Capítulo 40: Imediato.

2.7K 470 39
                                    

Andei apressadamente pelo meio das pessoas, tentando passar pelo tumulto e ir até onde o navio havia atracado. Axel e Kenji estavam vindo atrás de mim, em uma conversa baixa, para que eu não ouvisse. Kenji estava com um sorriso divertido no rosto, o que eu havia percebido que era comum. E Axel, como também era comum, parecia irritado.

—Baron? —Chamei, não tendo certeza. O homem de cabelos ruivos encaracolados se virou pra mim na mesma hora, revirando os olhos. Baron foi o homem que pagou por mim e Axel, quando toda a confusão do outro navio aconteceu. Ele era o imediato de Henry.

—Olha só, o capitão não estava esperando que você o chamasse tão rápido assim, garota. —Beron parou na minha frente e eu abri um sorriso sem graça.

—É que as coisas em terra não saíram muito bem. E ele disse que se eu precisasse eu podia chamá-lo. —Dei de ombros.

—Se livrou daquele portador? —Olhei para trás, mostrando que Axel estava vindo. —Quem é o outro?

—Kenji, é amigo do Axel. —Falei e Beron ficou com uma expressão descontente. Ele apontou para o navio e eu o segui. —O que fizeram depois que deixaram a gente na Cidade Marítima?

—Estávamos indo até a ilha dos piratas. Mas acabamos sendo atacados na última noite. Adivinhe, estavam procurando por você e o portador. —Beron murmurou. —Claro que saímos vitoriosos. Então quando amanheceu o capitão disse que havia mudança de planos e que viríamos até aqui pegar você. —Ele olhou para trás, vendo Axel e Kenji nos seguindo. —Só não pensamos que ele ainda ia estar junto.

—É, as coisas não saíram como eu esperava. —Falei, sem saber ao certo o que eu esperava de tudo isso. —Escuta, por acaso vocês ainda estão com Vlad preso?

—Aquele bêbado nojento? —Beron riu. —Ah sim, ainda estamos. O capitão pensou em jogá-lo no mar. Mas talvez ele ainda possa ser útil.

—Ele vai ser. —Murmurei para mim mesma e Beron fez uma careta. Subi a rampa que dava para o navio e vi todos os marujos andando de um lado para o outro, agindo como se esse fosse apenas mais um navio mercante.

—Kayla, Kayla... —Henry repetiu meu nome e eu abri um sorriso, indo em direção a ele.

—Obrigada por vir. Não achei que tinha falado sério. —Comentei e ele balançou a cabeça, deixando claro que aquilo era bobagem minha.

—Piratas tem palavra, mesmo que pense que não. —Ele olhou para trás de mim. —Andou se aliando a mais um portador?

—Kenji. —Olhei para trás, vendo os dois já a bordo do navio. —Ele controla os raios. Precisamos de uma ajudinha sua.

—Ajudinha? —Henry cerrou os olhos e cruzou os braços na frente do corpo. —Beron, alto mar, agora!

—Vocês ouviram o capitão. Alto mar, agora! —Beron exclamou, e logo o navio começou a se movimentar para longe da costa.

—Capitão. —Axel parou ao meu lado, dando um leve aceno de cabeça a Henry, que retribuiu, assim como Kenji fez. —Preciso falar com o seu prisioneiro.

—Só por curiosidade, isso tem a ver com as safiras? —Henry questionou e Axel apenas tombou a cabeça, como se esse gesto fosse confirmação suficiente. —Acharam mais alguma?

—Sua bela e desejada safira da água. —Axel cantarolou e no mesmo instante os olhos de Henry brilharam. —Mas para nossa infelicidade, ela está em posse do rei solar agora.

—Pegaremos ela depois. —Kenji afirmou. —Nem que seja necessário colocar aquele castelo a baixo.

—E o que querem com Vlad? —Henry começou a subir as escadas e parou ao lado do timão. Eu o segui, assim como Kenji e Axel. Nós já estávamos longe o suficiente da costa. Não vou negar, eu estava feliz por estar no mar de novo e não em terra firme.

—O outro dia quando ficou bêbado, ele contou que ouviu uma história sobre as safiras. —Expliquei. —Mas ele estava bêbado demais. Queremos falar com ele e tentar descobrir se ele sabe mais alguma coisa.

—Então é melhor aproveitarem que ele não está bêbado. Conseguimos impedir que ele roubasse mais rum. —Henry ajeitou o chapéu na cabeça. —A seu comando, Beron!

—Capitão! —Beron segurou o timão e Henry se afastou, sinalizando para que o seguíssemos. Henry nos levou até as celas. Agora haviam outras pessoas presas ali, o que eu imaginava que fosse do ataque que Beron contou. Andamos até a ponta, na última cela, onde Vlad estava.

—Olha só quem voltou. Vieram me fazer companhia? —Vlad comentou, com um ar de sarcasmo. Ele não estava bêbado, mas o cheiro era como se estivesse. Fiz uma careta e olhei para Axel, que parecia com nojo.

—Nos precisamos ter uma conversinha, Vlad. —Axel declarou, fazendo Vlad soltar uma risadinha divertida.

—Vai ter rum envolvido? Se tiver, falo tudo que quiserem saber. —Vlad afirmou e eu olhei para Henry automaticamente. Ele pareceu infeliz com esse fato, mas assentiu. —Opa, acho que ganhei um belo mapa do tesouro.

—A sua sorte é que estou de bom humor. —Henry afirmou, abrindo a cela e arrastando Vlad para fora. —Se não eu já tinha te jogado para os tubarões.

—Qual é, capitão, não pode me perdoar por aquilo? Você mesmo já deve ter roubado de outros piratas. —Henry soltou uma gargalhada e puxou Vlad pela gola da camisa, o arrastando em direção a escada.

—Ja roubei sim. Mas fui esperto o suficiente para não ser pego. —Henry afirmou. —Agora anda logo!

[...]

A cabine do capitão era incrível. As paredes eram cheia de objetos de ouro, caveiras, espadas e tesouros. Havia uma estante de vidro cheia de frascos, que eu imaginava ser veneno. Um vidro com a cabeça de alguém, coisa que me fez ter até um calafrio. Uma adega cheia de bebidas, que logo Axel fez questão de conhecer. Sua mesa no centro de tudo, com algumas prateleiras de livros atrás, mapas e tudo que um pirata pode precisar. E no canto, em um cômodo separado, havia uma cama e uma banheira.

—Senta! —Henry mandou, puxando uma cadeira para o meio da sala e apontando para Vlad. Ele se sentou no mesmo instante e Henry o entregou um copo com rum.

—Eu quero uma garrafa. —Vlad afirmou, vendo que Axel já estava com uma em mãos. Balancei a cabeça negativamente quando Axel virou ela na boca e bebeu como se não houvesse amanhã.

—Comece a falar, Vlad. E se o que ouvirmos for bom o suficiente, eu te dou uma garrafa. —Axel afirmou, se escorando na mesa ao lado de Kenji.

—O que querem saber? —Vlad virou o copo de rum de uma vez só na boca.

—O que sabe sobre as safiras? —Kenji questionou, arrancando um sorriso largo de Vlad.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now