MALDITO SEJA O REI DA NOITE

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A noite tinha tomado os céus de Elys, era lua de sangue e os tons se misturavam a vermelhidão da perolada cheia. Até o clima da ilha conhecia bem os tempos sombrios das últimas eras. Na torre mais alta o rei dos vampiros contemplava o batalhão nos campos de treinamento, estavam se armando, vestindo suas armaduras de ferro com o brasão da casa Molfenter entalhado no metal, afiando suas espadas, seus elmos que simulavam o olhar do pássaro. Jamais imaginou que presenciaria novamente aquela cena, as famílias da corte tinham retornado ao mundo dos humanos, apenas os mais fortes permaneceram, apenas os sacrificados, os eleitos para guerra, a segunda que a terra dos sobrenaturais viveria. Ao longe já não podia mais ver os territórios Knowa. Estava protegido com magia presumira. Dorothea tinha sucumbido soube. E Mariah se unia aos elfos para proteção dos seus. Foi quando se deu conta, de que estava sozinho contra a legião de Killian. Os números não batiam. Passou semanas calculando. E nem com o dobro de seus soldados, poderia vencer. Ainda sim, seu orgulho superava o medo. Seu sangue era o mais nobre, o descendente de Eurin o primeiro! Quem poderia deixar um legado nas mãos de um covarde como o garoto mestiço. Lorenzo cerrou os punhos e se virou para dentro, sua armadura prateada feita de titânio puro, o elfo feito como a coroa de um Rei. O verdadeiro Rei De Elys. Se vestiu e apertou cada junta, cada cinto, cada peça de sua armadura e em frente ao grande espelho vestiu o elfo coroado. Seus olhos escarlate encarando a si mesmo. Seu peito inflou, e suspirou. A morte o esperava depois dos portões. Mas não iria se render a ela, nem mesmo que implorasse. 

As portas do quarto se abriram. General Reece o homem misteriosamente habilidoso e sádico entrou. 

- Senhor, toda a tropa de Payne está pronta. Os arqueiros já subiram as torres, os batedores estão em formação no grande território de sangue, alguns recém criados ficarão na linha de frente, são mais fortes e mais rápidos. 

- Ótimo. Quantos são? 

- Cinco Mil vampiros senhor. 

Lorenzo cerrou os punhos novamente. 

- Esta noite, meu caro Reece. Seremos lembrados para sempre. 

- Não tenho dúvidas meu Rei. 

Ambos saíram para fora para os campos de sangue, era como ele chamava, o maior território limpo dos Molfenter, uma área exilada sem muitas árvores, quilômetros de terra pura. Todos os cinco mil homens e mulheres da escuridão estavam lá. Lorenzo tirou seu elmo e tirou a espada da bainha, uma lâmina escura com o brasão entalhado no cabo de madeira nobre, nela estava escrito "O sangue é o poder dos abençoados, e pela lâmina serão a condenação dos amaldiçoados". 

- Meus filhos da noite! Ouçam o seu Rei! - Lorenzo ergue o olhar para todos. - Está noite, o inimigo bate a nossa porta, e se prepara marchando para adentrar nossa casa, nosso lar. Os imundos renegados, que não possuem honra, não possuem um povo, nem uma família! São invasores de nossa terra! Sei que muitos acabaram de chegar, e não compreendem a história desta terra. Mas ouçam a minha palavra, sou o filho descendente do grande fundador de Elys, Eurin Molfenter que fugia da caçada violenta dos humanos, encontrou nossa casa, aqui criamos nossos filhos, nosso império! Esta terra nos pertence, o nosso legado vive em cada um de vocês...Então o que peço, é que não temam as sombras que vem do leste, não temam a noite fria, nem a lua de sangue que se ergue nos céus. Somos nós os filhos da escuridão, vamos dobrá-la a nosso favor. Por nossas vidas, mas principalmente, pela nossa honra. 

Um coro estrondoso começou a ecoar por todos. 

- Viva o Rei De Elys!! Viva o Rei de Elys!! 

Lorenzo ergueu a espada. E coro de guerra se abriu, urros de vitória, de garra, de sede absoluta. 

[...]

No território Knowa, Mariah ainda admirava o horizonte esperando desesperadamente ver Pedro retornar de sua partida. Não tinha o dito para voltar e se questionava sobre o certo a ter sido feito. Abraçou os próprios braços, a noite estava fria e a lua de sangue tinha se erguido no céu. Os cabelos presos em um coque alto apenas algumas mechas soltas, também tinha se rendido aos vestidos de Lis, usava um azul escuro de tecido de druida, era semelhante a algodão, porém mais leve, de ombro a ombro com mangas longas. Ainda sim estava descalça e se sentia livre, pelo menos por fora. 

A Herdeira Mestiça Donde viven las historias. Descúbrelo ahora