Isso é sinal que não me vê, mas continuo percorrendo o caminho até a entrada. Toco a campainha com o coração apertado. Não ouço ninguém vir. Bato outra vez, um pouco mais forte. Nada. A coisa está séria dessa vez. Afasto-me da porta para olhar a janela, que continua com a luz apagada. Sei que está lá dentro muito brava, mas preciso vê-la hoje. Olho para a árvore ao lado da casa vendo minha única alternativa a não ser escalar. E o faço sem dificuldade. Sempre fui bom em esportes no colégio, então, subir em árvores é algo que faria diariamente. Depois de chegar à altura da varanda atravesso uma perna depois da outra para entrar. Sou um invasor de casas agora, que merda! Dou alguns passos até a porta de vidro e bato três vezes:

- Jessie... Abre pra mim, amor. Eu sei que você está muito brava aí dentro, mas... Abre pra mim, por favor. - Disse num tom que ela ouviria até da cama.


[ Jessie ]


São exatamente 11h45 da noite. Mais uma vez meu namorado me deixou plantada. Nenhuma satisfação, nenhum sinal de vida; com certeza deve estar por aí bebendo com os amiguinhos dele.

-Você está muito enganado se acha que vou cair na sua lábia de novo, Christopher! - Falo para mim mesma enquanto olho a rua pela janela do meu quarto. Como sempre faz logo chegará com mais uma desculpa esfarrapada.

Estamos namorando há mais de cinco anos. Em alguns aspectos, ele sempre foi um garoto responsável, sempre fizemos planos juntos e pretendíamos nos casar assim que acabássemos a faculdade. Pois bem, isso foi há dois anos e, até então, nada! Não sei como ainda aguento tudo isso, Chris sempre foi de sair com os amigos e, sinceramente, não me importava. Exato, isso foi no passado! Quando ele passou a dar preferência à farra às coisas mudaram de figura... Faltando exatos dois minutos para a meia-noite, vejo seu carro se aproximando da minha casa. Como eu previa, ele veio mais uma vez se desculpar e esperar que eu o perdoe por mais essa falha. Assim que o vejo sair do carro desligo as luzes do quarto e espero que ele entenda isso como um sinal de que não quero vê-lo.

A campainha toca uma, duas vezes. De maneira alguma vou atender a porta, mas insistente como é ele vai acabar me vencendo pelo cansaço. A campainha não torna a tocar. Estranho, será que ele se foi? Doce ilusão, ele não perdera a mania de subir pela árvore até a sacada do meu quarto. Batendo na porta me pede que abra. Não respondo. Ele continua a pedir que eu o deixe entrar, mas permaneço calada. Seu tom de voz, já normalmente grave, começa a se alterar. Ele sabe ser irritante. Antes que os vizinhos achem que ele é um louco querendo assaltar minha casa, levanto pisando duro e abro a porta permitindo que ele entre. Mal olho em sua cara e volto à cama, dando as costas a ele. Cínico que é, se senta ao meu lado e passa a alisar minhas costas. O cheiro de álcool é facilmente detectado; mais uma vez na farra... Ao ver que não o correspondo ele torna a falar.


[ Christopher ]


- Eu sei que você está puta comigo, Jess, e você também sabe como são os caras... Eu achei que chegaria a tempo dessa vez. Eu juro. - Insisto, mas ela permanece em silêncio. - Fala comigo amor... - Deslizei a mão um pouco mais pra baixo fazendo carinho - Não podemos ficar assim, hm... Balanço a cabeça vendo que não seria fácil.

Ao contrário do que pediu, debruço sobre suas pernas colocando a cabeça sobre meus braços. Estou olhando pra ela, mas Jessie não olha pra mim. Posso ouvir sua cabeça lutando contra seus sentimentos por mim. Levo a mão direita ao seu antebraço arrastando as pontas dos dedos em sua pele macia.

- Eu sei que não sou um cara perfeito, Jess, mas eu posso melhorar. Podemos remarcar o nosso jantar e aproveitar como você quiser. Seus pais voltam só em duas semanas, não é mesmo? - Perguntei me amaldiçoando por estar bêbado o suficiente para esquecer as coisas. - Baby, eu sinto muito por fazer isso contigo. Você tem toda razão em me xingar porque sou mesmo um idiota... - Dou um suspiro por não ter tantos argumentos como gostaria. Vou tentar mostrar o quanto me importo. Afasto brevemente indo deitar atrás da minha garota. Seu corpo se retém em meus braços. Posso ver que é como se espinhos a cercassem, mas as rosas também são belas mesmo com seus espinhos, não?

- Jess, me perdoa... - Digo encostando a cabeça em seus cabelos. - Eu faço o que você quiser, mas não fica assim comigo. Não suporto te ver chorar. Sou o mais sincero que posso e espero que ela entenda que estou disposto a mudar. Quero ver minha Jessie sorrir como no início. Onde tudo era bonito e doce.


[ Jessie ]


Ao mesmo tempo que é difícil aceitar as burradas que ele faz, também é muito difícil dizer não quando ele me pede perdão. Sinto-me uma fraca todas as vezes que decido relevar a raiva que Chris me faz passar e voltamos a ficar bem. Quando ele se deita ao meu lado, na cama, minha vontade é de passar por cima de tudo e implorar para que ele nunca mais saia de perto de mim. Porque você é tão boba assim, Jessie? Devo ou não dar mais uma chance a ele? Viro meu corpo e ficamos frente a frente. Céus, ele é tão lindo. Seus olhos azuis sempre roubaram minha atenção mais que tudo. Vendo ele me olhar complacente sinto que ele quer mudar, mas também sei que nem sempre fazemos aquilo que gostaríamos. Meu medo é perdoá-lo de novo e ele voltar a me magoar.

-Tudo o que não quero é brigar com você, mas você não coopera Chris, quem me garante que vamos ficar bem e pouco depois você não vai aprontar de novo?

- Eu não vou amor, confia em mim. Dessa vez é diferente. Sinto que se não o fizer... - Ele olha pra baixo brevemente e volta a me olhar com medo e tristeza. - Eu não quero te perder, Jessie. Não quero que sofra mais por minha causa. Não quero mais fazer seu coração sangrar. Uma chance, amor... - Chris toca o meu rosto hesitante por conta do meu emocional abalado. - Apenas uma chance e vou te fazer a mulher mais feliz do mundo. Fecho os olhos e encosto nossas testas. Após pensar um pouco, decido me impor.

-Tudo bem, eu vou te perdoar, pela última vez. Mas por favor, não torne a fazer isso de novo. Nós estamos juntos e eu espero poder contar com você. - Digo olhando-o séria.

- E quando digo que é a última vez, falo sério! Se isso tornar acontecer... Eu juro que é um passo sem volta Chris, é a última chance que dou a você e espero que dê valor. 

- Não vai acontecer, Jess. Eu prometo! - Disse-me olhando em meus olhos.

Suas mãos estavam quentes em meu rosto. Quero acreditar nele, mas é difícil. Mas eu o amo e por isso estou o perdoando, de novo e pela última vez.

- Obrigada por ser a melhor garota do mundo. - Ele sorri lentamente fazendo meu coração derreter. - A minha garota.


CONTINUA >>>

Mais uma chance - Duologia *Livro 1*Donde viven las historias. Descúbrelo ahora