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Nota da autora | Devido ao comprimento do capítulo, ele foi dividido em dois, apenas para facilitar a leitura. Contudo, recomendo que os leia em sequência ( 。• ᵕ •。 ) para não perder o fio da meada dos acontecimentos. Obrigada e ótima leitura!

 Obrigada e ótima leitura!

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COMO SE CHAMA ESSE LIMBO existencial entre amigos e namorados? Embora tivesse procurado sobre o assunto nas minhas revistas de fofocas favoritas, não achei nada que pudesse definir meu relacionamento com Luke nos dias seguintes. Uma espécie de cortejo... talvez? Sabe, aquele tipo de paquera do tempo dos nossos avós – flertar apenas com as palavras, olhares, cartinhas e presentes – nada de contato físico.

Em tempos de ficar-sem-compromisso, sua paciência com minhas limitações era algo louvável. Sempre parecia preocupado com meu bem-estar (principalmente enquanto me recuperava do tornozelo); ajudava-me com os materiais; enviava-me bilhetinhos ora engraçados, ora românticos; e começou até a me dar flores e chocolates. Todo dia encontrava um deles no compartimento inferior da minha carteira.

Naquele fim de tarde, estávamos empacotando nossas coisas após mais um ensaio da nossa peça. Trabalhando como uma máquina, Hiero havia conseguido terminar o roteiro quase uma semana depois daquela reunião na casa do Luke, e o grupo de cada ato passou a ensaiar em uma sala diferente após as aulas nos dias de segunda, terça e quarta.

— Você sabe que meu pai é o pró-reitor do Saint Louis, não sabe? — Cheirei o pequeno ramalhete de margaridas coloridas e coloquei-as com cuidado em minha mochila. Gostava assim: de discrição. No entanto, receava que uma hora ou outra isso pudesse acabar parando nos ouvidos de papai.

O loiro piscou os olhos, mantendo os lábios entreabertos por alguns segundos.

— Meu Deus, Bea, você deveria ter me contado! — Em seguida, retornou à sua postura descontraída de sempre. — Será que é muito tarde para comprar uma passagem para fora do país?

Levantei os olhos das flores, mantendo um sorriso incrédulo no rosto.

— Claro que estou brincando, gatinha. Relaxa. Se ele vier falar comigo, já tenho até o discurso pronto. Pensando bem, vou no escritório dele agora mesmo... — E virou-se bruscamente, dirigindo-se para a porta.

— Você tá doido?! — Segurei o seu braço, caindo na risada.

— Olha que eu vou, hein!

Nesse instante, Hiero entrou para pegar suas coisas. No impulso, soltei Luke e escondi o arranjo atrás de mim. Ah, que raiva, de novo... Não sabia porque, mas simplesmente não conseguia evitar o intenso desconcerto quando eu interagia com Luke na presença de Hiero. Era como ser surpreendida roubando comida da geladeira de madrugada ou ser vista com máscara de beleza no rosto – a vontade era de cavar um buraco e me enfiar dentro, embora Hiero nunca tivesse demonstrado nenhum tipo de julgamento.

Segredos dele, Mentiras delaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora