Capítulo 50: Tesouro Amaldiçoado.

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Kayla

—Como pretende fazer isso? —Axel questionou, olhando para a pedra na minha mão. Bem, eu já havia usado ela aquele dia na Floresta do Medo. Eu só precisava usá-la de novo. Agora criando um caminho até lá embaixo.

Me afastei um pouco dos dois, que me encaravam atentamente e me ajoelhei no chão úmido, espalmando a mão no chão, com a pedra em uma delas. Fechei meus olhos e pensei no que queria, foquei naquilo por alguns segundos e então abri os olhos.

—Era pra ter acontecido alguma coisa? —Axel indagou, me olhando como se quisesse rir. Revirei os olhos e os fechei de novo, desejando um meio de descer lá embaixo. Abri e... nada de novo. —Você está fazendo certo?

—É claro que estou! —Rebati, irritada. —Estou me concentrando. Só não vai.

—Não basta apenas concentração. Você precisa estar relaxada. —Kenji respondeu, estalando os dedos e criando uma faísca na mão. —Pode estar concentrada o suficiente. Mas se não estiver relaxada, não funciona.

—Fala isso porque o poder está dentro de você. —Argumentei e ele balançou a cabeça negativamente.

—As emoções são essenciais para se usar um poder, Kay. Tudo se baseia nas suas emoções. Raiva, amor, angústia, medo, até mesmo excitação. —Kenji tentou explicar. —Precisa de concentração e principalmente, relaxe.

Assenti, mesmo a contragosto, e fechei meus olhos tentando relaxar. Foquei naquilo por longos segundos, até perceber que não estava dando certo.

—Não vai rolar. —Falei e me coloquei de pé, apertando a safira entre meus dedos, irritada. —Não funciona comigo.

—Claro que funciona. Você usou ela na Floresta do Medo, esqueceu? —Axel se aproximou de mim, até ficar na minha frente. —O que sentiu aquele dia?

—Eu não estava com medo de você! —Resmunguei, sabendo que ele queria que eu condessasse aquilo.

—Eu não disse que estava. Só estou perguntando o que você sentiu. —Axel questionou e eu o encarei, cerrando os olhos. Ele tinha um ar divertido no rosto, como se estivesse amando me ver irritada. —Vamos la, Kay, me diga o que estava sentindo.

Balancei a cabeça negativamente e olhei para a pedra na minha mão. Ergui a cabeça quando Axel deu mais um passo, invadindo completamente o meu espaço pessoal. Ergui o queixo, já que ele era maior que eu, e encarei seus olhos negros.

—Feche os olhos. —Pediu, com uma expressão tranquila no rosto. Parei de respirar e engoli em seco quando ele curvou o rosto na direção do meu. —Posso tocar em você, Kay? —Soltei um suspiro quando ele encostou a testa na minha e fechei meus olhos, sentindo os dedos dele adentrando abaixo da jaqueta, tocando minha cintura por cima do tecido fino da camiseta. —Relaxe, está tão tensa.

Engoli em seco novamente, quando senti os lábios dele roçarem na minha bochecha. Suas mãos apertaram minha cintura e eu automaticamente apertei a safira entre meus dedos, quando ouvi um barulho alto que espantou os pássaros daquela área. Abri meus olhos quando Axel se afastou e o encontrei olhando para mim com um sorriso. O empurrei para longe, vendo seu sorriso se alargar.

—Uma técnica interessante, irmão. —Kenji murmurou e eu olhei pra ele, vendo sua atenção no penhasco a nossa frente. Caminhei até a beirada vendo que agora havia uma escada feita de terra na lateral dele, que nos permitia descer. —Mandou bem, Kay.

Ele sorriu pra mim e começou a descer. Guardei a safira no bolso, ignorando o sorriso presunçoso de Axel e segui Kenji, descendo de encontro ao navio no meio das pedras.

[...]

O vento frio rugia nas paredes de madeira podre do navio. Nós entramos por um buraco no casco e agora estávamos olhando tudo com atenção, vendo apenas um navio abandonado pra trás. Entramos no que parecia ser a parte das celas do navio, pois haviam grades retorcidas por todos os lados e alguns ossos espalhados pelo chão. Ossos eram o que não faltavam ali. O que explicava as pessoas terem sumido ao procurar pelo tesouro.

—Esse lugar me dá arrepios. —Kenji resmungou, olhando para as teias de aranha que ocupavam todo o navio.

—Ja estivemos em lugares muito piores que esse, Kenji. —Axel rebateu, se aproximando de uma escada e começando a subir. O segui, escutando Kenji resmungar atrás de mim. Subimos até o deck principal do navio, vendo tudo completamente revirado e mais teias de aranha por todo lado. Tudo estava nublado envolta de nós, nos impedindo de ver o que havia ali. Um barulho rasgou a ar e o navio se curvou um pouco, fazendo as coisas que estavam lá deslizarem para o outro lado. Me agarrei ao braço de Axel quando meus pés deslizaram no chão e ele me segurou. O navio estava completamente instável, pronto para virar de lado a qualquer momento.

—Por aqui. —Kenji chamou, apontando para onde deveria ser a cabine do capitão. Seguimos ele, subindo uma pequena escada e indo em direção a uma porta com o símbolo de uma caveira. Kenji chutou a porta e ela bateu contra a parede, revelando a cabine do capitão. Entramos na mesma, ouvindo o vento sussurrar naquelas paredes. Haviam muitas coisas caídas ali.

—Não tem tesouro nenhum aqui. —Kenji sussurrou, olhando envolta com uma careta.

—O que é aquilo? —Falei, apontando para a estante de livros quebrada que está a fora do lugar. Axel e Kenji foram até ela e a empurraram para o lado, revelando uma passagem que dava para uma escada. Axel foi o primeiro a descer, com Kenji e eu logo em seguida. Desci as escadas lentamente, cuidando para não tocar em nada. Sempre ouvi dizer que piratas costumavam colocar armadilhas nos navios para impedir ladrões. Paramos nós três no final da escada, olhando para a sala que se abriu para nós.

Ouro, havia mais ouro ali do que eu jamais havia visto em todo mundo. Estava empilhado, jogado no meio de objetos brilhantes e caros que também eram feitos de outro. E no meio de todo aquele ouro pedido, do tesouro amaldiçoado como o capitão falou, havia um baú aberto, caindo de lado e revelando uma brilhante safira vermelha.

—Safira do fogo. —Axel olhou para nós dois. —Acho que acabamos de tirar a sorte grande.



Continua...
.....
Sei que as coisas estão teoricamente calmas no livro, já que estamos quase no cap 50. Mas esse livro vai ser longo. Então quando der ruim, vai dar muito ruim. Aproveitem os momentos de paz.

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now