Uma Conjuração de Magia / Vol. 1

Capítulo 51: Céu Noturno.

A safira estava bem no meio de todo aquele tesouro. Dei um passo à frente, pisando em cima de todas as moedas de ouro e ouvindo o navio ranger com a mudança de peso.

—Kayla! —Kenji alertou e eu olhei para ele e Axel, vendo eles completamente parados. Dei mais um passo para frente e o navio se curvou pronto para tombar, rapidamente dei um passo para trás e ele se estabilizou de novo. —Temos que equilibrar o peso.

—Como? —Indaguei e olhei envolta, vendo todo aquele ouro pronto para voar para cima de mim se eu fizesse qualquer movimento.

—Kenji, vá para a esquerda. Kayla fique aí, quando eu der o sinal nós andamos juntos. Eu vou pela direita. —Axel afirmou e ele e Kenji se separaram lentamente, cuidando para que seus passos não causassem uma catástrofe. —Vem, Kay.

Dei um passo para frente, sincronizado com eles e o navio estralou, mas não se moveu. Prendi a respiração e dei outra passo junto com eles, pisando nas moedas de ouro e sentindo meus pés escorregarem. Dei outro passo, segundo eles, vendo os olhos de Axel me seguirem. Um deslizei foi o suficiente para eu me desequilibrar em cima daquele tesouro e quase ir para o chão. O navio se movimentou, tremendo pronto para cair. Prendi a respiração e fiquei de joelhos, fechando os olhos e esperando que ele se estabilizasse de novo.

—Kay? —Abri os olhos ao ouvir a voz de Kenji e olhei para minha frente, vendo que a safira estava no alcance da minha mão. Estendi meu braço, abrindo meus dedos e aproximando da safira com cuidado. Podia sentir o ar tenso envolta de mim e até mesmo Axel e Kenji pareciam não estar respirando.

Fechei meus dedos envolta da safira, soltando um pequeno suspiro e erguendo ela com cuidado. As madeiras do navio estralaram quando puxei meu braço de volta. Olhei para Axel, abrindo um sorriso enorme e mostrando a safira vermelha na minha mão. Ele retribuiu o sorriso na mesma hora, com aquelas estrelas brilhantes nos olhos negros.

Um segundo foi o suficiente para que perceber que tinha acabado de sorrir genuinamente para Axel e ele havia sorriso pra mim da mesma forma. E definitivamente, o sorriso dele o deixava ainda mais belo. Fiquei sem fôlego naquele instante, desviando os olhos dele para o tesouro nos meus pés.

—Vamos voltar lentamente, como fizemos no início. —Kenji declarou e eu assenti. Dei um passo para trás, seguindo eles de volta para a escada. Então outro e mais outro. Soltei um suspiro de alívio quando vi Axel e Kenji bem na minha frente. —Deu certo!

Foi só a voz de Kenji ecoar pelas paredes do navio que ele começou a se curvar. Agarrei o braço dos dois, vendo todo o tesouro começar a escorregar para o lado que o navio tombaria. Soltei um grito quando fui para o chão junto com os dois, e nós três escorregamos no meio de todo aquele tesouro.

—Axel! —Eu e Kenji gritamos juntos, quando caixas e objetos começaram a voar em cima de nós. Axel girou para cima de mim e agarrou Kenji, nos cobrindo com suas sombras. Soltei um grito e agarrei os ombros de Axel quando senti minhas costas tocarem em algo gelado. Abri os olhos vendo o céu escuro por cima do ombro de Axel. Ele saiu de cima de mim, caindo na água rasa. Kenji estava com as mãos firmes envolta do meu braço, como se estivesse apavorado.

—Você está bem? —Virei o rosto para ele e o mesmo assentiu. Nós três levamos um susto e nós sentamos no chão na mesma hora, vendo o navio tombar de vez no meio das pedras e do leito seco.

—Essa foi por pouco. —Kenji murmurou, com uma voz engraçada. Olhei para cara dele vendo seu rosto pálido. —A gente quase foi esmagado por um tesouro antigo. —Ele fez uma careta. —Acho que eu não sinto minhas pernas.

Soltei uma risada alta e cobri minha boca com a mão, vendo o rosto de Kenji ser tomado por confusão. Ele começou a rir no segundo seguinte, quando Axel soltou uma risada alta do meu lado. Me deitei no chão de novo, ignorando a água gelada, enquanto escutava a risada deles, e encarei o céu noturno.

[...]

Assim que subimos no navio, Axel ergueu a safira vermelha cintilante pra cima, como se quisesse se mostrar pelo fato de ter conseguido ir até o navio, quando ninguém mais conseguiu. O segundo seguinte, para minha surpresa, foram gritos e assobios de comemoração dos marujos. Olhei para Henry e ele abriu um sorriso, acenando pra mim como se estivesse orgulhoso de um filho.

—Agora vamos fazer o que? —Indaguei Axel, pegando a safira da mão dele e colocando ela na palma da minha mão, junto com a verde. —Temos uma safira com Devlon e outra desaparecida.

—A safira do ar... —Kenji parou ao meu lado, jogando o braço sobre meus ombros e tombando a cabeça. —Foi a única safira que não tivemos nenhuma notícia ou pista.

—Podemos ir atrás da safira que está com o Devlon então. —Afirmei e Axel puxou as duas da minha mão, enfiando no bolso. —Se bem que ela está com o rei, muito provavelmente.

—Ter que lidar com um rei agora não está nos nossos planos. —Axel olhou para Kenji, como se eles estivessem em uma conversa silenciosa.

—Ei, eu estou aqui ainda, sabia? Podem dividir os pensamentos comigo. —Reclamei, cruzando os braços e os dois riram.

—Calma, Kay. —Kenji bagunçou todo meu cabelo e eu dei um empurrão nele. —Primeiro vamos descansar. Deixamos o capitão decidir a próxima parada e então vemos o que fazer.

—Pra mim está ótimo. —Axel deu um peteleco no meu nariz e eu fiz uma careta pra ele, vendo ele sorrir com o canto dos lábios em resposta. —Mas agora eu preciso de um bebida.

—Ai lá vem! —Resmunguei e ele riu junto com Kenji.

Continua...