Capítulo 69: Irmãos.

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Axel

Não existem muitas coisas no mundo que retém minha total atenção e por qual eu me importo de verdade. Mas Kayla certamente está no topo disso. Por isso, quando ela saiu correndo sem dizer sequer uma palavra, com uma expressão de pavor no rosto, não me preocupei se ainda estava cansado. Ou se ainda precisava descansar. Me coloquei de pé no mesmo instante, sobre os protestos de Kenji.

—Se a pegarem, ela vai ser morta na mesma hora! —Afirmei, pegando minha jaqueta e terminando de me vestir.

—O que você acha que aconteceu? —Kenji questionou, descendo as escadas atrás de mim, parecendo com medo de que eu me estatelasse nos degraus. —Cara, você deveria estar deitado.

—E Kayla deveria estar aqui com a gente! —Rebati, sentindo vontade de dar um soco no meio da cara dele.

—Puta merda, você tá mesmo apaixonado. —Olhei pra ele, parando quando desci toda a escada. Kenji estava com uma expressão de choque. —Achei que isso era impossível de se acontecer.

—Sério, Kenji? Não é hora pra falar de sentimentos! —Resmunguei, indo em direção a saída da casa.

—E quando você vai falar sobre isso? —Indagou, andando apressadamente para me alcançar. —Cara, você tá apaixonado mesmo?

—Eu estou a um passo de dar um soco no meio dessa sua cara perfeita! —Declarei, pra no segundo seguinte ele explodir em uma gargalhada. Revirei os olhos, continuando a andar.

—Axel, peraí, irmão, vamos conversar sobre isso... —Kenji falou, ainda rindo. Parei de andar quando sai para o gramando, em meio a chuva, dando de cara com Alissa.

—Pra onde ela foi? —Questionei, vendo que ela parecia completamente confusa por me ver ali, de pé. —Você viu pra onde ela foi?

—Pra floresta. Em direção a cidade. —Afirmou, apontando para a floresta que se estendia na frente da casa. —O que aconteceu?

—Não sei. Mas precisamos ir atrás dela. —Afirmei, sentindo as sombras se movimentarem ao meu redor. Levei os dedos na boca e assobiei, ouvindo um uivo em resposta. O lobo apareceu no início da floresta, aguardando que eu desse alguma ordem. —Obrigado pela ajuda, Alissa. Diga a Gregory que nos vemos em breve.

Comecei a andar, ouvindo o som da respiração dela sair um pouco irregular. Kenji veio atrás de mim, ficando nós dois molhados em segundos.

—Kenji? —Ele parou, se virando para atrás. Fiz o mesmo, vendo ela parada no meio da chuva, com o vestido completamente grudado no corpo. —Vocês conseguiram as safiras?

—Duas delas. Vamos conseguir as outras, Alissa. —Kenji olhou pra mim, parecendo com medo por um segundo. —Vai dar certo. Não se preocupe.

—Confio em você. —Afirmou, e sorriu para Kenji. —Boa sorte.

Kenji acenou com a cabeça, e nós dois voltamos a andar, indo em direção ao lobo que nos esperava no meio das árvores. Minhas sombras estavam em alertas, como se soubessem que algo estava errado. E elas gostavam de Kayla. Pareciam gostar mais dela do que de mim.

—Encontre-a. —Mandei, vendo o lobo uivar e então sair em disparada.

[...]

Não havia nada mais bizarro do que entrar em um cemitério no meio da noite. Para alguém normal, poderia ser o pior dos pesadelos. Pra mim, que já vivi em um floresta cheia de criaturas das sombras, não era nada.

—Porque ela teria vindo aqui? —Kenji questionou, parecendo um pouco confuso. Nós dois estávamos andando pelas fileiras de lápides, olhando para os nomes de pessoas que não fazíamos ideia de quem eram.

—Eu vou saber. —Resmunguei, tentando pensar direito naquilo tudo. Sabia que Kayla tinha família. Mas não fazia ideia se tinha algum familiar morto.

—Tu que dorme com ela não sabe, quem vai saber então? —Kenji declarou, exasperado, me fazendo lançar um olhar irritado a ele.

Observei o lobo parar em frente a uma lápide. Na verdade, ele se sentou entre duas delas, erguendo a cabeça para me encarar. Acelerei o passo, parando atrás dele e vendo as duas lápides ali. Eram o nomes de dois de duas pessoas.

—Quem são Marvin e Victor Selven? —Kenji parou ao meu lado, franzindo a testa ao ler os nomes. Balancei a cabeça negativamente, olhando ao redor para ver se ela ainda estaria ali perto. Olhei de novo para os nomes, pensando em todas as conversas que tinha tido com Kayla. Mas em nenhuma delas ela citou esses dois nomes. Na verdade, ela citou o filha da puta do padrasto dela e os...

—Ah não! —Levei a mão a cabeça, agarrando meus próprios cabelos quando as peças se encaixaram na minha mente. Kayla disse que tinha irmãos. Mas nunca me disse se estavam vivos ou não. E tendo um padrasto daqueles, não é difícil imaginar o que poderia ter acontecido. —São os irmãos dela!

—O que? —Kenji pareceu ficar em choque. Virei o corpo, olhando para o cemitério escuro ao nosso redor. Meu coração começou a acelerar de uma forma que fazia meu sangue esquentar. As sombras se moveram ao meu redor, ansiosas e atentas a qualquer coisa. —Axel?

—Ele pegou ela. —Falei, sentindo que poderia explodir em noite e caos, para destruir a cidade toda e encontra-la. —E eu vou quebrar cada maldito osso do corpo dele!




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now