Capítulo 3: Chefe da Guarda Real.

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Andei pelas ruas tentando evitar encontrar qualquer guarda do rei. O sol estava brilhando com intensidade no final da tarde na Cidade dos Ossos. As ruas estreitas estavam cheias e eu mal conseguia me mover no meio de todas aquelas pessoas.

Me escorei em uma das paredes, vendo a fila de cavalos surgindo, sendo montados pelos guardas, no meio da rua e as pessoas dando espaço para que eles passassem. Logo atrás dos cavalos, estava uma carruagem aberta onde se podiam ver alguns membros da realeza, entre eles o famoso rei.

Ninguém sabia o nome dele ao certo. Isso porque todos eram instruídos a chamarem ele de rei, vossa majestade ou qualquer coisa que desse título de líder supremo a ele. As pessoas na rua começaram a comemorar quando ele acenou para elas e sorriu.

O rei tinha cabelos negros e muito longos, presos em uma trança muito bem feita. Sua pele era morena e os olhos castanhos claros, muito claros. Seu rosto era fino e muito bem desenhado. Ele não deveria passar se 40 anos. Era considerado jovem para um rei.

A carruagem passou por onde eu estava e eu virei o rosto, para não precisar olhar para o sorriso branco que ele lançava a todos os cidadãos. Para os comerciantes ele poderia ser um bom rei, afinal todos ali eram ricos graças a ele. Mas pra mim e pra maioria das pessoas da rua, ele era o próprio inferno na terra.

Mais carruagens com membros da realeza passaram, junto com mais guardas. Suspirei e coloquei as mãos para tapar meus ouvidos, não aguentando mais tanta gritaria.

Comecei a andar pelas ruas de novo, indo em direção ao centro da cidade. Lá haveriam mais pessoas e seria muito mais fácil achar algo caro para que eu pudesse vender. Com as ruas tão cheias, também seria mais difícil qualquer guarda me pegar caso algo desse errado.

Coloquei as mãos no bolso da jaqueta e comecei a caminhar junto com o restante das pessoas, vendo que agora elas iriam seguir a carruagem do rei. Eles pararam no centro da cidade e o rei ficou de pé sobre ela, começando a falar algumas coisas. Observei os outros membros da realeza começarem a descer das carruagem e a andarem pelo meio do povo, como se gostassem de ser bajulados.

Passei pelo meio de todos os cidadãos, com meus olhos fixos nas pulseiras de ouro que uma das princesas usava. Aquilo seria suficiente para me tirar da Cidade dos Ossos. Comecei a me aproximar aos poucos, tentando parecer o mais natural possível.

Olhei para uma das laterais da rua e vi um homem parado sobre os degraus de uma das lojas de roupa. Ele tinha a aparência de uns 30 anos e olhava ao redor como um gavião procurando uma presa. Eu o conhecia muito bem. Era o chefe da guarda real do rei, Devlon. Ele já havia tentando me prender várias vezes, mas nunca sequer conseguiu me pegar.

Abaixei a cabeça para que ele não me visse e me afastei da área que ele estava. Não notei que estava praticamente do lado do príncipe herdeiro. Ele se parecia com o pai. Moreno e com olhos castanhos claros. Talvez até mais claros do que o normal. Mas seu cabelo era curto e bagunçado. Ele não deveria ser mais do que um ano mais velho que eu.

O príncipe estava ocupado conversado com uma senhora que lhe oferecia um presente aleatório como agradecimento. Desci os olhos para as vestes reais dele. Havia algo no bolso esquerdo que chamou minha atenção. Era um saquinho pequeno.

Olhei envolta e então esbarrei nele sem querer, enfiando minha mão no bolso do casaco e puxando o saquinho pra mim.

—Mil perdões, vossa alteza. —Falei, fazendo uma reverência exagerada e deixando minhas mãos atrás das costas. O príncipe me encarou por alguns segundos e eu abri um sorriso sem mostrar os dentes, antes de me virar e começar a me afastar dele.

Enfiei as mãos no bolso da jaqueta e comecei a andar para longe de tudo aquilo. Eu só queria ver o que havia no saquinho e saber se era bom o suficiente para me tirar daquela cidade. Apertei o saquinho entre meus dedos e senti a silhueta do que parecia ser uma pedra.

—Mas que droga é essa? —Questionei pra mim mesma e parei de andar quando ouvi o apito dos guardas.

—O príncipe foi roubado! —Gritaram, fazendo uma correria começar por todo o centro da cidade. As pessoas começaram a esbarrar em mim, enquanto eu colocava a touca na cabeça e tentava sair de lá.

Virei o rosto por um segundo e vi o príncipe montado em um cavalo. Os olhos dele encontraram os meus e ele apontou pra mim no mesmo momento.

—Predam aquela ladra! —Vociferou para os guardas. Então eu corri com toda a energia que encontrei, empurrando todas as pessoas que encontrava na rua. Virei nas ruas estreitas e cheguei até a feira da cidade, ouvindo os gritos e barulho de cascos de cavalo se aproximando de mim.

Comecei a empurrar e virar todas as barraquinhas no caminho, sem me dar ao trabalho de olhar para trás.

—Pare aí mesmo! —Ouvi a voz de Devlon e olhei para trás rapidamente, vendo ele e todos os guardas vindo atrás de mim com espadas nas mãos. —Pare!

Derrapei no chão, virando em uma das esquinas da feira e empurrando caixas de comida para o caminho, enquanto as pessoas se afastavam assustadas. Olhei para uma das casas de pedra e vi um buraco no chão rente a parede que dava para o esgoto. Virei o rosto para trás e vi que Devlon se aproximava de mim.

—Pare aí mesmo, garota!

Ele estendeu a mão para me agarrar, quando minhas pernas diminuíram o ritmo sem minha permissão. Ele estava quase agarrando minha jaqueta quando escorreguei no chão e então passei pelo buraco. Cai sobre a água e afundei completamente, tampando o nariz com a mão.

A correnteza começou a me carregar por aquela caverna, enquanto eu ouvia os gritos de Devlon ficarem para trás. Respirei fundo, sentindo o cheiro podre invadir minhas narinas. Se eu não tivesse vomitado mais cedo, certamente teria vomitado naquele momento.

A água suja me carregou por mais daqueles túneis até lentamente ir diminuindo a força. Quando consegui achar um ponto onde a água era mais baixa, comecei a andar totalmente esgotada. Meus ossos rangiam com a falta de energia. Meu peito estava apertado e minha respiração falha.

Olhei para a parede da caverna quando vi um suporte com uma grade. Andei até lá e observei por trás da grade, vendo que ela dava para o corredor de alguma construção. Empurrei a grade e pulei para dentro, vendo minhas roupas todas molhadas.

Me encolhi e coloquei a grade de volta no lugar. Olhei envolta. Eu estava longe das ruas da cidade e perto demais do castelo. Era perceptível pelo nível da decoração que havia naquele corredor. Comecei a andar para um dos lados, tentando achar uma saída que fosse. Parei quando percebi que estava indo em direção a uma grande sala cheia de corredores de livros.

—A biblioteca real. —Sussurrei, antes de ouvir uma voz falar atrás de mim.

—Quem é você?




Continua...
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Eu não costumo pedir. Mas... o dedo de vocês não vai cair se vocês votarem, okay? Kkkkkk
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Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora