O RENASCER

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O ar voltou aos seus pulmões como se tivesse estado sufocada por uma década, mas agora correntes adornavam seu pescoço, pulsos e tornozelos, o Outro Eu ainda estava lá de pé como uma sombra, estava no nada, e um enorme espelho tinha sido erguido na sua frente. O vestido branco que Mariah usava estava manchado de sangue, havia sangue por toda parte, abaixo de seus joelhos, em seu rosto, sangue pingava de seus cabelos. Seu corpo doía bastante como se tivesse sido quebrada em pedaços, era exatamente como se sentida, quebrada e derrotada. Por que resistir aquilo, era pra isso que viera para morrer pela sua própria mão, era como deveria ser. Estava fadada ao mal que habitava dentro, não tinha como escapar. O outro eu, se ajoelhou na frente de Mariah e levantou seu queixo.

- Olhe, olhe para mim. Veja quem você é de verdade. Você virou o que nos espera. Viu o quão glorioso será. Você sentiu em seu coração, não sentiu? Eu o tive entre meus dedos e me deliciei com seu pavor.

Mariah mantinha os olhos fechados, respirava pesado, estava acordada, mas não se permitia dar ouvidos a sua sombra.

- Vamos, aceite ir comigo. Aceite me abraçar. E veja o quanto todo seu propósito é grandioso. Não lute em nome daqueles que irão te trai Mariah. Por que eles irão. Cada um deles. Já fizeram isso, você se lembra?

O outro Eu tocou as mãos na cabeça de Mariah e um zumbido invadiu seus ouvidos os fazendo sangrar. A visão correu sua mente. Quando Marcos no bar em sua simpatia a conduziu para uma morte lenta, quando Thomas a e entregou como prêmio a corte e foi condenada para a morte, quando Killian usou de sua boa fé para causar uma rebelião, quando seu próprio amor a traiu causando a morte de sua melhor amiga. Todos tinham conspirado contra sua vida. Todos a tinham traído. – Você está sozinha. Sempre estará. Pois aqueles que se aproximam a traem, e a magoam. Deixe que eles queimem sob o cântico da profecia, deixa a magia antiga tomar cada átomo de seu corpo. Seja minha Mariah.

Uma sombra poderosa tomou o corpo de Mariah, as marcas antigas tomaram seu corpo e brilhavam como sol sobre sua pele, ela abriu os olhos estavam completamente negros agora estava impecavelmente idêntica ao seu outro eu. Que sorriu satisfeito. Mas logo sumiu, quando a boca de Mariah abriu e brilhou como se uma lâmpada tivesse acendido, assim como seus olhos. Tudo estremeceu e as paredes do nada começaram a ruir, e quebrada, a se estilhaçar o corpo do Outro eu gritou e se curvou perante Mariah, suas correntes derreteram e ela se colocou de pé, o outro eu se transformou em nada evaporando nas sombras sumindo. Mariah urrou de dor mais uma vez, o poder corria suas veias, tinha libertado suas sombras e agora as marcas estavam ainda mais evidentes, seus olhos se misturavam em um tom violeta vivo com manchas douradas e negras. Uma luz emanou de seu corpo recuperado, o chão tremeu ainda mais e depois cessou. Completamente.

[...]

Sob um céu sem lua, e sem estrelas. Elys tinha sido tomada por uma guerra sem fim, entre os justos e os injustiçados. Não entre o bem e o mal, mas entre vidas corrompidas e vidas que não escolheram aquele destino. Muitos dos que saíram para batalha naquele entardecer não voltarão as suas famílias, muitos deixaram os filhos órfãos, ou talvez mulheres viúvas. É que na guerra, não se pode escolher quem vive e quem morre, não é um jogo que se pode recomeçar, vidas são vidas e estavam perecendo na escuridão daquela madrugada. Espadas subiam e desciam sobre cabeças, como juízes do novo tempo, como senhores da guerra infortuna, renegando suas próprias origens descendo a ladeira da escuridão para dançar com a morte enquanto do outro lado vemos a bravura de um povo que ama o coração de Elys e sente seu pulsar a cada tinir das espadas, a cada lufada de flechas lançadas, sente amor pelos estandartes da justiça e morre satisfeito com sua honrosa batalha, ainda sim são deixados para trás os que o amam, e esquecem de perder a esperança, ele não voltará, afinal, todos temos um encontro marcado com a morte.

A Herdeira Mestiça Where stories live. Discover now