Capítulo 2

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Depois de decorridos alguns dias desde a data em que o mensageiro veio, Charlotte estava preparada para se deslocar para a fronteira sul, a fronteira para o Reino do Fogo.

Ela resolveu levar apenas alguns soldados de elite e bem treinados, Nathaniel, o chefe da sua guarda e exército, além de, para a infelicidade dela, alguns dos maiores nobres do Reino do Gelo como Cloves Gevaarlijk e Valter Onwetend (outro dos nobres egoístas do Reino que só pensava em depor a rainha e/ou transar com ela).

Quem ficou responsável pelo comando do Reino do Gelo na ausência de Charlotte e dos principais nobres foi Victor, que ainda implorou muito para que ela desistisse dessa ideia, segundo ele "maluca", mas assim que viu que suas palavras não teriam resultado, pediu a sua rainha que tomasse muito cuidado, também pedindo a Nathaniel que cuidasse da rainha e a protegesse de tudo com sua própria vida.

É claro que esse pedido era desnecessário, uma vez que Nathaniel sempre fazia isso desde que Charlotte tinha se tornado rainha.

Além dos preparativos relativos à viagem e ao comando do Reino em sua ausência, Charlotte também resolveu levar para a esse evento alguns documentos relativamente bem importantes e alguns mapas do Reino do Gelo. Logicamente todos estavam bem guardados em um cofre de segurança prateado do tamanho de uma grande caixa de joias que só abria com o toque do sangue de um rei (ou uma rainha nesse caso) do Gelo.

O castelo principal do Reino do Gelo ficava bem no meio do Reino. O povo comum não sabia que sua rainha sairia e Charlotte fez questão de manter seu anonimato assim.

Ela particularmente odiava multidões de pessoas olhando para ela, babando por conta de sua beleza arrebatadora ou se estapeando para conseguir um lugar melhor a fim de admirá-la...

Esse era o tipo de cenário que ela gostava de evitar.

Sua comitiva, junto com suas bagagens, logo embarcou nas enormes carruagens de propriedade da família real do Gelo e começaram sua viagem. Durante o trajeto do castelo principal para a fronteira sul, Charlotte apreciou a vista pela janela dos povoados de seu Reino. Seus olhos estavam bem abertos e virados para fora, apreciando as diferentes visões em sua frente.

O Reino do Gelo, mesmo que frio congelante durante o ano inteiro, era muito próspero. Por isso, havia muita riqueza e quase nada de pobreza nas ruas.

Apesar de não ser sua primeira vez vendo aquilo, ainda era tudo muito estranho para Charlotte, mas ao mesmo tempo, completamente fascinante.

As pessoas andando juntas, conversando, ajudando os mais pobres nas ruas, se visitando em suas casas, pais e mães com seus filhos, abraçados, sorrindo... tudo era simplesmente maravilhoso para ela, ao mesmo tempo que aquilo perfurava seu coração com dor e angústia.

Ela sempre procurava não pensar sobre isso, se afundando no trabalho do Reino. Só que agora, vendo essas famílias felizes com seus próprios olhos, era impossível não pensar em certas coisas de seu passado complicado e terrível.

Ela já havia lido nos livros sobre essas pessoas e sobre o tal "amor" que preenchia seus corações, que sentiam um pelo outro.

Mas a verdade é que Charlotte não entendia bem o conceito dessa palavra, mesmo que ainda assim parecesse muito lindo e só de ler sobre isso, seu coração, apesar de quebrantado desde que nascera, se aquecia.

Charlotte também já havia lido sobre essa constituição de "família" que teoricamente era repleta desse tal "amor" e, um dia, quando mais jovem, já até tinha sonhado em ter algo assim.

Só que agora, no fundo, ela sabia que nunca poderia ter aquilo, afinal seus pais estavam mortos. E mesmo que estivessem vivos, provavelmente também não aconteceria. Por causa desses pensamentos e mesmo não entendendo os sentimentos comuns que essas pessoas nas ruas de seu Reino partilhavam entre si, Charlotte sentia intensamente o dever de protegê-las, de preservar essas relações.

Beleza Aprisionante - História dos Quatro ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora