A Herdeira Mestiça

By albuquerque_s

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Vítima de um assassinato mal executado, Mariah despertará para um novo mundo, guiada por um encantador vampir... More

CONTO DO VIGÁRIO
RECÉM CHEGADA
A REALEZA
DOCE VENENO
ÁGUAS PROFUNDAS
SANGUE AZUL
O JULGAMENTO
CICATRIZES
INSTINTOS
A ALIANÇA
A DANÇA DOS CORVOS
A REBELIÃO
SOBREVIVENTE
FILHOS DA LUA
A QUEDA DO PRIMOGÊNITO
O MENINO QUE SOBREVIVEU
A ESTRELA DA MANHÃ
COROA FLAMEJANTE
O OUTRO LADO
O QUE VEIO ANTES
NADA DO QUE ME ORGULHAR
SONETO DO ADEUS
DO TRONO AO PÓ
CAMPO SANGRENTO
A GRANDE CHEGADA
ALGHARKA
UM FRAGMENTO DE EMPATIA
BAILE DE OURO
ÁRVORE VERMELHA
A PAZ NO PEQUENO ABISMO
VOTO PERPÉTUO
ATAQUE AOS REIS
KARMA
TODOS PARTEM E SE PARTEM
UMA TERCEIRA CHANCE
FADAS TAMBÉM SANGRAM
VERDADEIRO LUGAR
O ORÁCULO
SANGUE RUIM
MALDITO SEJA O REI DA NOITE
A NOITE ESCARLATE
O LAR
FILHOS DE ELYS
SALVE A HERDEIRA MESTIÇA
PONTO DE RUPTURA
COLISÃO
O RENASCER
EPÍLOGO

LIBERTE-OS, LIBERTE-OS TODOS

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By albuquerque_s

As últimas semanas tinha sido solitárias, caminhando por entre as sombras se escondendo de patrulhas enviadas por Killian, dormindo nas copas das árvores, ou em cavernas e buracos para não ser localizado. As criaturas da floresta tinham se escondido ou fugido de Elys, não se via mais a graciosas ninfas do ar e da terra, nem qualquer outro espírito da floresta. Apenas as árvores falavam com o vento. Os poucos cervos que tinham sobrado, foram consumidos por dias por Pedro, que sentia a necessidade de caça e fome como da primeira vez que se transformou. Estava vazio por dentro, tinha sido exilado e expulso pela própria esposa, ainda sim, sabia que Mariah tinha feito o certo, ela o protegeu de um destino mais cruel, e isso foi a maior prova de amor que ela poderia ter lhe dado. Seus pés o guiaram para o território das fadas, por algum motivo tinha chegado até lá, estava tão atordoado com sua culpa que não se atentou ao caminho que trilhava. Apreensivo ficou tenso e se aproximou, as flores estavam murchas e mortas, corpos de soldados monarca caídos no chão. Os portões quebrados, sem segurança alguma. Começou a entrar esperando um ataque surpresa, os punhos fechados as chamas em sua volta brandas esperando, mas, nada aconteceu. Não tinha vida ali, nem se quer uma, todas as fadas pereceram sob a ira dos renegados. Ele entrou no palácio, vidros quebrados, taças e cacos de vidro pelo chão, sangue em poças em toda parte, ele passou por um corpo amolecido e respirou fundo, era Seelie, a fada da guarda, protetora dos portões, não tinha resistido. Subiu as escadarias com cuidado, ali também tinha alguns corpos. Quando finalmente chegou aos aposentos da rainha, já esperava o pior. Abriu a porta lentamente e se deparou com Celine abraçada aos próprios joelhos na varanda, estava magra com ossos expostos, os cabelos sujos de terra, as mãos de sangue seco, o rosto inchado de tanto chorar, ela arregalou os olhos ao ver Pedro. 

- Lorde Pedro, que prazer em revelo. - Celine estava dissimulada, o rosto tenso, um sorriso que mais parecia uma tortura para ela. 

- Rainha Celine. - Pedro correu para pegá-la nos braços antes que a mesma batesse a cabeça no chão. A colocou em sua cama. 

- Sempre tão gentil. - Murmurou, estava muito fraca. 

- O que houve? O que aconteceu aqui? - Pedro olhou em volta enquanto a cobria com lençóis estava muito frio. 

Celine reprimiu o rosto e chorou mais uma vez, não tinha forças para se levantar. 

- O meu povo está morto. Eu perdi tudo Pedro, perdi minha casa, minha família, minha honra e minha filha. - Celine pegou o pulso do homem. - Salve minha filha. - Implorou. - Tenha misericórdia da alma dela. 

- Onde ela está agora? 

- Eu não sei... - Arfou, o peito cansado a boca seca e roxa. - Molfenters. 

- O que? 

- Ele foi vingar sua dor, ele vai matar o Rei, levou nossa filha com ele. 

Pedro pressionou os lábios, é claro que ela não tinha como saber. 

- Ele já conseguiu Celine. Lorenzo está morto. O reino dos vampiros foi tomado. 

Celine deixou as lágrimas rolarem, mas seu rosto era frio e gélido. 

- Então está tudo acabado. Ele vai conseguir. - Celine tossiu com força, sangue espirrou de sua boca. 

- Conseguir o que? - Pedro estava ansioso.

 - A profecia Lorde Pedro. Ele vai...se transformar na criatura mais poderosa que já existiu. O sangue dos filhos de Elys. - A voz da fada se dissipava nas palavras. 

- Quantos ele já tem? Por favor Celine, acorde. 

Celine se esforçou para manter os olhos abertos. 

- Quatro de sete. 

- Quem são? Celine se esforce. 

Celine apertou a mão de Pedro com força. 

- Elfa, fada, sereia, vampiro...

Pedro começou as ligar os pontos. Sabia quais eram os próximos alvos. Mas Mariah e os outros não sabiam. Seriam pegos de surpresa. 

- Liberte-os Lorde Pedro, Liberte-os todos.  - Em seu último suspiro de vida, Celine deixou uma lágrima dourada correr seu lindo rosto impecável, ela se transformou em galhos secos lentamente cada vísera, cada conjuntura se transformou em galhos espinhosos que cobriram seu cama e tudo ao seu redor se assemelhando a ervas daninhas. Pedro saiu as pressas. Correndo escadaria abaixo. Como chegaria tempo? Talvez já estivessem indo para lá, a Aldeia estava distante e por mais rápido que fosse, não levaria menos que três dias. Ao chegar aos portões teve uma surpresa. Um grupo consideravelmente grande o aguardava, não eram renegados, tinham os rostos sujos de fuligem e as mãos machucadas, os uniformes com o brasão monarca rasgados em alguns pontos, mas ainda seguravam as lanças firmemente. 

- Assassino. Pagará pela morte da rainha! - Um deles estava pronto para matá-lo. 

- Não. Eu não a matei! Ela estava fraca, já tinha decidido partir quando cheguei aqui. 

O homem não baixou a guarda. Olhou no fundo dos olhos do vampiro e com suas habilidades de poder enxergar a mentira. Conseguiu ver sinceridade em Pedro. Então abaixou a lança. 

- De que lado você está? 

- Salve a Herdeira Mestiça. 

O homem esticou a mão para ele. 

- Acredito que tenha um plano. Sou Braham, general das tropas monarcas. 

- Vamos aos Knowa. 

[...]

O entardecer se aproximava mais uma vez, as cores se transmutando em tons alaranjados um por do sol glorioso em meio a tanta tragédia. No pomar, Mariah estava sentada a sombra de uma árvores, encava a aliança em seu dedo como a única coisa que a mantinha presente ali naquele lugar. Um turbilhão de pensamentos corria freneticamente por sua mente. Depois de tudo que ouviu de sua mãe. Todo o grande plano de Killian. E em como não havia forma de evitar o que estava por vir, foi devastador. Ainda sim, tinha se acertado com a mãe. Não eram íntimas, mas pelo menos conseguiam conversar. O perdão é algo que Mariah tinha facilidade, mas neste momento, nessas circunstâncias, ela não conseguia. Simplesmente não podia. Na tentativa de esvaziar sua mente, a mestiça tocou as raízes da árvore e fechou os olhos, sentindo o pulsar de sua magia conectada a ilha, era como recarregar as baterias. Um pulsar subiu pelos seus nervos e Mariah sentiu a cabeça doer, quando abriu os olhos estava novamente em uma de suas visões frequentes, mas desta vez, Simon estava lá, a beira do lago Lyn, era o amanhecer exatamente igual ao entardecer daquele dia. Estava invertido. 

- Há quanto tempo Mariah. - A voz do garotinho ainda era doce, como de costume. 

- Onde esteve? - Mariah correu para perto dele e sentou-se ao seu lado. Os pés tocando a água. Ele estava com os cabelos bem alinhados, a calça dobrada e pés descalços. Havia tanta luz dentro dele. 

- Em todos os lugares. E em lugar nenhum. 

- Eu já sei a verdade. 

- Sabe? - Havia certa ironia na voz dele.

 - A profecia, nós, por que nunca me disse que era meu irmão. 

- Não estava pronta. 

- Ninguém fica pronto para esse tipo de revelação. 

- Discordo. - Deu de ombros. - Quando chegou a ilha, era uma menina, uma recém chegada amedrontada. Agora, se tornou o que deveria ser Mariah. A morte te perseguiu a cada passo dentro desse lugar. E você a subjugou mais de uma vez. Nem mesmo o amor de um homem, te impediu de agir como a verdadeira Herdeira de Elys. Não percebe

Simon fez um gesto com a mão e um espelho de água se ergueu e Mariah viu seu reflexo. Os olhos cor violeta com leves manchas avermelhadas, os cabelos vivos em um tom castanho, a pele cheia das escritas antigas, brilhavam como o sol sob a pele. 

- Essa é a sua jornada. 

- Quanto a você? 

- O destino do que eu me tornei também foi traçado. - Simon engoliu em seco. - Nada vai impedir. 

- Como posso saber que você não é uma armadilha de Killian? 

- Não pode. Mas acredite quando digo, que estou sofrendo e estou morrendo por dentro. Jamais admitirei do outro lado. Mas. - Simon tocou a mão de Mariah. - Tenho orgulho de você minha irmã. 

Simon se levantou e Mariah fez o mesmo. Seu peito doía, parecia estar sendo perfurado com microagulhas. Por que se sentiria assim quanto a ele? Por que tinha sentimentos pelo irmão que a queria morta. Por que aquele garotinho tão doce se transformou em um maníaco? Quanto de dor uma criatura pode aguentar até se tornar sua pior versão? 

- Aonde você vai? 

Ele tinha dado as costas estava indo embora

- Voltar pra casa. 

- Casa? 

- Você também deveria. 

- Mas... 

Mariah deu dois passos para segui-lo mas um puxão lhe tirou da visão e novamente tinha despertado no pomar. Lis estava segurando seus braços alarmada. 

- O que aconteceu? 

- Nada. Eu, eu estou bem. 

Ainda tonta Mariah se levantou. Lis sabia que não era verdade. Desde a volta do outro eu da mestiça, tinha mudado completamente seu comportamento. 

- Não pode continuar assim! Está dispersa, afastada, o povo sente Mariah. Estão com medo, por que você sente medo! Desde a partida de Pedro, tem sido assim. Killian já dominou um terço de Elys. O que vai fazer? Ficar sentada, esperando. Não pode continuar agindo como se isso não fosse sua responsabilidade. 

- Eu estou tentando fazer o que é certo. 

- Está tentando afastar aqueles que amam você. Mas o que me pergunto, é quando ia me contar que Pedro a traiu. 

- Como soube? 

- Todos sabem Mariah. Ninguém é exilado a troco de nada. Entenda, precisa estar pronta para o que vai acontecer. 

- Eu estou.

- Espero que sim. Não estou disposta a perder mais vidas. 

Um som alto ecoou pelos campos, uma trombeta inserida para tocar quando os territórios fossem invadidos. O coração de Lis saltou, ambas se olharam. 

- Problemas. 



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