A DANÇA DOS CORVOS

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"Peguem seus pares, é hora do baile de máscaras....que cairão"

O salão de festas já estava quase pronto, agora com muito mais rosas que o comum, brancas e vermelhas estampando cada canto do local, haviam mesas de puro ouro nas extremidades para os convidados mais reservados, os violinistas eram muito habilidosos e afinavam seus instrumentos para a comemoração, os servos corriam de lá para cá apressados e tensos deixando tudo impecável. Do topo da escada Íris analisava todo aquele escarcéu com um repudio avassalador. Lucinda por sua vez verificava cada centímetro sendo severa com as criticas, porém seu rosto irradiava excitação, finalmente teria a coroa e toda glória que sonhou.

-Vejo que está feliz. - O sorriso da menina sumiu.

-Ora Thomas seu traidor. - Cuspiu ela.

-Em nenhum momento a trai. - Thomas falava brando, parecia não se alimentar a dias.

- Aqui não é lugar para conversarmos. Vamos aos meus aposentos.

-Quer uma despedida de solteira no dia de seu noivado? Mais que audácia. -Thomas deu um riso fraco.

-Não é hora para brincadeiras, venha.

Já no quarto luxuoso de Lucy, Thomas afundou na poltrona de veludo.

- Pensa que não sei do pedido da rainha? E também que pediu a Pedro que procurasse por ela?

- Não sei do que está falando.

-Mariah! Você pediu que Pedro a procurasse por ser um covarde, jamais conseguirá matar alguém a sangue frio! - Rosnou ela. E o olhou severamente.

-Foi um erro tê-lo transformado, deveria ter deixado você arder em febre até a morte.

Aquilo foi como um soco no estômago para Thomas. Cenas perambularam sua mente. A noite no bar de Londres quando conheceu a bela e exuberante Lucinda, naquela noite eles beberam e conversaram por horas a fio. Noite após noite ficaram juntos e se apaixonaram ou pelo menos ele se apaixonou. E enfim a doença chegou... Thomas olhou para a menina com sombras no olhar.

-Lembra-se da noite em que eu ardia em febre e gemia de dor em seus braços gelados? Você velou meu sono em intervalos de dor, ficou nervosa e seus olhos brilhavam a luz da lua, você me amava Lucy, eu a amava. Você me transformou por amor, e não negue isto, mas quando chegamos a Elys tudo mudou. Você mudou. Mas eu não!

- Acha que me esqueci!? Acha que eu não o amo? Eu nos salvei, eu, você, Helena. Estamos a salvo aqui, estou cuidando para que continue assim!

- Não tente se enganar Lucy, você faz tudo isso, para o seu próprio ego. Helena é uma escrava dessa casa. E eu? – Suspirou, estava abatido e cansado. – Eu só queria voltar aquele quarto em Londres, nos seus braços. Preferia morrer encarando seus olhos cheios de amor, do que ter que presenciar esse circo dos horrores, vendo você se vender pelo trono.

Lucinda nada falou apenas observou Thomas passar pela porta e sumir de vista. E a princesa ficou ali encarando o nada, perdida nos próprios pensamentos.

[...]

A noite caia como um véu negro sobre Elys, toda a ilha parecia mais viva naquela noite, as folhagens das arvores de um tom monocromático em verdes, até as flores pareciam mais coloridas que o comum, e o jardim de Killian retrata bem isto. Mariah se afastou da janela de seu quarto, indo de encontro ao espelho, ali ela já não mais via a garota assustada e insegura que havia chegado a esta peculiar Ilha, mas sim uma criatura segura do que está prestes a fazer...

-Você está de tirar o fôlego, digo de quem pode respirar é claro. - A piada tosca de Marcos fez Mariah revirar os olhos.

-Você é sempre tão idiota?

A Herdeira Mestiça Donde viven las historias. Descúbrelo ahora