FILHOS DE ELYS

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Lobos enormes corriam pelos campos indo em direção ao tumulto, outros lobos renegados tinham invadido, estavam lutando uns contra os outros. Mariah podia ver Lia e Maicon na confusão, eram muitos. Tentou dar um passo a frente mas Victor surgiu, os olhos dourados de lobo as presas saindo dos caninos, ele segurou seu pulso.

- Essa luta não é sua.

Foi tudo que disse, ele pulou e se transformou em um enorme lobo marrom escuro era intimidador e feroz correu para a multidão. Mariah cerrou os punhos.

- Não vou assistir eles morrerem! - Gritou ela para Lis.

- Os lobos são milenares, fortes e valentes. Não precisam da sua ajuda agora. Mas precisa proteger os outros. As crianças, os feiticeiros, os mestiços. Vamos Mariah. Aja como a líder que deve ser. Ou eu me enganei?

A dureza da Feiticeira fez com que Mariah despertasse, ela correu para as cabanas. Gritando enquanto caminhava.

- Todos para dentro! Tranquem suas portas, não saiam até que seja seguro! Apenas os mais fortes fiquem para defender nosso povo. Isso é uma ordem!

Mariah prendeu os cabelos e retirou a espada da baia, outros renegados se aproximavam. Ela e mais vinte mestiços estavam prontos para atacar, alguns feiticeiros também tinham fincado os pés na batalha. Lis D'Blair projetou campos invisíveis em volta das cabanas onde as mães e crianças estavam. A mestiça ergueu a espada e correu para a matilha que se aproximava. Sua espada cruzou a boca cheia de dentes de lobo preto como a própria noite, ele salivava e se debatia contra a lâmina, ela escorreu por debaixo dele e montou em suas costas, cravando a espada entre o coração e a costela, o eliminando, o sangue pingava do metal e mais golpes foram deferidos em novos inimigos, os feiticeiros usavam a magia para retorcer os corpos das feras, enquanto os mestiços colocavam em prática tudo que aprenderam nos últimos meses. Mas, Mariah tinha um mal pressentimento, alguma coisa não se encaixava, por que Killian enviaria apenas lobos, sabendo que outros sobrenaturais estavam lá, por que os mandou em menor número. Ela olhou ao redor procurando por algo que respondesse sua dúvida. Foi então que olhou para o cemitério, um lobo arrastava as patas onde jazia Melina. Não fazia sentido algum. Ele era cinza grafite, com olhos castanhos e manchas amareladas, tinha uma cicatriz evidente no rosto. Ela golpeou mais um dos lobos e correu para o cemitério. Pronta para atacá-lo ela saltou tão alto que o sol brilhou pela última vez antes da noite cair. Quando desceu a espada acertou o chão, o lobo tinha desviado com uma velocidade fora do comum. Ele rolou e se transformou em humano novamente, os olhos ainda de fera.

- Ainda não fomos apresentados. Você deve ser a amiga da minha filha.

- Filha? - Mariah olhou rapidamente para o túmulo de Melina. E também se recordou da história de Frida, a filha bastarda que o cruel irmão de Bernard renegou. Era ele.

- Como ouse pisar no túmulo de sua própria filha!

- Eu vim visitá-la, não sabia que estava morta. É uma pena. - Não havia nenhum sinal de remorso ou luto no homem, estava vazio por dentro.

- Você não a merecia. - Mariah sentiu a escuridão a abraçar mais uma vez. Os olhos completamente pretos, as veias enegrecidas subindo seu corpo. - Vai pagar pelo que fez a essa família.

- Então os boatos são verdade. Você é a Herdeira? - Ele riu roucamente. - Confesso que esperava mais.

- Já chega.

Mariah largou a espada, e deixou seus poderes dominarem o corpo por completo. O lobo sorriu e levantou as mãos em trégua se virando e se transformando correndo para dentro das entranhas do Éden. Cega de ódio e rancor ansiosa pela verdade, ela correu também e começou a caça-lo estava gostando saboreando a morte pré determinada do maldito lobo. Em como queria arrancar-lhe as tripas com os próprios dentes. Em algum momento o perdeu de vista. Olhou para todos os lados, a boca seca, as mãos tremendo como se esperasse o jantar a meses. Estava insana, os cabelos pingando de suor. Ele surgiu do nada e a derrubou contra o chão pressionando as patas com garras contra seu peito causando-lhe ferimentos profundos, ela gritou de dor e liberou uma onde de calor contra o corpo dele que grunhiu mas não saiu de cima. Ela gritou mais uma vez quando ele fincou as garras em seu ombro até abrir fendas enormes. Mariah cuspiu sangue negro. Tentou quebrar as costelas dele, mas não conseguia se mexer direito. Foi quando pensou que o lobo comeria sua cabeça com a boca salivando aberta, que o mesmo inflamou como uma tocha acesa ele queimou e grunhiu, ela podia sentir sua dor cada músculo dela sentiu a pele do animal derreter e foi prazeroso. Ela o arremessou para longe, mesmo estando ferida. Quando viu que não conseguiria levantar, uma sombra parou em sua frente quando se abaixou, pode reconhecer os cabelos prateados e olhos vermelhos do vampiro. Era Pedro. Sua vista embaçou, ela não conseguiu se manter acordada. Sua mente abraçou o vazio. E não ouviu ou viu mais nada do que tinha acontecido.

[...]

O aroma familiar de chá de ervas e o atípico frescor daquela parte do Éden fez com que despertasse de um sono pesado, seus olhos se abriram lentamente se adaptando ao ambiente. Conhecia o quarto, lembrava como da última vez que estivera lá, na janela sino dos ventos soavam como uma melodia distante e antiga dançando com a brisa noturna. Se perguntava por que voltara ao território dos feiticeiros já que todos tinham se reunido nos territórios dos lobos. A porta se abriu e Pedro estava na entrada, usava uma camisa branca de algodão, calças pretas e botas habituais de caça, tinha cortado os cabelos prateados agora estavam mais curtos quase em um corte militar. Apesar de conhecer o rosto do homem por quem tinha se apaixonado, Mariah notou que alguma coisa tinha mudado. 

- Não deveria estar aqui. - Disparou se levantando da cama. 

- Há coisas maiores que meus erros Mariah. 

A mestiça franziu o cenho, lembrando-se dos campos, os lobos. 

- O que aconteceu? Precisamos voltar, a aldeia...

Pedro cruzou os braços, o rosto tenso e concentrado nela.

- Eles já foram. Já foram embora. 

- Como assim?

- Foi uma armadilha, eles não vieram tomar os Knowa. Precisavam te distrair, deixá-la ocupada, manter você longe. - Pedro deu um passo a frente. - Killian quer se auto transformar em uma aberração única, esse é o grande plano. Ele não quer só vingança, ele quer ser mais poderoso do que qualquer criatura que já existiu. Ele precisa de um filho de cada tribo, um sobrenatural de cada espécie. 

- Quem ele levou de nós? - Mariah temia a resposta. 

- Lia. 

O peito de Mariah pesou, suas mãos tremeram e o ar pareceu faltar. Lia era a mais forte dentre todos, tinha se tornado mais que uma companheira, era a luz que tinha recebido da amizade com Melina. Como pode deixar que a levassem como deixou sua fúria cegar seus instintos. Era tudo sua culpa. 

- Quantos ele já tem?

- Todos de que precisa, exceto, um feiticeiro. Mas os renegados tem muitos feiticeiros. 

- Não é tão simples. - Mariah respirou fundo. - Ele precisa dos filhos de Elys. Renegados foram expulsos não fazem mais parte daqui. 

- Então, ainda existe uma chance. 

- Sim. 

Mariah ouviu os sussurros que vinham doo fundo da sua cabeça, conspirando contra ela mesma, seu corpo estremeceu e tensionou o rosto mas seus olhos entregavam o que acontecia em seu pequeno caos interno. Pedro sem temor algum se aproximou e tocou o rosto da esposa, e seu toque foi como uma interruptor de terremotos, tudo cessou e ficou apenas o silêncio. Ele nada disse, apenas a beijou com saudade em cada gosto e olhar, ela retribuiu e segurou seus punhos recuperando fôlego ainda com a testa colada a dele e de olhos fechados disse. 

- Precisamos voltar. 

- Eu sei. 

- Está pronto para enfrentá-los?

- Estou. Com você eu sempre estarei pronto para qualquer coisa. - Mariah levantou os olhos e encontrou os dele, viu sinceridade em cada palavra. 

- Eu amo você. 

- Eu amo você. - Disse também Pedro a amada que se permitiu dar um leve sorriso. 


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