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LUKE HESITOU POR UNS SEGUNDOS antes de prosseguir. Pelo estalar dos nós dos dedos, percebi que estava mesmo nervoso.

— Merda, não acredito que vou ter que contar essa história, mas se é para colocar tudo em pratos limpos... vamos lá. — Ele inspirou fundo. — O Lucca de dezessete anos era meio virado nas ideias. Sabe, o estereótipo de filhinho-de-papai rebelde que não valoriza o que tem e só quer saber de curtir a vida adoidado. — Rolou os olhos. — Tive muito problema com meu pai, já que nas poucas ocasiões que aparecia em casa ele só sabia me repreender. Já minha mãe se cansou de tudo e foi viver em algum lugar em Miami, nós quase nem nos falamos mais. Certo, estou perdendo o foco. A questão é que eu achava que apenas uma pessoa me compreendia completamente: Sophia. — Ele deu um sorriso fraco e triste com a lembrança. — Nós praticamente crescemos juntos. Depois, ela foi morar na Itália e só vinha para as férias, mas quando estávamos juntos era perfeito. Eu era maluco por ela. Costumava achar que tínhamos nascido um para o outro. O único problema é que... ela era minha prima.

Oh, por que eu não estava surpresa? Tá, talvez eu estivesse só um pouco surpresa de como isso não me afetava mais. Nadinha.

— Além de ser três anos mais velha. — prosseguiu. — Claro que a família não iria aceitar de boas, então não avançava por medo. Nem meus amigos me apoiavam. Você os viu lá no shopping: Aaron, Josh e Natasha. Nós nos considerávamos os "três mosqueteiros" da Crawford...

— Espera. Você disse "Crawford"? Tipo, "a" Crawford?

Na verdade, era isso que eu queria perguntar: A Crawford International School, o Instituto para alunos com dupla nacionalidade; simplesmente o melhor colégio de São Paulo e consequentemente, o melhor do Brasil ?! Que, perto dela, o Saint Louis parecia um jardim de infância e a mensalidade deveria custar mais do que um carro popular?

— É, ué. — ele respondeu como se não fosse nada demais. Nem sei por que perdi segundos da minha vida ficando chocada com aquilo. Luke morava numa mansão e dirigia um Porsche, pelo amor. — E o rolo com eles começou quando a Natasha se declarou pra mim. Eu não queria que o grupo se desfizesse, e gostava muito dela como amiga. Como achei que eu e Sophia nunca daríamos certo, dei uma chance pra Natasha, pensando que, com o tempo, poderia me apaixonar por ela. Só não esperava que Sophia fosse ficar doida com aquilo. Assim que soube, pegou o primeiro avião de Florença pra cá.

— Sério? Que loucura! — Arregalei os olhos e sorri, como se aquilo fosse o babado do ano. — Acho que ela gostava mesmo de você, então.

— Eu também achei! — Ele devolveu o sorriso, exibindo os dentes. Naquele momento, tive a impressão de que poderíamos ter sido assim, bons amigos, se não fosse todo esse afã por termos algo amoroso. — E você nem vai acreditar no que ela fez em seguida: pediu para fugirmos juntos.

O quê?! — exclamei, rindo incrédula.

— É! Assim, sem mais nem menos. Sem rota, planejamento, nada. Só uma passagem de avião para a Itália. E... — ele voltou a ficar sério, pesaroso. — Eu fui. Não pensei duas vezes. Larguei tudo: o colégio, os amigos... e arrasei o coração da Natasha. É por isso que eles me odeiam até hoje. Nem liguei para terminar com ela ou me despedir. Só peguei meu passaporte italiano e fui. — Ele bufou e passou as mãos pelo rosto, terminando por bagunçar seus cabelos. — Idiota, né? Inconsequente, achando que viveríamos apenas de amor. Mas não demorou muito para meu pai saber e cortar meus cartões de crédito. Daí, passei a depender quase totalmente dela e do seu trabalho como modelo e atriz debutante. Eu até arrumei uns bicos, mas não durava muito. Não estava acostumado a trabalho braçal. Playboyzinho burro, lembra?

Segredos dele, Mentiras delaWhere stories live. Discover now