𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒, Manjiro Sano

32.

Chegando na rua que era repleta pelas luzes vermelhas do enorme estabelecimento, percebi que o olhar de Mikey ficou curioso e o aperto em minha cintura foi se afrouxando aos poucos.

Desde que saímos do restaurante, ele permaneceu calado. Não falou nada, nem me provocou ou algo do tipo. Entendo que esse era o momento dele, porém, o mesmo teria que superar isso.

Ao estacionar a moto ao lado do bordel, permaneci parada olhando a entrada do local. Pessoas extremamente conhecidas saíam e entravam, os sorrisos maliciosos dançavam por seus lábios.

E pensar que no começo eu tinha medo disso.

Tirando as mãos do Sano de minha cintura, desci do automóvel enquanto enfiava a chave da moto no bolso da jaqueta. A atenção do homem ainda era voltada para o bordel, então, nem sequer olhava ao seu redor.

Mikey parecia hipnotizado com a iluminação avermelhada.

— Por que não entra? Talvez uma das meninas tire essa sua cara de bunda. — disse chamando sua atenção. — Procure por Miwa Hasegawa, ela é uma das melhores do bordel, com certeza vai tirar essa sua expressão de morte. 

— Eu prefiro você. — retrucou de forma sedutora. Ele desceu da moto e se apoiou na mesma, logo afundando as mãos nos bolsos da calça. — Nenhuma mulher pode chegar aos seus pés.

— Ah, claro. A única diferença entre eu e elas, é que sou extremamente traumatizada. — ri em escárnio. — Anda, vai lá. Eu te espero aqui fora.

— Por que não vai comigo? Escolhemos um dos quartos e transamos até o amanhecer, claro, se você ainda tiver energia... Mas se bem que, aquele Haitani conseguiu te deixar satisfeita? — ergueu uma sobrancelha.

Coloquei meus braços ao redor do homem, me apoiando sobre a moto e deixando-o sem saída. Ele sorriu de canto enquanto cruzava os braços me observando com calma.

— Me lembro de você estar todo pra baixo há 5 minutos atrás. Por que não volta à ficar pra baixo? Por mais irritante que seja vê-lo daquele jeito, quieto você é um poeta. — digo de uma vez só, vendo o Sano manear com a cabeça.

— Você queria que eu voltasse ao normal, então, eu voltei. Sou o Mikey insuportável que você ama. — sorriu de canto, descruzando os braços e levando a mão direita para minha bochecha, onde deslizou o polegar pela mesma.

— Ao menos você sabe que é insuportável. — dei de ombros. — Porém, errou na parte que o amo.

— Ah, vamos lá, Yumi. Não sente nada por mim, uma consideração sequer? — questionou incrédulo. — Você se preocupou comigo, quis me ver bem, por isso estou aqui agora.

— Você 'tá aqui, porque me viu saindo do hospital, eu sabia que poderia ir atrás de mim, então, o trouxe comigo. — rapidamente ergui uma sobrancelha em descrença, ao sentir ele passar seu polegar por meus lábios.