35 - Despedida

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Faltavam quatro dias para o meu teste de estágio. Quatro dias para Elisa e Gael voltarem ao mundo natural.

Eu estava esperando John chegar. Os nossos últimos ensaios seriam ali, no palco do recital. Ajudava a acalmar os nervos uma ambientação antecipada. Assim que ele chegasse, Gael sairia. Ele se recusava a estar no mesmo ambiente que o meu colega de equipe.

— Está ansiosa? — Gael perguntou.

— Acho que vou me sair bem. — eu fazia o possível para não passar a ideia de que estava aterrorizada com a partida dele — A coreografia ficou linda.

Gael e Elisa me garantiram que eu não tinha com o que me preocupar. Com o fruto da persuasão em mãos nada poderia dar errado. Eu quase conseguia acreditar. Quase. Então jogava a culpa toda em cima do recital.

— Se forem espertos eles vão te aceitar. — sorriu de um jeito diferente. — Sabe que a amo como nunca amei ninguém, não sabe?

— Foi a coisa mais triste que você já me disse. — segurei o rosto dele. Aqueles olhos costumavam ter um brilho mais vivo e mais feliz.

— Que falta de romantismo, carissimi. — ele riu.

Estávamos quase chegando lá, mas o verde dourado ainda era um misto de tristeza e felicidade.

— Nunca fui boa com palavras. — dei-lhe um beijinho no canto da boca. Agora sim ele ficou triste. Não era essa a intensão.

Gael me enlaçou em um abraço tão apertado que deu para sentir o nervosismo e a tensão de seu corpo fora de controle.

— Se algum dia, por algum motivo, você não entender as minhas razões... Eu vou te amar para sempre, Alma Ferraz.

Eu o empurrei para longe de mim com a respiração descontrolada.

— Está se despedindo. — não sabia se tinha mais medo ou raiva pulsando no meu coração.

— Não estou me despedindo. — ele me segurou, impedindo que me afastasse. — Mas tudo o que eu fizer será sempre pelo seu bem.

— Mas que merda é essa?! — puxei as mãos com força e mantive distância dele. A histeria da minha voz dizia que o medo estava ganhando a disputa.

— Sempre existe algum risco. E se por acaso...

— Shiii! — tampei a boca dele. Não conseguia ouvir aquilo. — Não fala isso para mim. — implorei. — Não fala isso para mim, Gael.

— Só preciso ir sabendo que você acredita em mim! — ele também estava implorando. A necessidade transbordando em palavras. — Não me arrependo de nada. Sabe disso?

— Sei. — era tudo o que ele queria ouvir e não era uma mentira.

— Eu vou voltar. — suas mãos apertaram a minha cintura quase com arrogância. — Gosto muito do gosto da sua boca para ficar longe dele.

E aquele beijo tinha agressividade o suficiente para se colocar à porta do paraíso. Possessivo, manhoso, perfeito. Um beijo que dizia muitas coisas. Eu te amo e me perdoe faziam parte delas.

— Uou! — John chegou para o ensaio.

Eu me soltei do laço que me prendia, ajeitando a roupa. O rapaz olhou de mim para o Gael sem conseguir disfarçar o desgosto. Ele veio andando na nossa direção, apontando a porta.

— Hora de você sair. — provocou e, claro, a cutucada atingiu Gael em cheio.

O verde dourado escureceu encarando o bailarino, como o dia dando lugar à noite. O ciúme dele era denso.

Gael podia ficar se quisesse, mas ele não conseguia assistir aos ensaios e agir de forma civilizada ao mesmo tempo. Então ele sempre ia embora.

— Não se preocupe. — John alfinetou de novo. — Alma vai ficar em boas mãos.

Se Gael fosse um cachorro nessa hora estaria com os dentes cravados no pescoço dele.

O lindo estranho se inclinou sobre mim e sua voz sussurrou ao meu ouvido como uma carícia:

Eu vou voltar. Você é o meu pecado, não o dele. Não vou dar ao seu amiguinho a oportunidade de cuidar do seu corpo enquanto cura o seu coração ferido. Vamos manter aquelas mãos sobre você apenas em cima do palco, pulchram. — Gael deu o seu recado e então se afastou. Acrescentou já na saída, e não saberia dizer se era para mim ou para o John: — Eu vou voltar.

E saiu. A ausência do caçador deixou ainda mais evidente a presença do bailarino.

— Pode me agradecer quando quiser. — John sorriu, um pouco de repreensão e troça.

— Pelo que exatamente?

— Ter acabado que impedir que você fosse mãe adolescente. — corei de cima a baixo na mesma hora. — Pronta? — ele estendeu a mão num convite claro.

Aceitei. Era melhor a gente esquecer a cena anterior e começar logo o ensaio.

— Você é minha agora. Pelo menos pela próxima uma hora.

E aí, o que acharam? O John tá saidinho! E o caçador está aprontando! O que será que ele não contou para ela?

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E aí, o que acharam? O John tá saidinho! E o caçador está aprontando! O que será que ele não contou para ela?

Bjos. Semana que vem tem mais!

Doce Pecado | 1Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα