31 - Explicações

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— Esse porco não morreu em vão! É a coisa mais deliciosa que eu já comi na vida. — Elisa declarou, saboreando uma fatia de bacon.

— Não. — Gael sacudiu a cabeça em negação. — Milk-shake é melhor.

— Claro que não. Bacon é dez vezes melhor que sorvete. — ela roubou uma batata frita e enfiou na boca.

Elisa! — Gael ralhou com ela de boca cheia.

— Não seja um bebê chorão.

— Ei, você dois. — interrompi. — Não comecem.

— Mas ela está pegando as minhas batatas! — Gael olhou para mim reclamando com a cara fechada, enquanto uma mão ágil roubava mais uma batatinha.

— Eu disse não, Gael.

Ele virou a cara, contrariado, e deu uma encarada em Elisa e ela apontou para mim.

— Ela disse não, Gael.

Ele ficou vermelho como se estivesse prestes a esganá-la.

— Foco crianças. Vamos ao assunto que realmente interessa. Quem vai me explicar como eu posso ser uma guardiã? Eu me sinto completamente normal!

Foi Gael quem me deu a resposta.

— Quando os guardiões infectaram as pessoas, nasceram os híbridos, e estes carregam a magia no sangue de forma embrionária. Você é híbrida. Você é uma humana que herdou o dom natural da magia de um guardião. Os descendentes híbridos não percebem o que são porque a magia não se desenvolve, uma vez que deixou de ser usada há centenas de anos e não tem mais contato com o mundo de onde veio.

— O seu namorado aí, mudou as coisas quando decidiu ficar por perto. Agora a mágica que existe nele está acordando a sua. Quanto mais inerte o seu lado de fantasia, mais fraco o seu cheiro é. — Elisa falou com o copo de refrigerante na mão.

Observei o grupo comendo hambúrguer e bata frita como adolescentes normais. Como podíamos ser mais do que só isso?

— Então... — o meu cérebro estava rodando. — qualquer pessoa pode se olhar no espelho e se sentir completamente normal e no entanto... carregar magia dentro de si. Ninguém sabe se é um guardião até o sinal aparecer na pele?

— Exatamente. — Gael confirmou.

— Então os meus pais também correm perigo, uma vez que a magia é passada de geração em geração. — concluí.

— Não. Claro que um deles carreu a magia, mas ela não se multiplica e não se divide. Foi transferida para você de forma involuntária. Se você tivesse um irmão caçula ele seria totalmente humano porque o dom foi passado para você. Foi a estratégia que os primeiros guardiões escolheram para proteger a magia. Dividida em inúmeras partes pequenas, em constante movimento ao redor do mundo, estaria muito mais segura do que concentrada em uma pessoa só. Um cheiro fraco e difuso não é fácil de encontrar, por isso a caçada ainda não acabou. — Gael esclareceu.

— Se você morrer a magia morre com você, porque ela precisa de um corpo para habitar. — Elisa acrescentou. — Uma vez que não haja mais ninguém com a magia dos guardiões... os portais se fecham, selando para sempre a separação dos mundos. Se o Gael partir — ela lançou um olhar triste na direção dele. —, ele a deixaria vulnerável a outros caçadores, mas se ele ficar... é uma questão de tempo até chamar a atenção de todos eles. — Elisa respirou fundo. — O meu irmão é bom, mas é um só.

Eu vou morrer. Fato.

O meu estranho lindo encarava o chão com as sobrancelhas franzidas, alheio ao fato de que Elisa lhe surrupiava as batatas.

— E agora? — as minhas chances estavam despencando de um penhasco em queda livre.

— Bom, como eu disse antes — ela apontou para nós —, vocês estão ferrados! — falou bebendo um gole de refrigerante.

O riso que escapou da garganta dele exibia um alto grau de desespero.

— Alguma boa notícia? — Gael perguntou.

— Tirando a minha presença, nenhuma.

Gael apoiou o rosto nas mãos. Elisa afagou as costas dele.

— Ei, olha pra mim. — ele levantou os olhos. — A gente vai achar uma saída. Eu ainda não sei qual, mas nós vamos achar. Não desista, Gael, porque ainda não acabou.

Ele sorriu e assentiu. Alguma esperança bateu asas dentro de seu coração, e vendo a confiança mútua entre eles, comecei a sentir essas asinhas batendo dentro de mim também.

Eu sou uma guardiã. Híbrida. Descendente do mundo Natural. E talvez, você aí, que está lendo a minha história, também seja. Eu no seu lugar, tomaria mais cuidado quando topasse com alguém te olhando atravessado de cara feia na rua. Talvez ele seja o seu caçador!

 Talvez ele seja o seu caçador!

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Oi gente! Tudo bem com vocês? 

Viram o que a Alma disse?! Cuidado! Quem garante que nenhum de nós também não esteja sendo caçado nesse exato momento?! kkkkkkkkk

Bjos!

Doce Pecado | 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora