Gael aguardava por mim lá fora, como disse que faria.
— Sem acidentes hoje? — o olhar estava fixo em algo às minhas costas.
Três alunos tinham acabado de sair do ginásio, um deles era John.
— É por isso que não gosta dele? Porque ele me deixou cair? Não foi culpa dele.
Gael bufou.
— Não o defenda! — a resposta veio com raiva.
— Não precisa ficar assim! Isso acontece na dança, foi um acidente!
— Pouco me importa! E é bom que não aconteça outra vez, ou ele mesmo terá de coletar o catarro! — e saiu andando com as mãos nos bolsos.
Catarro? Ele disse catarro?
— Está insinuando... que você... Aquilo era catarro?!
— Ora, não era qualquer catarro. Era um muito especial!
— CATARRO?!
Ele já estava rindo abertamente.
— Pode chamar de muco se preferir.
Fechei a cara e dei um tapa no braço dele.
— Ok, ok. Pode dar outro nome se preferir.
Preciso organizar a minha mente. Ok. Passei catarro no tornozelo! Argh! Mas o mais importante era o fato de ter me curado. Gael tinha dito antes que era... mágica. Respirei fundo.
— De onde ele vem?
— Ele vem das narinas de criaturas chamadas zárrul. — analisou o impacto dessa informação no meu rosto. Deve ter visto algo de bom lá porque continuou. — Zárruls são bichinhos gordos e rechonchudos, cobertos por pelos coloridos, apenas três patas e uma língua azul. Enfiam-se em lugares impossíveis! Mas o "catarro" deles é muito eficiente para ferimentos leves, como foi o seu.
Ou ele era um mentiroso muito bom... ou estava dizendo a verdade. O meu tornozelo perfeito me induzia à segunda opção.
— E de onde eles são? — perguntei.
— Do mesmo lugar de onde eu venho. -- Gael ficou mais sério. -- De outro mundo.
Um estalo na minha mente, as ideias se organizando.
— É por isso que você fala nós humanos. Você é alienígena!
— Não. — e ele começou a rir. — Não é esse tipo de mundo. Não sou de outro planeta. É mais do tipo... mundos paralelos. Existem caminhos dentro do seu mundo que conduzem ao meu.
— Só me dá um segundo. — pedi e me sentei no meio fio. A cabeça rodando a mil por hora me deixou tonta.
— Está se sentindo bem? — ele se abaixou ao meu lado, as feições preocupadas.
— Estou me sentido como uma pessoa que acabou de considerar a possibilidade real de que a magia não seja ficção. — olhei no fundo dos olhos dele, procurando traços de zombaria. Encontrei seriedade. — Porque é basicamente isso o que está me dizendo. Você é uma criatura mágica.
— Vou comprar uma garrafa de água para você.
Evasão, um sinal evidente de confirmação. Eu sou louca? Por considerar que isso possa ser verdade? Talvez eu seja ingênua e ele esteja me pregando uma peça, isso seria possível, provável até, mas... aquele remédio não existia, pelo menos não nosso mundo.
ESTÁS LEYENDO
Doce Pecado | 1
RomanceO caçador foi enviado para matá-la! Assim como uma tentação é provocante e sedutora, o amor se ofereceu ao jovem Gael Ávila de forma proibida. Agora ele precisa decidir entre ser fiel ao seu povo e assassinar a bailarina, ou se deixar levar pelo qu...