O JULGAMENTO

173 23 2
                                    

"Não existem correntes mais pesadas, do que as que a alma carrega"

Thomas estava no Jardim andando de um lado para o outro, sua mente fervia, o que aconteceria com sua amada? E os planos de Lucinda teriam enfim chegado ao desfecho mesmo indiretamente apenas por depor contra a garota. Ele a viu sorrir quando Mariah passou algemada tão atordoada quanto ele. Sentia-se culpado deveria ter dito a ela, devia ter avisado dos planos de Lucinda, mas não foi capaz. -Um fraco. -Repetia a si mesmo. -Sou um fraco.

-Thomas. - Ele ouviu uma voz cuidadosa e jovem.

-Oi, Lion. - Disse ele dando um meio sorriso ao garoto.

-Não precisa fazer essa cara como se eu não soubesse de nada do que está acontecendo. - Repreendeu.

- Eu sei que sabe talvez eu apenas queira me enganar que não é nada. - Thomas afundou-se em uma das cadeiras de chá do Jardim.

-Não podemos escapar da realidade, por mais cruel que ela seja. - Lion colocou a mão no ombro do irmão. Em alguns momentos o jovem podia ser mais sábio com suas curtas décadas comparado as centenas de Thomas.

- Não sei o que fazer por ela. - Thomas passou as mãos nos cabelos grossos e emaranhados.

-Não foi capaz de protegê-la, não há mais nada a fazer. Não tem poder para mudar o que está para acontecer. - Uma voz amarga veio por de trás da fonte. Pedro estava vestido para matar literalmente, usava seu uniforme negro de combate, seus olhos eram turquesa quase semelhante à água da fonte. Seus cabelos estavam perfeitamente arrumados brilhando sob a cúpula iluminada pelo sol encoberto por algumas sombras.

- Deve me odiar por isso.

-Na verdade odeio Lucinda e seus joguinhos. Você é apenas uma peça. - A voz de Pedro era distante apesar de firme.

-Devo uma vida á ela. - Disse Thomas em um sussurro. As sombras do passado assombravam seus pensamentos mais profundos.

-Agora deverá a mim, se algo acontecer a Mariah, vou querer uma vida pela outra. - Não foi necessário explicações, Thomas havia entendido o recado. Mas não se importava sem Mariah sua vida de nada valia.

- Fique a vontade. - Thomas abriu os braços, seu rosto retorcido, amargo, Pedro olhou pesarosamente tendo que admitir ele não era o único que sofria com tudo isso.

[...]

Lucinda vestia vermelho sangue esta manhã, estava em seu trono por direito e no qual almejava um dia sentar estava à soberana rainha Íris. O salão estava silencioso, Lorenzo sentado em silêncio enquanto ouvia Henry repetir a lei dos territórios por pelo menos três vezes.

-Já chega! - Gritou o Rei. - Vamos acabar logo com isso.

O mesmo acenou para um guarda que prontamente saiu indo buscar a violadora. Lucinda parecia vibrar de excitação, seria um belo espetáculo, pensou a menina. Não demorou muito e quando as portas do salão foram abertas outra vez, houve um burburinho entre o conselho que foi aumentando até se tornar uma grande discussão desordenada. Mariah passou de cabeça erguida, agora suas mãos estavam presas por cordas pretas bem apertadas.

-Silêncio! - Gritou o Rei outra vez.

Estava mais descontrolado que o normal, notou Lucinda. Henry se colocou de pé, era um rapaz aparentemente novo, usava uma túnica vermelha e preta e possuía uma cicatriz na boca pequena e esbranquiçada, seus cabelos eram castanhos claros e estavam bem alinhados para trás.

-A ré Mariah Graig, está sendo acusada de violar a lei dos territórios além de afrontar o poder da rainha do lago Dorothea. Tendo arriscado não só a si mesma mas a todos nós, provocando ira dos aliados. -A voz de Henry não contradizia seu rosto que estava sério e implacável.

A Herdeira Mestiça Where stories live. Discover now