Capítulo 32: Parceiros.

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Lyra

Desci do trem ajeitando a mochila nas minhas costas. A estação de trem estava lotada e muitas criaturas andavam de um lado para o outro. Trevis e Cedric desceram atrás de mim com as piores expressões do mundo.

—Que caras são essas? Parece que alguém morreu. Credo! —Resmunguei e Cedric revirou os olhos, balançando a mão em sinal de indiferença.

—O que vamos fazer agora? —Trevis questionou, enquanto andávamos pela estação de trem até a saída. Olhei envolta, notando os vários guardas que andavam por ali. Não era estranho ver guardas andando pelas cidades. A questão era que eram guardas de outros reinos.

—Guardas cinzentos. —Sussurrei, vendo o grupo de guardas que acabava de passar por nós. —Guardas oceânicos. —Olhei para os homens parados perto do trem. Com uniformes azuis. —Guardas lunares. —Virei o rosto para os dois homens de preto que andavam com espadas na cintura. —Eles não estavam brincando quando falaram que todos estão atrás das safiras.

—Precisamos achar a Kay logo. —Cedric murmurou e então engoliu em seco. —Isso se não tiverem encontrado ela já.

—Vira essa boca pra lá. —Trevis resmungou. —Vamos dar uma volta na cidade para ver o que descobrimos. Talvez ela ainda esteja por aí. Kayla é boa em fugir.

—É, mas são quatro reinos atrás das safiras. —Sussurrei para eles. —Ela tem que ser muito sortuda pra conseguir fugir deles.

Ou precisa ter um aliado muito poderoso. Não sei se Kayla está mesmo fugindo com o Portador das Sombras. Se tiver, pode ter alguma chance de fugir de tudo isso. Porque se não, ela vai acabar com uma corda no pescoço.

[...]

—Besteira! —Cedric diz pela milésima vez, depois de eu afirmar que deveríamos ir atrás dos guardiões. Rodamos por horas pela Cidade do Porto. Pedirmos informações e não encontramos absolutamente nada sobre Kayla.

—Olha só, seu cabeção chato e irritante. —Resmungo, sentando no banco que havia na praça, sentindo minhas pernas doloridas pelas horas de caminhada. —Kayla se mandou daqui, okay? Ela deve ter ido pra outro lugar. Provavelmente já sabe que estão atrás dela e das safiras. Além disso, não podemos ficar procurando ela. Quando mais tempo atrás dela, mais longe dos guardiões estamos.

—Nem sabemos se eles são reais. O livro pode estar mentido. —Cedric argumenta. —Eu ainda não engoli essa história desse livro é essa safira aí no meio dele. —Ele sussurrou a última parte, se sentando ao meu lado e cruzando os braços irritado. —Estamos metidos em uma furada, isso sim.

—Será que pegaram ela? —Trevis questionou, olhando as pessoas que passavam na rua. —Ela pode ter se livrado da safira antes que pegassem ela. Assim quando a encontrassem, ela já não teria mais ela e ficaria livre.

—Não acho que as coisas funcionem assim, Trevis. Kayla roubou a safira na cara do príncipe e ainda contou com a ajuda de um Portador das Sombras. —Falei e arregalei os olhos ao perceber que havia falado demais.

—Como é que é? —Cedric se virou pra mim e arqueou uma sobrancelha. —Que história é essa de Portador das Sombras?

Revirei os olhos e respirei fundo, começando a contar tudo que eu tinha ouvido nos últimos dias e visto. Cedric ficou com a maior cara de bunda, enquanto Trevis estava na maior curiosidade por conta do portador.

—Isso não faz sentido. —Cedric afirmou. —Portadores das Sombras não saem andando por aí.

—Mas ele não estava andando por aí. Eu não o vi. Apenas ouvi Devlon falando que os guardas haviam sido atacados por ele e que ele ajudou a Kayla. Além disso, tem essa coisa que a Kayla viu na biblioteca e não contou. —Afirmei. —Tenho quase certeza que era ele.

—Tá, digamos que ela esteja com o portador. Acha mesmo que a única solução é ir atrás desses tais guardiões? —Cedric questionou e eu confirmei com a cabeça.

—Olha só, não sabemos até onde o poder das safiras pode ir. Mas todos estão procurando por elas. Eu não quero ver o que vai acontecer se elas caírem em mãos erradas. —Afirmei, engolindo em seco. —Eu confio em Miriam. Sei que ela me entregou esse livro e a safira por algum motivo. E esse motivo são esses guardiões. Ela sabe que estamos com problemas e eles são os únicos que podem ajudar!

Cedric olhou para mim com os olhos curvados em desconfiança e depois olhou para Trevis. Os dois se encararam por uns segundos, como se estivessem se comunicando por pensamento.

—Okay, vamos atrás dos guardiões. —Cedric afirmou e eu abri um sorriso animado, puxando o mapa. —Pra onde vamos?

—A marca fica próxima à Cidade das Estrelas. É uma longa viagem. Vamos precisar pegar outro trem ou um navio. —Fiz uma careta.

—Eu quero o navio. —Trevis afirmou e Cedric abriu um sorriso. —Nos nunca andamos em um. Deve ser maneiro.

—Mas tem piratas. —Comentei e ele deram de ombros, como se isso não tivesse importância. —Tudo bem então. Vamos pegar um navio, parceiros.

—Não somos parceiros. Só estamos evitando que nosso mundo entre em colapso. —Cedric declarou e eu revirei os olhos, tombando a cabeça. Era só questão de dias pra ele começar a confiar em mim.

—Vamos pra outro reino. —Trevis se aproximou de mim e olhou para o mapa. —Eu nunca sai da Cidade dos Ossos. E agora vou parar em outro reino.

—Bem, eu também nunca tinha saído de lá... —Olhei para eles e depois para o mapa de novo. —Vamos precisar de roupas de frio. —Abri um sorriso. —Reino Lunar, aí vamos nós.



Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora