18.

411 70 161
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


ACHAR UM ENDEREÇO NOVO nem sempre era uma tarefa simples. Embora já tivéssemos GPS nos carros, algo até bem sofisticado na época, o aparelho não era tão útil para pedestres. Então, como a gente fazia? Recorríamos às pesadas listas telefônicas, onde lá no fim havia mapas detalhados de todos os bairros. Que trabalheira! E ainda assim era fácil se perder, e nessas horas... haja prece para encontrar uma alma caridosa que mostrasse o caminho certo – e se fosse um taxista, era ainda melhor.

Para que isso não acontecesse, Hiero e eu estudamos cautelosamente o endereço de Luke nas páginas amareladas cheirando a jornal velho. Até que a casa dele não era tão longe; ficava no Morumbi. Dava só três paradas de ônibus e uns dez minutos de caminhada. No entanto, quando nos deparamos com o muro arborizado da suntuosa residência em estilo europeu, até achei que tínhamos nos enganado e achamos a mansão de alguma celebridade sem querer!

— Mas está certo — Hiero procurou me tranquilizar. — Rua Antônio de Andrade Rabelo, 425. É aqui mesmo.

Ele segurava o endereço anotado num papel em uma mão, e na outra, a sombrinha larga, a qual nos abrigava do sol castigante do início da tarde. Ambos carregávamos nossas mochilas com alguns materiais de estudo e nossos itens pessoais para a tal "festa na piscina" – que, para mim, seria perfeita se meu período não tivesse resolvido dar as caras justamente antes de eu sair...! Que ódio. Por que essas coisas só acontecem comigo?

— Uau... — exclamei quando o portão com entalhes dourados abriu automaticamente após a autorização. A segurança era super reforçada. Tinha câmeras para tudo o quanto é lado.

Seguimos o caminho de concreto escovado, que circundava o lindo jardim de hortênsias e arbustos perfeitamente podados. Um pequeno chafariz se encontrava no centro dele. Então, chegamos à entrada principal, onde janelões e uma porta dupla de cristal nos davam as boas vindas.

Um empregado uniformizado nos deixou entrar. Ficamos esperando no lobby adornado por quadros pintados à mão. Bem ao centro, um lustre descia majestoso como uma cascata cintilante sobre os pés da escadaria em mármore.

— Bea, feche a boca. — Hiero me cutucou de leve.

Eu sei, deveria estar parecendo uma caipira, mas não podia evitar olhar para todos os lados. Tudo era deslumbrante demais.

— Chegaram bem na hora! — ouvimos a voz de Luke ecoar do segundo andar. Localizei-o descendo as escadarias depressa. Fiquei surpresa ao vê-lo vestido tão casual (óbvio, ele estava em casa), mas aquela camiseta com estampa floral, a bermuda caqui e os óculos de sol Ray-Ban o deixavam com cara de plaboyzinho americano, estilo nada a ver com o que estava acostumada. — Ótimo, porque Mima, Dahlia e... bem, os outros já estão esperando na biblioteca. Ou melhor, eram para estar... — Ele começou a nos guiar pelos cômodos e corredores que pareciam ter saído de alguma revista de decoração.

Segredos dele, Mentiras delaWhere stories live. Discover now