RECÉM CHEGADA

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O barulho da chuva, o vento chacoalhando, o bater das asas dos pássaros, o caminhar de algum predador. Aos poucos Mariah recobrou a consciência, não se sentia cansada, muito menos violentada. Ela olhou para o teto por alguns segundos, chegou a imaginar que tudo não passara de um terrível pesadelo que estava de volta ao hotel onde estava hospedada com Molly. Mas reparou nos detalhes do lugar estranho, o teto era feito de madeira nobre e haviam filtros do sonho pendurados dançando com o vento. Mariah estava num quarto amplo porém pouco mobiliado. Ela se colocou diante do espelho cumprido com moldura ao que parecia da antiguidade imperial. Seus cabelos estavam com um tom castanho mais vivo, e o comprimento era formado em cachos soltos, sua pele....notou, não tinha rubor ou calor do sangue pulsando, seu corpo estava pálido, seus olhos em tom escarlate brilhante e por fim colocou a mão sobre o lugar do coração. Um súbito pânico a dominou, não havia nenhum barulho somente um vazio onde antes as batidas pulsavam vibrantes.

-Finalmente acordou! -Com o susto, Mariah deu um salto para trás se encolhendo como um bicho contra a parede, de repente sentiu o gosto de sangue em sua boca, os caninos estavam afiados e longos ferindo o lábio inferior.

-O que você fez comigo? -Havia algo de errado com ela, podia sentir.

O rapaz estava vestido elegantemente, com sapatos de couro, e um terno preto que contrastava com sua pele pálida e seus cabelos cor de gelo.

-Eu? Eu a salvei. Quem fez isso com você já deve estar longe. É proibido atacar humanos sem motivo. -O garoto parecia entretido, olhava para ela como uma nova descoberta cientifica.

-Eu estava...tinha um cara, e depois eu perdi a consciência. - A voz de Mariah falhou, automaticamente colocou a mão no coração outra vez.

-Calma Srta. Graig. Eu lhe explicarei tudo.- Ele se sentou na poltrona de couro marrom, esperou até que a menina se recompôs e sentou-se a beira da cama. Havia uma ansiedade nos olhos dela que se fundiam com o medo.

-O homem que lhe atacou, não era humano de fato. Ele era um Vampiro.

-Mas que bobagem! – Soltou um riso nervoso.

-Então explique estar viva, mas suas veias parecem se rasgar como cacos de vidro sob a pele, uma poça de sangue inundava seu corpo quando a encontrei, como poderia estar respirando? Como explica seus caninos e a velocidade com que se moveu? - Ele arqueou uma sobrancelha. A menina ficou em silencio por alguns minutos.

-Ele era um Vampiro, na verdade um dos melhores soldados de Payne. Ele não a matou, ele a transformou. Por algum motivo, escolheu você. Agora é uma de nós.

-Nós? - A voz ecoou em sua mente. -Então Você também é um monstro sanguessuga?

-Lembre-se que foi eu quem a salvei. E agora é igual a mim - A voz do rapaz era calma, porém forte e imponente. Não havia sinais de emoções nele, assemelhava-se a gelo.

-E como me encontrou?

-Senti o cheiro do seu sangue

Quando viu que a menina não se pronunciou, Continuou. -Você estava jogada na lama, paralisada. Eu achei que estava morta, mas quando se contorceu e gritou pude ver a mordida, então soube que estava se transformando. Por isso a trouxe para cá.

-E onde estamos? - Mariah olhou ao redor.

-Estamos perto do mar, as margens de Ibiza, esta cabana é da minha família.

-Molly! - Mariah espantou-se ao lembrar-se da amiga. -Preciso encontrá-la. - Seguiu para a saída, mas o rapaz bloqueou a passagem.

-Não pode. –Alertou.

-Como não posso! – A irritação estava claro em seu rosto.

-É dia. - Disse ele, e ela olhou para o céu que brilhava com o sol escaldante.

A Herdeira Mestiça Where stories live. Discover now