ɪᴅᴀ ᴀᴏ ᴘᴀssᴀᴅᴏ - ᴄᴀᴘɪᴛ 33

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𝐃𝐚𝐦𝐨𝐧

Com ela ainda em meus braços, agora dormentes, mas não capazes o suficiente de tirá-la daqui, o lugar que ela escolheu para se deixar ainda mais vulnerável, o lugar que ela escolheu para descansar ou onde ela escolheu para que sua mente pudesse reconstruir o muro que foi derrubado.

Sem movê-la de forma brusca, juntei-a  ainda mais ao meu corpo e me levantei do chão, frio e gelado depois de um dia chuvoso, com certeza o céu recebeu as súplica da minha mulher, qualquer um podia ouvir seu grito no escuro. Comecei a andar por sua casa, tentando descobrir onde fica seu quarto, subi escadas, abri portas e nenhum deles mostrava ser dela. Até abrir uma porta em específico.

Uma porta com a maçaneta de prata, prata pura, abri a mesma e vi o interior do quarto, uma cama sem os pés, o mais próxima do chão possível, janelas grandes de vidro, por instinto imagino que sejam blindados, uma cadeira de balanço como uma rede de descanso pendurada ao teto, travesseiros grandes e pequenos, um grande aquecedor, cobertores e edredons dobrados. Sorri minimamente, seu intuito é que seu quarto seja o mais confortável possível, seu subterfúgio, sua forma de fugir dos monstros.

Com passos silenciosos cheguei a beira de sua cama, a deitei. Fiz quase um ninho com seus lençóis e cobertas, desgrudei alguns fios de cabelos presos ao seu rosto com a cola, a cola que escorreu de seus olhos por horas, suas lágrimas. Ainda podia ver a trilha que elas deixaram para trás, sua boca ainda levemente inchada, sem querer falar sobre seus olhos, inchados de tanto que tentaram se expressar.

Me coloquei ao seu lado e fui me ajeitando até conseguir colocar ela sobre meu peito, enquanto ele subia e descia lentamente, me peguei analisando cada traço seu e me castigando por não ter aparecido antes em sua vida, quantas coisas poderiam ser evitadas, não faz sentido ser ela quem devesse sofrer tanto assim, nunca vai fazer.

Seu corpo deu um pulo, como se tivesse tendo um daqueles sonhos onde você cai de um lugar alto, fiquei atento e pude notar seus olhos abrindo rapidamente, suas mãos apertando meus braços como se tivesse se segurando.

- Damon??- Perguntou levemente assustada.

- Estou aqui, sou eu. Ainda estou aqui, minha cerejinha.- Suas mãos afrouxaram, contornei seu corpo e a abracei. Seus músculos relaxaram.

Respirou fundo algumas vezes, até ter forças o suficiente para se sentar de costas para mim, ao meu lado. Fiquei parado, esperei suas palavras, ou até seu silêncio. Esperei ela.

- Eu... Você... Tenho que...- Vi ela fechar as mãos com força, notei seus cílios tocando os cílios de baixo, com força também, franzi o cenho pensando se deveria interferir ou não.- Obrigada.

Suas palavras não foram forçadas, foi como se ela precisasse dizer, foi um alívio instantâneo.

- Sabe que não precisa agradecer, né??- Sorri gentilmente e me encostei na parede.

Sua roupa de trabalho ainda no corpo, o peso do mundo ainda sobre o corpo, as lágrimas de anos de trabalho em seu rosto.

- Eu estou aqui, meu amor.- Minha voz nunca foi tão suave, não como agora.

⚠️ (ALERTA GATILHO - automutilação, tortura, abuso sexual, pânico.) ⚠️

- Eles entraram na minha mente de novo, eles bagunçaram tudo de novo, as vozes, as sensações, as dores, a tortura, o pavor...- Ela começou a falar. Sua voz embargada, mas que significava que ela seguraria o choro até seu máximo.- Eu escutei tudo de novo, Damon. Eu sou uma máquina, eu sou um lixo, o amor vem de dor e sexo, o amor vem da poça de vermelho escuro no chão, o amor vem das chicotadas, vem da dor no seu interior, da dor de ser amarrada pelos pés e mãos, da queimação que um ácido te causa internamente, das formas de te fazer suportar um afogamento, da dor de terem quase dilacerado seu útero, tudo isso em prol de um amor verdadeiro...

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2022 ⏰

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𝐏𝐔𝐗𝐄 𝐎 𝐆𝐀𝐓𝐈𝐋𝐇𝐎 - por Azzi (reescrevendo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora