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— BEATRICE, PODE VIR. — PAPAI me chamou em meu quarto, à noite. Suei frio. Era chegado um dos momentos que eu mais temia – aquele em que eu precisaria encarar mamãe.

Ela e papai conversaram antes por uns trinta minutos, e na minha mente, estavam discutindo as melhores formas de me castigar. Talvez me isolariam num porão, onde viveria sem conforto, entretenimento e vida social até meus quarenta anos; ou quem sabe me enviariam para um convento no cume de um monte, onde pudesse pagar pelos meus pecados e aprender a realmente ser uma boa pessoa. Imaginei milhares de possibilidades, e, quando entrei no quarto deles, eu estava preparada para tudo, menos para aquela reação.

Recebendo-me com um rosto banhado de lágrimas, mamãe me abraçou.

Aquilo me desarmou por completo. Invadida pela avalanche de emoções dos últimos dias, agarrei-me a ela e desatei a chorar igual a um bebê. Ela me acarinhou com suaves afagos nas costas. Ficamos assim por vários minutos, até eu conseguir me acalmar.

Depois, papai tomou minha mão com carinho e me conduziu ao elegante e aveludado divã disposto ao lado da espaçosa cama onde se sentaram, de frente para mim. Com a voz carregada de preocupação e pesar, papai iniciou nossa conversa.

— Beatrice, querida, estou mesmo muito triste com tudo o que aconteceu. Sua mãe já havia comentado sobre suas mudanças de humor recentemente. Achávamos que era apenas um grande estresse causado pelos estudos e pelo fim de semestre. Mas o que realmente está acontecendo, filha?

Fiquei um tempo calada, apenas fitando o chão. Aquele era o momento da verdade. Era agora ou nunca. E precisava abrir tudo desde o início ou não entenderiam a profundidade do que estava passando. Contudo... era extremamente difícil. As palavras pareciam entaladas em minha garganta.

— Queremos ajudar, filha. Confie em nós. — mamãe me incentivou carinhosamente.

Meu queixo tremeu outra vez, e mexi as mãos em nervosismo enquanto travava uma batalha interna comigo mesma. Por que tinha tanto medo? O que de pior poderia acontecer? Eu já estava no fundo do poço mesmo, e duvidava que houvesse palmos mais abaixo. Então, meio devagar, meio perdida, meio tropeçando, comecei a falar.

E bastou que abrisse um pouco a tampa do bueiro para que meus segredos e mentiras começassem a jorrar um por um.

Confessei as minhas técnicas de dissimulação e como muitas vezes fazia isso com eles mesmos para que pensassem que eu era uma boa filha. Expressei como me sentia quando mais nova e como as lembranças distorcidas sobre Hiero foram as principais motivações para minhas farsas. Contei sobre meu plano de vingança quando o rapaz veio morar conosco, a aproximação com Luke e nosso relacionamento, o incidente com Jorge, as provocações de Karina e tudo o que aconteceu no dia da piscina.

Também revelei ter descoberto o diário de Hiero e assim, destravado minhas memórias. Meio hesitante e sem muitos detalhes, relatei o incidente daquele dia fatídico, tomando o cuidado de não expor Hiero.

Segredos dele, Mentiras delaWhere stories live. Discover now