Capítulo 53: Estrelas Cadentes.

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Kayla

Havia algo que eu não conseguia explicar naquele navio, naquela noite. Estavam todos comemorando como se tivessem achado o maior tesouro de todos. Todos bebendo e dançando animados até demais. Axel, previsível, estava com uma garrafa na mão. Kenji estava jogando alguma coisa com os outros marujos.

—Porque não está comemorando? —Henry questionou, chegando ao meu lado e analisando toda aquela alegria deles.

—Eu nem sei porque eles estão comemorando. —Afirmei e ele riu. —Pensei que eles não gostassem de nós. Mas estão comemorando o fato de termos achado uma safira.

—Vocês estão no meu navio. Automaticamente fazem parte da minha tripulação. Então eles se sentem na obrigação de comemorar. —Henry abriu um sorriso largo. —E também, são piratas. Não precisam de muito para começarem a beber e festejar.

Olhei para eles de novo, vendo que agora eles estavam tocando e cantando uma música antiga juntos. Sorri ao ver a maioria deles se juntar para dançar de forma desengonçada.

—Vocês são péssimos! —Kenji exclamou rindo e eles resmungaram em resposta, sem pararem de dançar. Kenji se levantou de onde estava e veio na minha direção com um sorriso imenso. —Senhorita, me permite. —Ele fingiu uma reverência e eu ri, vendo ele estender a mão pra mim.

—Eu não sei dançar. —Falei, me sentindo um pouco sem jeito de fazer aquilo na frente de todos aqueles homens.

—Não é difícil. —Kenji segurou minha mão e me levou para o meio deles. —Apenas me deixe conduzi-la, princesa.

—Certo. —Sorri de novo e Kenji se posicionou na minha frente. Ele me lançou um olhar, como se pedisse autorização, como Axel costumava fazer. Segurei uma das mãos dele e coloquei a outra no seu ombro. Kenji se aproximou mais e deslizou a mão pela minha cintura. —Tente não me dar um choque.

—Não prometo nada, linda. —Provocou e então começou a me levar, girar e deslizar no ritmo da música. Kenji fazia tudo com tanta facilidade, como se fosse algo que ele fez a vida toda. Sorri ao ver a animação que ele estava e quando os marujos começaram a gritar ao redor de nós, nos dando apoio para continuar dançando. Não sei por quanto tempo ficamos dançando. Mas meus pés doíam e minhas bochechas estavam doloridas de tanto eu sorrir. Olhei para cima quando os piratas começaram a gritar e vi as luzes que agora pintavam os céus.

—Estrelas cadentes. —Falei, ficando ao lado de Kenji enquanto todos gritavam com elas, fazendo pedidos. Elas passavam pelos céus, deixando um risco de luz de beleza. Milhares delas. —São lindas.

—Faça um pedido, Kay. —Kenji me abraçou de lado, observando as estrelas junto comigo. E por um segundo, eu não sabia o que pedir. Eu nunca tive absolutamente nada. Sempre vivi minha vida como se fosse morrer a qualquer momento. E agora, eu não sabia o que poderia ter para que ela fosse um pouco melhor.

Mas então eu olhei para Kenji e o sorriso simples que ele tinha o rosto, apreciando as estrelas que caiam dos céus, como fogos de artifício. Então eu sabia o que pedir. Parecia idiota e bobo, mas eu fiz o pedido.

[...]

Por favor...

Por favor...

Por favor...

Por favor...

Por favor...

Soltei um grito engasgado ao sentir as mãos de alguém envolverem meu rosto. Comecei a me debater, tentando afastar aquela agonia que estava me invadindo.

—Kayla, sou eu. Acorde, Kayla. —Axel segurou meu rosto entre aos mãos quando abri os olhos e tentei o empurrar para longe. —Olhe pra mim. Sou eu, Kay. Eu estou tocando você. O Axel.

Parei de me mexer e fiquei com meus olhos fixos nos olhos negros dele. É impossível não observar as estrelas perdidas no meio daqueles belos olhos escuros.

—Respire, Kay. Isso foi só um pesadelo. Sou eu quem está te tocando agora. Sou eu, o Axel. —Ele repetiu e eu senti algo se quebrar dentro de mim quando percebi o quão preocupado ele parecia estar. Meus olhos começaram a ficar embaçados e minha garganta ardeu com aquela vontade de chorar. As mãos dele em contato com meu rosto padeciam um anestésico pra mim. Eu sentia um misto de sensações. E eu sabia que estava tudo bem pelo simples olhar dele.

—Pod-Pode fazer aquilo comigo? —Questionei, com a voz embargada e ele pareceu confuso. —Aquela cosia que aquelas pessoas estavam fazendo na rua. Aquilo...

Soltei um suspiro de surpresa quando ele me puxou para si em um ato repentino. Meu rosto se chocou contra seu peito e seus braços me rodearam de forma protetora e aconchegante. Agarrei a camisa dele, sentindo minhas lágrimas molharem o tecido.

—Isso se chama abraço, Kay. Serve pra demonstrar carinho. —Afirmou, me puxando ainda mais pra si. Mais do que eu achava ser possível.

Enquanto chorava agarrada a ele, me perguntei se alguém havia escutado meus gritos. Mas havia música sendo tocada do lado de fora, o que me fez suspirar aliviada naquele momento. Ouvi o barulho da porta da cabine se abrindo, mas não me virei. Axel se deitou na cama me ajeitando para ainda ficar abraçado comigo.

O colchão afundou atrás de mim e eu ignorei o fato de estar chorando e soluçando como uma criança que acabou de apanhar. Axel continuou abraçado comigo, me apertando. Suas mãos estavam ao redor da minha cintura. Então eu senti uma mão fazer carinho no meu cabelo e depois um beijo ser depositado na minha cabeça.

—Esta tudo bem, Kay. Ninguém vai te fazer mal. —Kenji sussurrou e meu peito se apertou. —Você está segura, princesa.

Então eu me lembrei do meu desejo. E por mais estranho que soasse, Axel e Kenji eram a realização dele. Amigos de verdade.

Continua...
.....
Comecei a fazer as anotações pra escrever um livro sobre vampiros nesse universo do Mundo Inferior. A ideia da história é perfeita. Me aguardem... (Aceito sugestões de nomes pra protagonista)

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now