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A imagem rodava minha cabeça, fazendo uma dor se espalhar pelo meu corpo, meus olhos já vermelhos de tanto chorar e minha garganta ardendo de soluços.
Ela cancelou nosso jantar de aniversário pra se encontrar com outra pessoa, caralho, como eu fui tão burra?
Minha cabeça estava jogada no travesseiro quando o som da porta da frente abrindo soou pelo apartamento, não demorou pra ela aparecer no quarto, com as roupas que tinha saído pela manhã, com um sorriso idiota no rosto.
Lauren tentou se aproximar mas eu logo desviei do seu toque, levantando da cama e tendo ela separando nós duas.
A mulher desmanchou o sorriso e me olhou confusa.
— Aconteceu alguma coisa? - sua pergunta me fez revirar os olhos, como pode ser tão cara de pau? - se foi por causa do jantar, eu já falei que a culpa não é minha, o produtor que estendeu as coisas na gravadora...
— Claro, porque a culpa nunca é sua, não é?
— Sério que você vai fazer drama por causa disso? - a mulher soltou um riso debochado, virando de costas pra mim e sentando na cama.
O nó na minha garganta só aumentava, junto com a angústia de ter ela ainda perto.
Peguei o meu celular na mesinha ao lado da casa, abrindo na foto que me foi enviada a algumas horas, dei a volta na cama, entregando o celular pra ela, que me olhou confusa antes de pegar o aparelho.
Os olhos dela se abriram quando captaram a imagem dela nos braços de outra mulher.
Ela levantou rápido, deixando o celular de lado e me segurando pelos braços, eu não tentei me afastar, não ia adiantar mesmo.
— Quem te enviou isso?
Sério? Ela estava mais preocupada com isso do que com o que eu tô sentindo? Ela ao menos já se importou com o que eu sinto?
— Isso é o mais importante agora? - não era difícil de notar a acidez na minha voz.
— Lia, não é o que parece, tá bom? - suas mãos me apertavam, me puxando pra mais perto dela.
Foi involuntário quando coloquei uma força contrária a sua, me soltando dela. Lauren respirou fundo, fechando os punhos e me olhando com arrependimento
Só não sei se o arrependimento é por ter me traído ou por ter sido descoberta.
— Pra mim parece exatamente o tá nessa foto, eu só não entendo o porquê - eu não aguentava mais segura os soluços e as lágrimas, meu peito ardia com cada expiração e isso me tirava o fôlego.
— Ela não significa nada, foi só um deslize - sua tentativa de tentar se explicar me arrancou um riso ironia, negando com a cabeça enquanto ela ainda tentava se aproximar.
— É? E você disse isso pra ela? - seu silêncio foi a única resposta que veio - você é tão baixa, Jauregui, e eu devia saber disso.
Eu caminhei até o armário, tirando de lá uma mochila com algumas roupas, pegando um casaco pra me proteger do frio lá de fora.
— Pra onde vai? - ela seguia atrás de mim, até eu para na porta pra sair do apartamento.
Sua mão agarrou a minha que estava na maçaneta da porta, eu puxei de volta e a empurrei, perdendo o resto da minha paciência.
— Não encosta mais em mim, tá ouvindo?! Você não tem mais o direito disso, e não se preocupe em me procurar, tenho certeza que vai procurar consolo entre as pernas dela!
O barulho da porta batendo poderia ter incomodado muito os vizinhos, mas eu realmente não ligava, dentro do meu carro, ainda no estacionamento do condomínio, tudo parecia mil vezes mais pesado.
Minhas mãos trêmulas não me deixavam da partida no carro, mas eu precisava.
