Capítulo 45: Adrenalina.

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Kayla

Eu voltei a treinar com a espada, até meus braços ficarem doloridos e meu desejo ir apenas pra duas coisas: banho e cama. Entrei na cabine, vendo todas as velas dos castiçais acessas. Henry havia usado a cabine para tomar banho e se trocar, deixando ela livre para mim de novo.

Liguei a torneira da banheira, tirando a jaqueta e a jogando em um canto qualquer do quarto. Comecei a andar pela cabine, vendo todos os livros e mapas que haviam ali. Eram tantos e tão antigos. Os tesouros na parede pareciam ter séculos de vida.

Olhei para trás quando senti minha nuca formigar. Mas não havia nada ali. Voltei a minha atenção para os livros, e de novo, senti aquela sensação em mim.

—Axel? Kenji? —Olhei para porta, tendo certeza que ela estava trancada. —Tem alguém aí?

Dei alguns passos até estar no meio da sala. Pelas portas de vidro das estantes, pude ver um  vulto pelo quarto. Virei, tão rápido que meu cabelo ricocheteou nas minhas bochechas. As chamas das velas começaram a oscilar e então se apagaram. Engoli em seco quando a luz da lua foi a única coisa que clareou a cabine. Eu ouvia o barulho da água na banheira é minha respiração pesada.

Fechei minhas mãos e prendi a respiração, quando senti as sombras se envolverem nas minhas pernas e subirem para meus braços. Mordi o lábio com o arrepio que me atingiu, quando elas chegaram ao meu pescoço.

—O que você quer aqui, Axel? —Questionei, sentindo a presença dele atrás de mim. —Como entrou? A porta está trancada.

—Eu posso atravessar, esqueceu? —Sua voz saiu de um jeito que me causou outro arrepio. As sombras continuaram em mim, acariciando minha pele. Parei de ouvir o barulho da água da banheira e imaginei que Axel deveria ter dado um jeito de desligá-la.

—E sobre a primeira pergunta... —Engoli em seco quando senti a respiração dele bater contra meus cabelos. Próxima, muito próxima. —Quero tocar você, Kay. Quero muito tocar você.

Soltei um suspiro de surpresa. As sombras se afastaram de mim quando senti a mão de Axel tocar meu braço com relutância. Ele puxou, me virando para ele. Soltei o ar quando percebi as estrelas em seus olhos encararem meus lábios. Sua mão deslizou pelo meu pescoço até se firmar na minha nuca. Quando percebi sua boca já estava cobrindo a minha, com mais fome do que da última vez.

Ofeguei, sentindo meu corpo incendiar com o contado do corpo dele pressionando o meu, e seus lábios devorando os meus com vontade e uma intensidade descomunal. Axel mordeu meu lábio, causando um efeito no meu corpo que parecia acionar minha adrenalina. Puxei a faca do bolso da calça.

—Merda! —Axel se afastou, tão rápido que ele parecia ter rápida velocidade. Seus olhos me encararam, arregalados e incrédulos. —Eu não acredito que você fez isso de novo!

Abri um sorriso sarcástico, abaixando os olhos até a faca suja de sangue na minha mão. Aquilo estava se tornando prazeroso até certo ponto.

—Doeu, merda! —Axel praticamente rosnou, encarando o corte pela manga da camiseta, um pouco suja de sangue. —Estou começando a achar que você gosta de esfaquear os outros.

—Só idiotas que me agarram. —Comentei, em pura ironia. Axel ergueu o queixo, mostrando arrogância. —Quer que eu peça desculpas?

—Você não está arrependida. —Rebateu, puxando a manga da camisa até o cotovelo, analisando o corte. Talvez tenha saído mais profundo do que eu imaginava. Naquele momento eu percebi que sim, eu estava arrependida.

—Desculpa. —Falei e ele ergueu os olhos até mim, tão intensos e sombrios. O ambiente ganhou um ar tenso. Talvez eu esperava que ele dissesse algo depois do meu arrependimento. —Mas não espere que eu peça isso de novo.

Axel se aproximou de novo, me fazendo andar até bater com as costas na mesa do capitão. Engoli em seco, erguendo o queixo para encara-lo. Axel parou, bem na minha frente, abrindo um sorriso lascivo.

—Não espere que eu não a agarre de novo, então. —Ele curvou a cabeça para perto do meu rosto, intensificando o sorriso. —Se continuar me olhando como se eu fosse a coisa mais deliciosa do mundo, vamos acabar tendo sérios problemas.

Arqueei as sobrancelhas, cruzando os braços e abrindo um sorriso sarcástico para ele. Axel ergueu mais o queixo, como se aquilo fosse uma competição.

—Ser sútil e humilde é com você mesmo. —Afirmei, encarando aqueles olhos cheios de estrelas. —Talvez, a maçã que eu joguei na sua testa, não tenha sido com força suficiente.

—Foi com força suficiente para me fazer sentir vontade de matá-la. —Axel rebateu, usando um tom de voz suave. —E também desejar fazer outras coisas.

—Sei. —Falei, espalmando minhas mãos no peito dele, sentindo seus músculos ficarem tensos. Sorri mais ainda e então o empurrei para longe de mim. —Vaza daqui.

—Já conversamos sobre isso. —Axel murmurou, tirando um fio invisível da camisa e analisando o corte no braço. —E você me machucou. Tem a obrigação de cuidar de mim agora.

Tombei a cabeça, o encarnado com incredulidade. A última coisa que eu faria na vida era cuidar dele. Olhei para porta, ouvindo um barulho de uma batida na mesma.

—Ai pessoal, abre pra mim. —Ouvi a voz de Kenji soar um pouco ansiosa. —Pelo amor dos deuses, eu não quero dormir lá embaixo sozinho com eles. —Vi Axel abrir um sorriso e ir em direção a porta. —Não sejam péssimos amigos comigo. Eu sou medroso. Posso ter pesadelos.

—Pesadelos? —Axel abriu a porta e encarou Kenji, que estava com uma expressão engraçada no rosto. Ele abriu um sorriso na mesma hora e pulou para dentro do quarto.

—Ainda bem. Achei que iam me deixar dormir lá fora, sozinho e abandonado a própria sorte. -Kenji murmurou, com uma falsa angústia e eu vi Axel revirar os olhos, enquanto eu estava rindo.



Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now