BAILE DE OURO

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A noite chegou depressa cobrindo o céu de estrelas e uma lua minguante, o vento frio tinha parado e agora o ar estava abafado. No jardim de ouro como foi chamada, a decoração era regada de flores e frutos, tudo em grande abundância e beleza. O povo élfico já começava a adentrar os grandes portões, todos tinham sido convidados. As luzes amarelas flutuantes deixavam todo o ambiente ainda mais agradável.

Miriel estava na janela de seus aposentos e olhou para a multidão lá embaixo.

- Eles chegaram cedo este ano. – Comentou.

- Devem estar tão contentes quanto nós. – Arwen terminava de arrumar seu selathemar.

- Ou estão curiosos. – Miriel voltou para dentro.

- Você está estranha Miriel, o que há com você?

- Acha mesmo necessário fazer esse joguinho com eles?

- Não sei do que está falando.. – Arwen desviou o olhar.

- Eu conheço você, querido. Acho que deveria ouvi-la. A mestiça.

Arwen se aproximou de Miriel e gentilmente tocou seu rosto.

- Essas profecias, mexem com a sua cabeça. Mas, aquela garota não é quem diz ser. Acredite em mim, Miriel.

- Eu acredito em Lilian. – Retrucou a rainha.

O Rei elfo cerrou os punhos, pronto para rebater a audácia da esposa. Mas, um elfo entrou no quarto.

- Meus senhores, estamos prontos.

Arwen respirou fundo e acenou para que o elfo saísse. Voltando a se aproximar de Miriel.

- Vamos ver como os amigos de Ártemis se comportam essa noite, e talvez, talvez eu os ouça.

Miriel assentiu suspirando de alívio.

- Agora, vamos, estão nos esperando.

[...]

No quarto das garotas, Lia estava de frente ao espelho sem acreditar nos próprios olhos, as servas do palácio tinham deixado lindos vestidos de seda para elas. O de Lia era dourado, com detalhes em bronze, além das joias que enfeitavam seus pulsos e pescoço.

- Uau! Você está deslumbrante prima. – Comentou Melina que estava sentada na cama, também pronta, os cabelos presos com pedras preciosas aqui e ali pelas mechas, um vestido longo com uma fenda no tom cereja acentuava suas curvas.

- Ainda prefiro calças e botas, mas isso vai servir. – Lia riu após a declaração. Se virando para Melina. – Cadê essa garota? Ela está no banho há um século.

- Ela deve estar se arrumando. Temos tempo.

Lia sentou-se ao lado da prima.

- Isso me lembra da época do baile de inverno. – Melina deu um leve sorriso. – Claro que não tinha um terço desse luxo.

- Como é viver lá fora? – A voz de Lia saiu baixa.

- É, complicado. – suspirou.

- Quando você foi embora, éramos crianças. Tínhamos doze anos e... – Lia tentava espantar os pensamentos do dia em que Lion foi levado. – Eu só, senti sua falta. Onde esteve? Por onde andou?

- Quando meu pai foi expulso da aldeia, e a mamãe morreu. Eu não conseguia continuar aqui. Eu desejei ser normal. Não queria jamais, me tornar como...como o meu pai.

Eu era uma criança andando pelas ruas da Pensilvânia, sem conhecer uma alma se quer. As primeiras semanas foram terríveis. Até que eu conheci um homem, um caçador. Ele não me matou porque precisava de mim, ele me usou e eu não lembro de muita coisa. Só que acordei, no meio de uma pilha de corpos, e a policia chegando e me tirando dali. Pensei que seria meu fim, Lia, depois de todas as histórias de que os humanos são tão monstros quanto nós....eu...

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