SANGUE AZUL

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"Laços de sangue quebram paredes de ilusão"

Lucinda a poucos metros do cais, usando um casaco de pele de leão, seus olhos semicerrados para Thomas, enquanto o confuso e sedutor rapaz lhe contava o ocorrido. Que quando retornou ao castelo não tinha encontrado Mariah em canto algum, e das torres viu o clarão vindo do Lago, sabia que tinha algo errado, obviamente ocultou o momento do beijo.

-E porque a deixou ir!! Deveria ter mantido a ratinha sob sua vigilância, como os mundanos fazem com seus cães de estimação. – A irritação era nítida na pequena garota.

-Ela não é um animal de estimação. - Disse entediado Thomas.

-Vamos até lá. Preciso saber o que está acontecendo. - Declarou impaciente, e saiu pisando firme em direção ao Lago. Thomas veio logo atrás preocupado. Porém um, alivio passou por ele, ao ver o lago da mesma forma de sempre, brilhante e calmo. Lucinda olhava minuciosamente para tudo ao seu redor, e estava tão distraída que mal percebeu, uma figura emergir da água. Uma mulher roliça, com cabelos que eram tentáculos acinzentados como os de polvo, usava apenas um vestido longo bem decotado feito de algas, seus olhos eram vãos verdes como esmeralda.

-Milady Dorothea. - Thomas se aproximou da margem fazendo reverencia a Rainha do Lago.

-O que fez com Mariah? - Disparou Lucinda, sem meias palavras.

-Senhora perdoe Lucinda, mas o que queremos saber é. Se uma garota do nosso clã invadiu seus territórios ou se uma de suas filhas a viu.

A mulher o observou por um momento.

-Oh sim, a sua mais nova cria, ela invadiu sim os meus territórios, e acho que conhece a lei Sr. Avenue. Eu iria matá-la com todo prazer, não sinto mais do que desprezo pela sua espécie. -A voz de Dorothea era grave ao mesmo tom de uma cantora lírica.

-E você a matou!? - Lucinda deu um passo a frente e um jato de água banhou seu rosto e casaco.

-Da próxima vez que se dirigir a mim com petulância, a levarei para as profundezas até sua eternidade acabar. - Aquilo foi como uma lamina cortante.

Lucinda cerrou os pulsos e se calou.

- Milady responda. - Disse Thomas cauteloso. -A matou?

Houve um silêncio, Thomas estava na postura de um Lorde, mas por dentro temia como um menininho assustado.

-Infelizmente não, portanto a corte vampiresca resolverá o caso, do contrário, eu mesma resolverei. -Disse firme a mulher

-Então onde ela está? -Thomas se sentiu aliviado, mas algo na forma de Dorothea o fez pensar que mais ela não estava contando.

-Essa nova cria, não é comum, qualquer um de vocês jamais faria o que ela fez... -Ambos encararam a rainha. - A garota emergiu em luz, repeliu meu poder e resistiu as minhas armadilhas. Ela é mais poderosa do que pensam.

-Ela escapou. - Sussurrou Thomas para si mesmo.

-Ela não é comum, com certeza, não é. – Afirmou a mulher. – Avise a Lorenzo que da próxima vez, que isso acontecer, haverá guerra. E lembre a ele, que estamos em paz a muitas eras, não acha que seu Rei permitirá que uma ovelha desgarrada estrague tudo, não é?

-E isso é tudo? Não sabe pra onde ela foi? - Revirou os olhos a menina impaciente.

- Não. Agora saiam daqui. Imediatamente. – Ordenou a Rainha, fazendo uma saída dramática de volta as profundezas do Lago.

Houve um breve, silêncio entre Thomas e Lucy enquanto voltavam em direção ao Castelo Molfenter.

-Ela deve ter voltado para casa... -Disse Thomas indiferente. Lucinda o pegou pelo braço.

A Herdeira Mestiça Where stories live. Discover now