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— BIBI. BEATRICE. ESTÁ ME ouvindo?

A voz de mamãe trouxe-me de volta à realidade. Ela terminara de empilhar três travesseiros embaixo do meu tornozelo ainda vermelho e inchado, esperando que a altura pudesse melhorar a circulação sanguínea do local.

— Está confortável?

Como demorei a responder, reforçou:

— Bibi. Está tão avoada. Aconteceu mais alguma coisa nesse... nessa reunião para o trabalho da feira científica? Não foi alguém que fez isso em você, não é?

— Não, mamãe. Realmente foi um acidente... Ai. Acho que dois travesseiros é o suficiente. Isso aí está parecendo mais a Torre de Pisa.

Naquele fim de tarde, quando me viu chegar em casa mancando, levou-me prontamente à emergência para ter certeza de que não havia trincado ou fraturado algum osso, apesar dos meus protestos. E graças a Deus, era só uma contusão mesmo.

Constatamos que não haveria jeito de usar meu quarto por alguns dias, já que precisaria subir as escadas. A solução? A pior possível! Sim, teria de passar momentaneamente para o quarto do andar debaixo. Claro que não iria dividir o espaço com Hiero – e, para meu alívio, não seria adequado que ele ficasse no quarto de uma moça – por isso, acabou indo para o quarto de Bruno, o qual era igualmente espaçoso.

Então, lá estava eu, deitada igual uma pamonha esmagada na cama de Hiero, com a perna pra cima, totalmente de molho.

— E que o inferno comece novamente. — Mikhel torceu os lábios enquanto dirigia-se ao seu espaço no quarto.

— Filho! — mamãe soou severa. — Isso é maneira de falar?

— Mas, mãe, ela vai ocupar o banheiro por mil horas, falar alto no celular e exigir que eu vá buscar coisas pra ela na geladeira!

— Sua irmã está machucada. E você vai ser bonzinho e ajudá-la no que for preciso.

O garoto bufou alto, dando-se por vencido. Era o fim da discussão. Dona Márcia conseguia sempre prevalecer em sua palavra, não importava a situação.

Eu permanecia inerte, ainda a divagar nas estrelas do meu mundo secreto, revendo cenas e sentimentos escondidos. Mesmo após o beijo de boa-noite, ainda não conseguia esquecer a ternura das mãos que seguravam as minhas em um pedido amoroso.

Você pode estar me perguntando o que aconteceu depois do pedido de Luke. E, bem, devo confessar que a minha resposta talvez não seja bem a esperada. 

Na verdade, sob a instrução dos meus pais, eu já vinha treinando uma resposta para essa pergunta há algum tempo. Eu sabia que para eles o assunto de namoro era muito sério, então não poderia arriscar fazer algo impensado. E nem era pelo medo de ter meus privilégios retirados caso não seguisse as regras da família — como você sabe, vê-los decepcionados comigo era muito pior.

Segredos dele, Mentiras delaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora